Quem a vê toda branca e com seu pórtico tãotão suntuoso, nem imagina como vai ser adentrá-la.
Sabem o visual de “O Nome da Rosa” e de “O Corcunda de Notre Dame”? Então.
Toda escura e soturna, tem muito do Deus Castigo para os Pecadores que tanto terror me causou na infância. Como eu tinha medo do inferno. Mal poderia acreditar, se me contassem, que o Inferno é aqui mesmo e que somos nós, e não Deus, que o trazemos pras nossas vidas.
É uma construção que começou no séc XIII e foi até o séc XV.
Nasceu como a Casa Mãe da Igreja Algarvia, após a conquista cristã sobre os árabes.
Existia a dúvida sobre qual dos Afonsos a mandou construir. Teria sido o X, de Castela? Ou o III, de Portugal?
Daí, num momento da idade média qualquer, encontraram a lápide que da conta que, quem a mandou construir, foi Domingues Joanes, Cônego da Sé.
É que Afonso, o III, de Portugal, deixou em testamento mil liras pra essa obra. Mil liras muito bem usadas, posso afirmar.
Mesmo soturna total com seu estilo interior totalmente gótico, é considerada o templo mais notável do Algarve sob o ponto de vista arquitetônico. É toda construída com o grés de Silves e com madeira cedro.
Tão escura que não consegui nenhuma boa foto das inúmeras lápides, que se alternam com as largas tábuas de todo o piso da igreja. Incríveis lápides de pedras brancas, talvez um tipo de granito fosco, não descobri; lápides gravadas no cinzel, grosseiramente, numa língua portuguesa com latim, muiiiiito diferente. Gostei bastante.
Tem colunas imponentes e um arco magnífico na capela mor.
Tem várias capelas: do Senhor dos Passos, do Senhor Jesus/Calvário, de N.Sra de Fátima, dos Evangelistas e do Santíssimo Sacramento. Também tem as capelas particulares, das famílias abastadas, com suas urnas funerárias que me levaram às cenas de Romeu e Julieta, em meados dos anos 1970, no Cine Casino.
E tem uma imagem lindinha em madeira policromada, da qual nada se sabe, além de ser a memória viva da devoção a Mãe de Cristo nesta Catedral, dedicada também a Santa Maria, Paróquia de N.Sra da Conceição.
Foi uma aventura muito especial.
Viajei com minhas memórias do Santa Marcelina, do curso pra primeira comunhão, memórias literárias e cinematográficas. Muito bacana.