A Estrada de Ferro Sorocabana completa 150 anos em 2025 e relembra um legado que ajudou a moldar o desenvolvimento de Botucatu e de dezenas de cidades paulistas, conectando pessoas, impulsionando a economia e transformando a ocupação do interior do Estado.

Inaugurada em julho de 1875, a ferrovia foi decisiva para o crescimento urbano, industrial e agropecuário da região. Botucatu integrou um dos trechos estratégicos da linha tronco da Sorocabana, que chegou a ultrapassar 800 quilômetros de extensão, ligando a capital paulista a Presidente Epitácio, no extremo oeste do Estado.

Inicialmente projetada para o escoamento do algodão, a ferrovia rapidamente passou a transportar café, mercadorias e passageiros, fortalecendo o comércio regional e contribuindo para a integração do interior com a capital e o litoral. Para Botucatu, a presença dos trilhos significou crescimento populacional, surgimento de novos bairros, geração de empregos e maior circulação de produtos e pessoas.

Ao longo de sua história, a Sorocabana atendeu municípios estratégicos como Barueri, Mairinque, Sorocaba, Iperó, Boituva, Botucatu, Avaré, Ourinhos, Assis, Presidente Prudente e Presidente Epitácio, além de ramais importantes que conectavam o interior paulista ao Paraná e à Baixada Santista. Esses eixos ferroviários foram fundamentais para o escoamento da produção agrícola e industrial do Estado.

Parte significativa da malha foi desativada ao longo dos anos. O trecho entre Presidente Epitácio e Ourinhos deixou de operar no início de 2001, enquanto, mais recentemente, em 2024, a circulação de trens entre Ourinhos e Londrina também foi suspensa. Apesar das mobilizações históricas, muitos trechos permanecem abandonados.

A história da Sorocabana também é marcada pela luta dos trabalhadores ferroviários. Desde o fim do século XIX, os profissionais enfrentaram jornadas extensas, baixos salários e condições precárias. A partir de 1897, surgiram as primeiras entidades de auxílio mútuo, que mais tarde evoluíram para movimentos reivindicatórios e greves históricas entre 1914 e 1919, culminando na transferência da ferrovia para o controle público.

O Sindicato dos Ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana foi fundado em 1932 e se tornou uma das maiores entidades sindicais da América do Sul. Após períodos de fechamento e reorganização, deu origem ao atual Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, oficialmente reconhecido em 1974 e que completa 50 anos de existência formal.

Atualmente, a antiga malha da Sorocabana está sob diferentes administrações e usos. Trechos são operados por empresas privadas para transporte de cargas, enquanto outros passaram a integrar sistemas de transporte metropolitano e rodoviário. Mesmo com as mudanças, a ferrovia permanece como símbolo de desenvolvimento e resistência.

Em Botucatu, os trilhos da Sorocabana seguem como parte da memória urbana e da identidade local, lembrando um período em que o transporte ferroviário foi protagonista do progresso regional. Para trabalhadores, historiadores e moradores, os 150 anos da ferrovia reforçam a importância de preservar esse legado e de manter viva a discussão sobre o futuro do transporte ferroviário no Estado e no país.