O departamento de Recursos Humanos vive uma nova fase, marcada pela transição de um modelo centrado em ferramentas de gestão, humanização do negócio e experiência do colaborador para o conceito de RH Extraordinário. Neste novo paradigma, processos e ferramentas de gestão de pessoas deixam de ser o fim, passando a ser o meio para alavancar resultados tangíveis e impacto real nos negócios.
Estudos da Gallup mostram que empresas que trabalham o engajamento conseguem aumentar a produtividade em até 18% e reduzir a rotatividade em até 25%. Esses resultados refletem a oportunidade de o RH não ser apenas um consultor do negócio, mas um motor de transformação organizacional, capaz de gerar resultados financeiros e fortalecer a cultura corporativa.
Apesar dessa necessidade crescente, o discurso tradicional de RH ainda gira em torno da humanização e do cuidado com as pessoas, enquanto o impacto direto sobre os resultados da empresa permanece subjetivo e, na maioria das vezes, não consegue ser mensurado financeiramente pelos profissionais da área. Como destaca Rafael Giupponi, CEO da InCicle e principal autoridade no conceito de RH Extraordinário:
"O RH estratégico foi um passo importante, mas ficou no passado. Ele se achou estratégico porque passou a participar, porque as pessoas confiavam nele. Mas, no fundo, continuou operando com uma visão assistencialista, preocupado apenas em cuidar das necessidades das pessoas e não em gerar resultados reais para o negócio. Quando digo ‘reais’, falo em resultados mensuráveis", explica Giupponi.
Ele também observa que, no Brasil, o RH ainda carrega uma herança emocional muito forte. "É um RH que se vê como o porta-voz das pessoas, quase um psicólogo da empresa. Ele cuida de questões familiares, de relacionamento entre colaboradores e líderes, aconselha, acolhe. Muitos se sentem bem-sucedidos quando a sala está sempre cheia, porque acreditam que a confiança das pessoas é o sinal de um bom trabalho. Mas o papel do RH não é ter uma sala cheia, é ajudar as pessoas e gestores a alcançarem todo seu potencial".
É exatamente aí que começa o ponto de virada entre o RH estratégico e o RH extraordinário. O primeiro se limita a aplicar ferramentas, avaliações e pesquisas que, embora importantes, raramente estão conectadas às metas do negócio. Já o segundo conecta a visão da empresa às necessidades de desenvolvimento das pessoas, fazendo com que cada colaborador evolua na direção dos resultados que a organização busca.
"O RH extraordinário ajuda as pessoas a atingirem o máximo do seu potencial para que a empresa chegue onde quer. Se a visão é dobrar de tamanho em um ano, então é papel do RH entender, além das competências e treinamentos, quais processos e programas são necessários para isso. A avaliação de desempenho, nesse contexto, não serve para rotular, mas, alinhadas à expectativa de futuro da empresa com aquele colaborador, ele tem ou não as características necessárias para esta entrega futura. Na maioria das empresas, a avaliação é subjetiva e o PDI, "copia e cola", e ainda vai para a "gaveta"", diz.
Ele explica que o RH Extraordinário tem a avaliação e o PDI somente como uma ferramenta; o objetivo e a forma de medir a eficácia é o resultado esperado para aquele colaborador, está sendo alcançado ou não. "RH Extraordinário, não tem foco nas ferramentas, e sim nos resultados da organização; as ferramentas são um meio e não o fim, o fim é o resultado do negócio".
No modelo estratégico, o RH costuma funcionar como uma prateleira de produtos, com soluções prontas que são aplicadas quando o gestor solicita. "É como uma farmácia. O líder pede uma vaga, uma pesquisa de clima ou um treinamento, e o RH entrega. Mas ele não mede o impacto real daquilo nos resultados. Já o RH extraordinário trabalha com métricas de negócio. Ele não se contenta em aplicar uma ferramenta, ele quer saber se o desempenho esperado foi alcançado e, caso não tenha sido, identifica exatamente onde está a falha", pondera o especialista.
O exemplo mais claro dessa diferença está na avaliação de período de experiência. No modelo estratégico, o RH envia um formulário padrão para o gestor dizer se o novo colaborador deve ou não continuar. No extraordinário, o olhar é completamente diferente. O ‘formulário’ vai medir se os resultados esperados para aquele colaborador no final dos três meses foram alcançados. Se o colaborador é um vendedor, por exemplo, o RH analisa se ele atingiu o número esperado de clientes atendidos ou de vendas realizadas nos três primeiros meses.
"Se não atingiu, o foco não é apenas avaliar o colaborador, mas entender o que falhou: O onboarding foi ineficiente? A trilha de treinamento não estava completa? Faltou um mentor local? A partir dessas respostas, o RH corrige os processos para que o próximo ciclo traga o resultado esperado. Isso é ser extraordinário, usar as métricas do negócio para aprimorar os próprios processos de gestão de pessoas", afirma.
Outro ponto fundamental é o papel consultivo. Enquanto o RH estratégico atua como suporte, o extraordinário atua como consultor interno, ajudando líderes e equipes a atingirem suas metas. "O RH extraordinário entende de negócio. Ele fala a língua dos resultados. É quem ajuda a liderança a construir processos, motivar, gerenciar e engajar o time para alcançar os objetivos de cada setor", detalha Giupponi.
Foi com essa visão que ele criou a InCicle, uma plataforma desenvolvida para ajudar o RH a sair do papel de executor e se tornar protagonista. "Como executivo de RH, sofria da mesma dor que meus colegas. Que ferramenta utilizar para me ajudar neste processo? Percebi que nenhuma ferramenta do mercado ajudava o RH a chegar nos resultados. Elas apenas ajudavam a fazer pesquisas, avaliações e relatórios, mas não mostravam onde isso estava sendo levado. A InCicle nasceu para mudar esta realidade, com sistemas de planejamento, organização e metodologia ágil, que fazem o RH ser realmente extraordinário e parte do negócio".
O futuro do RH brasileiro depende dessa transformação. "O RH estratégico se encantava com as próprias ferramentas. O extraordinário entende que elas são apenas um meio. O extraordinário é o RH que entende que o resultado vem por meio das pessoas. Ele não apenas inspira, ele transforma", conclui.














