Desde novembro de 2015, na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu, está em execução o projeto de pesquisa “Compostagem do lodo de esgoto: avaliação do processo, do produto gerado e dos custos (Fapesp-Sabesp-FCA)”, sob a responsabilidade do professor Roberto Lyra Villas Bôas, do Departamento de Solos e Recursos Ambientais da FCA.
O Fertilizante Orgânico Composto Classe D, de acordo com IN nº 25/2009, não pode ser utilizado em pastagens, cultivo de olerícolas, tubérculos e raízes e culturas inundadas, bem como em demais culturas cuja parte comestível entre em contato com o solo. A aplicação deve ser feita com equipamentos mecanizados e durante o manuseio devem ser utilizados equipamentos de proteção individual (EPI).

 

O projeto visa contribuir com a viabilização do uso do lodo de esgoto como fertilizante em áreas agrícolas e florestais, através da compostagem, de forma a garantir um produto seguro, rico em nutrientes e matéria orgânica, de baixo custo de produção e baixo impacto no ambiente, dentro dos padrões exigidos pela Legislação Brasileira.
O projeto surgiu da necessidade da Sabesp em obter alternativas de tratamento e utilização do lodo de esgoto oriundo de estações de tratamento de esgoto (ETEs), que têm como destino final, quase sempre, os aterros sanitários.
A disposição em aterros não é a melhor opção, pois a legislação, a partir de 2014, obriga a deposição em aterros específicos, portanto mais caros e certamente mais distantes dos pontos de produção.
Além disso, o lodo de esgoto contém alta umidade e gera lixiviado necessita de contenção e tratamento. Por fim, o lodo de esgoto contém matéria orgânica e nutrientes que podem ser aproveitados em áreas agrícolas e florestais como fertilizante, substrato e/ou material orgânico para recuperação de áreas degradadas.
O uso do lodo em área agrícola já foi realizado por algumas ETEs. No entanto, a partir de 2011 quando as Resoluções Conama nº 375 (29/08/06) e nº 380 (31/10/06) entraram em vigor, houve grande dificuldade das ETEs cumprirem os limites de tolerância para indicadores de patogenicidade para os lodos Classe A, principalmente análises de vírus.
Uma alternativa encontrada para o uso na agricultura do lodo de esgoto é enquadrá-lo como Produto Fertilizante Orgânico Composto Classe D, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O lodo de esgoto ao ser misturado com uma fonte de carbono permite a elevação da temperatura, o que possivelmente diminuirá e/ou eliminará os organismos patogênicos.
O projeto desenvolvido na FCA é dividido em cinco subprojetos, onde são estudadas alternativas de resíduos agrícolas e florestais como fonte de carbono, a possível eliminação dos patógenos pela elevação da temperatura, a produção de substrato a partir do composto gerado, a melhoria da qualidade do composto com enriquecimento de fósforo e possível solubilização de fosfatos naturais no processo, e o custo de produção e a estimativa de transporte e aplicação do lodo compostado em área de reflorestamento na região.
O estudo é desenvolvido no pátio de compostagem da ETE Lageado da Sabesp, localizada na Fazenda Experimental Lageado, sede da da FCA, onde foi instalada uma estufa de compostagem de 1.024 m2. O projeto de pesquisa faz parte de um Programa Parceria para Inovação Tecnológia (Pite – Fapesp), com vigência de três anos. Nesse período, serão gerados dois relatórios de pós-doutorado, duas teses de doutorado e sete dissertações.

(com assessoria |Foto divulgação)