Vista aérea da Ria Formosa com o mar no horizonte. Fonte: Algarve Bird Watching.
por Lilian A. Krug
O Algarve, sul de Portugal, é popularmente dividido em duas regiões: A Barlavento (ocidental) e a Sotavento (oriental). A terminologia, emprestada da náutica, relaciona-se à incidência de vento, sendo a primeira região, a mais exposta a ventos de grande intensidade. Com uma extensão aproximada de 160 km, a costa sul do Algarve é bastante distinta entre estas duas zonas. Na região do Sotavento, abrigada das intempéries do oceano, as condições do mar são mais calmas e a temperatura mais amena. No Barlavento, a exposição ao oceano Atlântico e aos ventos fortes, causa agitação marítima e temperaturas mais baixas.

Para saber mais:
http://www.turismodoalgarve.pt/home.html
http://pt.algarve-portal.com/
http://www.visitalgarve.pt/
https://issuu.com/turismo_algarve/docs/rotas_e_caminhos_do_algarve_pt

As formações costeiras são igualmente contrastantes: a costa do Sotavento tem litoral arenoso e é majoritariamente composta pela Ria Formosa, uma área lagunar (aqui chamada de sapal), periodicamente alagada pelas marés. A Ria é uma área rica em aves marinhas, sendo um destino mundialmente conhecido para observação de aves. Por servir como área de reprodução de peixes e outros organismos marinhos, também é uma zona rica em recursos, com atividade extrativista, especialmente de pesca, aquacultura e extração de sal.
Dado o seu valor, desde os anos 80, a Ria Formosa é uma zona de preservação ambiental, isto é, sua conservação é garantida por lei. A Ria Formosa é protegida da agitação do mar por ilhas-barreira, bancos de areia que têm uma dinâmica intensa de movimentação, e penínsulas (ilhas ligadas ao continente por um braço de areia).
O turismo balnear (a “prainha” nossa de cada dia) na zona do Sotavento dá-se nestas faixas de areia, poucas, como a península da praia Faro, tem-se acesso direto. Nas ilhas, o acesso se dá por barcos, cuja travessia por si só é um atrativo. Alguns dos locais mais procurados e recomendados são a Ilha da Barreta (ou da Deserta) e a Ilha de Tavira.
Já a costa da região do Barlavento, especialmente entre os municípios de Aljezur e Lagoa, é conhecido como o Algarve Rochoso, pois a configuração costeira é caracterizada pela presença de grandes falésias (aqui também conhecidas como arribas). As falésias são entrecortadas por praias e grutas, e na costa sul possuem colorações amareladas e avermelhadas. As falésias sofrem ação de processos variados, mas em especial, da erosão marinha e eólica, causadas pelo mar e pelo vento, respectivamente.
A composição sedimentar destas falésias, somadas a alta intensidade erosiva as torna pouco estáveis, o que permite a formação de grutas como a famosa e belíssima gruta de Benagil, considerada pelo jornal britânico The Guardian, uma das “Dez maravilhas naturais do mundo… das quais você provavelmente nunca ouviu falar”. Um dos principais atractivos turísticos da costa do Barlavento é justamente os passeios de barcos entre as grutas. Também pode-se alugar caiaques para garantir maior adrenalina. O acesso a maior parte das praias do Barlavento dá-se por escadarias e passadeiras de madeira que limitam o turista a permanecer nas áreas mais seguras e estáveis das falésias, além de adicionar uma beleza cênica extra.
Por fim, na costa oeste do Algarve, encontra-se a Costa Vicentina, de características costeiras tal e qual a costa sul do Barlavento, porém com falésias de material mais estável e rochoso. A sua orientação geográfica (Norte-Sul) e o típico regime de vento nesta mesma direção proporcionam a esta zona a condição ideal para a prática do surf. Zona de proteção ambiental juntamente com o Parque Natural do Sudoeste Alentejano, a Costa Vicentina atrai muitos turistas apreciadores de surf, caminhadas e acampamentos.
Como se vê, a beleza natural da sua costa por si só já é um forte convite para visitar o Algarve. Alia-se a este fato, a beleza do seu interior, a riqueza cultural, gastronômica e histórica, tão bem testemunhada e ilustrada na série de postagens da Andrea Morato, que assina esta coluna. O Algarve é diversão garantida para todas as idades, gostos e bolsos. Não há falta de atrações e experiências. O mais difícil de se visitar o Algarve é, com certeza, partir.

Sobre a autora:  Lilian A. Krug é Oceanógrafa brasileira, reside em Faro, onde está concluindo seu doutorado em Ciências do Mar, da Terra e do Ambiente na Universidade do Algarve.