Se você é um dos que acha desagradável comer frutas com sementes – como é da natureza – certamente vai ficar feliz com uma pesquisa de transgênico que elimina o reprodutor natural da espécie, que está sendo feita no Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, no tomate.
Para agradar esses ‘paladares’, o mercado já tem oferecido ao consumidor produtos sem sementes, como a uva e a melancia. Agora, talvez tenha chegado a hora do tomate, matéria prima de um estudo conduzido por Eder Marques da Silva, biólogo com mestrado e doutorado pelo Instituto de Biociências (IB) da Unesp Botucatu.
A descoberta ocorreu durante experimentos em cima do papel de um microRNA específico, chamado “microRNA159”, responsável por modular a produção de proteínas em plantas e animais.
O trabalho científico, publicado no último mês de julho pelo “The Plant Journal” [O Jornal da Planta], da Society for Experimental Biology [Sociedade de Biologia Experimental], demonstrou que quando estas pequenas moléculas são induzidas a planta deixa de necessitar da etapa de fertilização, o que gera um fruto transgênico.
“Em geral, quando a flor não é polinizada, ela não é apta a gerar o fruto. Nosso trabalho demonstrou que quando o microRNA159 é induzido, a planta de tomateiro é capaz de frutificar mesmo quando não é polinizada. Assim, ela produz frutos sem sementes (frutos partenocárpicos)”, explica Silva, que atualmente tem dado continuidade a suas pesquisas como pós doutorando na Esalq/USP, em Piracicaba.
“A quebra deste processo pode facilitar tanto a produção, como também o processamento industrial do tomateiro. Além disso, os frutos gerados pela indução do microRNA159 não possuem alterações morfológicas, o que pode torná-lo ainda mais atrativo para o consumo. Nosso trabalho tem potencial para ser aplicado no campo, inclusive em outros tipos de cultura, como o maracujá, porém isso ainda está no início”, complementa.

(com assessoria)