Dia 247

Sábado, dia 245.
Dei um pega na casa.
Ainda me adaptando aos novos armários.
Diego telefonou, muita alegria!
Missão dada, missão cumprida, filho Lucas.
Fui treinar, 51 minutos no km e meio de crawl.

Com os amigos, fomos no Fer, que está arrasando nas vendas, huhuuuu!
Lanchinho na Marli, pizza do Amilton, algumas cervejas.
Foi muito booooommmm.

Domingo, dia 246.
22 de novembro, dia do músico.
Parabéns a todos os queridos que nos fazem emocionar com seu talento.

Treino bom, 54 minutos no km e meio de revezamento.
Muita fome, preguiça de tomar sol.
Casa, larica, descanso.

Comecei uma nova aventura literária, “Descarte”, de Adriana Azenha.
Uma leitura fluída, onde me reconheço.

” Só posso saber o quanto sei na medida do quanto ando.
Só posso saber o quanto sei na medida do quanto caio.
Só posso saber o quanto sei na medida do quanto me levanto.
Só posso saber o quanto sei na medida do quanto me lanço, me jogo, me ergo, me solto…”

Agradeço o presente, queridas Adriana Azenha e Virgínia Salomão.
E quero mais, de ler, de ouvir, de assistir, de estar.
Vivas!

Mea culpa.

Lucas me falou, na manhã de sábado, 21.
“Mamãe, bacana a frase do Morgan Freeman e tals…
(O dia em que pararmos de nós preocupar com a consciência negra, amarela ou branca e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparece.)
…mas isso nega toda a história de luta contra o racismo. E que é muito importante.”

Interessante foi que eu havia refletido sobre, assistindo o documentário “Falas Negras”.
22 personagens tiveram seu lugar de fala.
São 420 anos de racismo, poooorraaaaaa!

Então, quando o Lucas me falou, eu já estava disposta a me retratar, adormecida, mas estava.
Obrigada filho!

A repercussão, as falas, as estatísticas, as tristes histórias.

Há que se ser anti-racista de fato!
De atitude e opinião.
Todos os dias.

Segunda-feira, dia 247

Acordei perdida, mais de 9 da manhã.
Que gostoso é dormir bem.

Café da manhã, plantas, bons dias.
Convite de poesia, adorei.
E, por coincidência, meu primo Agenor Marquez, postou essa no grupo Cabeceiras, da família materna.

“Hoje é Dia dos Mineiros
Então para celebrar a data, segue:

Ser Mineiro
Ser Mineiro é não dizer o que faz, nem o que vai fazer,
é fingir que não sabe aquilo que sabe,
é falar pouco e escutar muito,
é passar por bobo e ser inteligente,
é vender queijos e possuir bancos.

Um bom Mineiro não laça boi com imbira,
não dá rasteira no vento,
não pisa no escuro,
não anda no molhado,
não estica conversa com estranho,
só acredita na fumaça quando vê o fogo,
só arrisca quando tem certeza,
não troca um pássaro na mão por dois voando.

Ser Mineiro é dizer “uai”, é ser diferente,
é ter marca registrada,
é ter história.
Ser Mineiro é ter simplicidade e pureza,
humildade e modéstia,
coragem e bravura,
fidalguia e elegância.

Ser Mineiro é ver o nascer do Sol
e o brilhar da Lua,
é ouvir o canto dos pássaros
e o mugir do gado,
é sentir o despertar do tempo
e o amanhecer da vida.

Ser Mineiro é ser religioso e conservador,
é cultivar as letras e artes,
é ser poeta e literato,
é gostar de política e amar a liberdade,
é viver nas montanhas,
é ter vida interior,
é ser gente.”
Carlos Drummond de Andrade

Lendo esse poema percebo como sou botucatuense, mesmo nascida em Uberaba.
Me tornei um misto e isso é bem bão.
Viva a miscigenação cultural!

“Autoritarismo não existe
Sectarismo não existe
Xenofobia não existe
Fanatismo não existe
Bruxa fantasma bicho papão
O real resiste
É só pesadelo, depois passa
Na fumaça de um rojão
É só ilusão, não, não
Deve ser ilusão, não não
É só ilusão, não, não
Só pode ser ilusão
Miliciano não existe
Torturador não existe
Fundamentalista não existe
Terraplanista não existe
Monstro vampiro assombração
O real resiste
É só pesadelo, depois passa
Múmia zumbi medo depressão
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Não, não, não, não
Trabalho escravo não existe
Desmatamento não existe
Homofobia não existe
Extermínio não existe
Mula sem cabeça demônio dragão
O real resiste
É só pesadelo, depois passa
Como o estrondo de um trovão
É só ilusão, não, não
Deve ser ilusão, não não
É só ilusão, não, não
Só pode ser ilusão
Esquadrão da morte não existe
Ku Klux Klan não existe
Neonazismo não existe
O inferno não existe
Tirania eleita pela multidão
O real resiste
É só pesadelo, depois passa
Lobisomem horror opressão
Não, não, não, não
Não, não, não, não.”

Saí flainando sob o sol.
Visitar a mamãe e, depois, bordejar na Amando.
O dia está lindo e o Brasil continua desgovernado.
Há que se manter a lucidez!

“No rádio ouço uma canção
Ela me faz lembrar você…”
Porque foi muito intenso, muito bom, até acabar.

Em casa.
Ducha no quintal pra refrescar.
Almoço fresquinho.
Paz e tranquilidade ao meu redor.
Agradeço.

Assista agora a poeta Adriana Azenha fazendo a leitura de um dos poemas de Descarte.

Para reflexão.
“Sou feliz só por preguiça.
A infelicidade dá uma trabalheira pior que a doença: é preciso entrar e sair dela”
Mia Couto