Por Serafim Arruda

A vida do negro em nosso país foi e continua sendo muito difícil, estamos mascando granitos desde a retirada de nossos antepassados no continente africano até nossos dias. E muitos ainda sem compreender a Lei Áurea.

Prego a esperança
E o faço todos os dias
Para quem sonha com
Uma sociedade melhor
Não dá pra se viver sem
Pensar na REVOLUÇÃO
Temos que revolucionar
Corações e mentes
Nunca deixe de sonhar
Mas também é necessário lutar.

Sigo plantando a esperança
Na aurora das manhãs
Assim como no por do sol
De cada dia
Com cuidado não deixo de
Regar com a mistura de
Alegria e sonhos,

Precisamos crescer, mas
Sem deixarmos de ser criança
Sem deixar de sonhar

Meu coração não
Tem medo da chuva
Navega ao sabor dos
Sentimentos e da razão
Sem medo da chuva
Que sonha com

Eu não tenho medo da chuva
Mas tenho tempo pra sonhar
Guiado pela esperança
Encontro a coragem pra lutar

Deixa seu sorriso
Iluminar meus passos
Sua voz à perfumar
Meus dias, pois necessito de
Tseus braços
Para aquecer meu coração

Não sei…
Mas se existem outras vidas
Mas como te amo desde sempre
Te conheço desde então…

No início da invasão Portugal não tinha trabalhadores para a realização de trabalhos braçais. Então os portugueses escravizaram os donos da terra, mas estes tinham a proteção Santa Madre Igreja. A saída foi escravizar os negros em sua colônia. Assim começa a historia de suor, lágrimas e sangue.

Falar sobre a vida dos negros no Brasil, é desnecessário pois, todos nós sabemos apesar de muitos não aceitarem, e não querer ouvir o grito dos afrodescendentes.

Durante um longo período os negros lutaram sozinhos nas senzalas, nos canaviais, contra capitães do mato e feitores. Mas em um dado momento a luta foi transferida para o parlamento. Isso acontece na segunda metade do século XIX com movimento abolicionista, que defendia a abolição da escravidão no Brasil. Joaquim Nabuco foi um dos principais abolicionistas deste período.

Em 1850, tivemos o fim do tráfico de escravos para o Brasil. Duas décadas depois em 28 de setembro de 1871, veio a Lei do Ventre-Livre. Esta lei tornava livres os filhos de escravos que nascessem a partir da promulgação da lei. Começou então o abandono de crianças em nosso país.

Já em 1885, aprova-se a lei Saraiva-Cotegipe (Lei dos Sexagenários) que beneficiava os negros com mais de 65 anos de idade. Os que conseguisse viver até essa idade estariam livres e assim como as crianças também abandonados

Finalmente em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que a liberdade total e definitiva finalmente foi alcançada pelos negros brasileiros. Assinada pela Princesa Isabel (filha de D. Pedro II), abolindo a escravidão em nosso país.

A “liberdade” surgiu, mas sem a sonhada igualdade, pois no dia 14 de maio de 1888, a maioria absoluta dos negros que comemoraram a liberdade no dia anterior estavam desempregados e renegados a própria sorte. Cenário que não mudou com o golpe militar de 1889 – também conhecido como proclamação da república.

Vadiagem passou a ser crime e a chibata instrumento de tortura dentro da Marinha do Brasil, comandada por descendentes dos senhores da casa grande. Tudo que era coisa de preto: samba, capoeira, cultos religiosos é alvo de repressão.

Assim como nos tempos da escravidão em que a organização acontecia nos quilombos a negritude se organizou em entidades sociais, via igrejas – com as chamadas irmandades, bem como criou seus meios de comunicação. Das entidades sociais destacamos a Frente Negra Brasileira, Frente Negra Brasileira, uma das primeiras organizações no século XX a exigir igualdade de direitos e participação dos negros na sociedade do País. A organização desenvolvia atividades de caráter político, cultural e educacional, coma realização palestras, seminários, cursos de alfabetização, oficinas de costura entre tantas outras. Encerrou suas atividades em 1937, no Estado Novo de Getúlio Vargas, que acabou com partidos e as associações políticas.

A “reorganização” do movimento negro no Brasil só voltou a acontecer de forma eficaz, em 1978, com o Movimento Negro Unificado, organização que se estruturou em um protesto pela morte de um jovem negro na cidade de São Paulo.

As lutas da comunidade negra foram se sucedendo e hoje existe temos as chamadas políticas afirmativas de inclusão, mas as dificuldades dos negros e não brancos continuam.

Segundo levantamentos, um negro no Brasil ganha, em média, a metade da renda de um branco. É o que mostra estudo divulgado pelo escritório brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE).

Os dados revelam ainda que a experiência de vida de uma pessoa com a cor da pele negra é mais difícil do que a de quem tem a cor branca em todos os sentidos. Os negros também vivem menos, estudam menos e moram em casas com infraestrutura pior.

No país da chamada “democracia racial” o preconceito, o racismo e até mesmo a intolerância, fazem parte de nossos dias, e só é sentida pelas vitimas que em muitos casos, são acusadas de racismo. Por este crime ser praticado de forma velada. Ou mesmo por não serem denunciados até mesmo pela morosidade na apuração e julgamento dos mesmos.

*Sempre me posicionei contra as cotas, por acreditar que é um paliativo, onde o estado assume que possui uma divida com o “povo negro” e nos dá uma migalha para calar a nossa boca. E que se tivéssemos ensino de qualidade no país não seriam necessárias, e finalizando, as cotas não se estendem ao mercado de trabalho.

Serafim Arruda, é servidor publico municipal, diretor do Sindicato dos Servidores Municipais, foi dirigente da União Cultural Negra de Botucatu, é sindicalista e militante dos direitos dos Afrodescendentes de Botucatu