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Evento discutiu politicas e meio ambiente envolvendo unidades da Unesp de Bauru e Botucatu , alem de convidados de diversas universidades - Foto Divulgação

O Departamento de Educação do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu e o Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental (Gepea) do Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência da Unesp de Bauru, promoveram, no último dia 31, evento que estimulou reflexão sobre o tema política e educação ambiental.

Integraram a mesa de debate, que ocorreu no Sebrae de Botucatu, a docente Eda Tassara, que atua como orientadora em programas de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP); Carlos Rodrigues Brandão, professor emérito da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e que desenvolve estudos na área de Antropologia; e Marcos Sorrentino, docente do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da USP.

Para Eda, vivenciamos atualmente algumas desconstruções acríticas. “O que nós estamos assistindo é uma desconstrução das raízes, das memórias, uma desconstrução do passado, de uma forma, terrorista porque não é aquilo que a desconstrução crítica apresenta”, expôs.

A debatedora também disse considerar importante uma educação ambiental contextualizada. “Uma educação ambiental que não for política, não terá sucesso. E ela será política na medida em que ela propiciar esse debate, esta crítica. A crítica, na verdade, começa por entender quem sou eu ser histórico”, comentou. “Uma educação ambiental neste momento que nós estamos passando, ela tem que contribuir para construção identitária do sujeito”, acrescentou Eda.

Ainda segundo ela, essa identidade seria a de raiz, de civilização global, cultural. “A democracia e a crítica são duas faces essenciais de uma educação ambiental voltada para a criação de um outro homem, humanizado nas relações”, ressaltou.

O professor Brandão, em diversos momentos, relacionou a temática abordada ao ponto de vista antropológico. A necessidade de valorização de elementos naturais e de comunidades foi um aspecto enfatizado pelo docente.

“Índios, quilombolas, camponeses vivem, ou há milhares de anos como os índios, ou então há centenas de anos em suas comunidades e, há séculos, e deixaram a natureza do Brasil quase intacta e, nós – os ocidentais brancos – detentores da ciência acadêmica, somos aqueles que em boa medida, participamos do mundo dos que destroem a natureza”.

Brandão acredita que na construção das consciências ambientais deveriam ser consideradas ações que não se baseiem predominantemente no pensamento de detentores do poder e dos que dominam o conhecimento.

“Não terá chegado o momento de nós paramos um pouco de ouvir o que vem do centro e o que vem do alto e aprendermos a pensar com a fineza, inclusive vivenciada do que vem da periferia – não só periferia de Botucatu ou do mundo rural, mas da periferia da vida?”, questionou. “Será que a nossa cosmovisão tão precisamente científica, no correr da vida cotidiana, tem mais valor que uma cosmovivência indígena?”, acrescentou Brandão.

Sorrentino ao fazer uso da palavra ponderou sobre elementos que ele considera importantes em relação ao tema. O questionamento ao momento político, social e econômico vivenciado atualmente com o intuito de ultrapassá-lo foi uma de suas abordagens.

Sorrentino salientou a importância de que os trabalhos político-ambientais não sejam pontuais, baseados em modismos, por exemplo. “O compromisso desse ideário de construção de sociedades sustentáveis, ele precisa estar no nosso diálogo cotidiano”. (da assessoria)