Prática de esporte ajuda na saúde mental e reduz mortes
Prática de esporte ajuda na saúde mental e reduz mortes

Diversas pesquisas pelo mundo comprovam, reiteradamente, que a prática do esporte traz uma série de benefícios para a saúde do corpo e da mente. A mais recente delas foi publicada em março deste ano pela revista científica British Journal of Sports Medicine e realizada por cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Ela mostra que uma em cada 10 mortes prematuras poderia ser evitada se todas as pessoas fizessem pelo menos 11 minutos por dia de atividade física moderada ou intensa. 

E uma das atividades mais recomendadas no cumprimento dessa tarefa é considerada a mais simples: uma rápida caminhada. O estudo de Cambridge aponta que ela é o suficiente para reduzir o risco de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e até mesmo tipos variados de câncer. Dentre os casos que foram estudados, a soma de 75 minutos por semana de atividade moderada foi responsável pela redução de 23% do risco de mortes prematuras, 17% das chances de doenças cardíacas e 7% dos cânceres. Esse tempo é a metade dos 150 minutos semanais recomendados pelo NHS (National Health Service), o sistema britânico de saúde. 

Para além da prevenção de doenças, a prática de atividades físicas favorece a sociabilidade e facilita a construção de aspectos como disciplina, foco, cognição e as funções perceptivas, além de proporcionar melhor consciência de corpo e preparo físico. 

“Além de melhorar a aptidão física e a estética, a prática regular de exercícios físicos ajuda a prevenir doenças e proporcionar saúde mental. A Psicologia do Esporte é uma área da psicologia que vai trabalhar fatores cognitivos e comportamentais no sujeito atleta ou praticante de atividade física. O enfoque é a relação entre fatores psicológicos e prática esportiva”, explica o professor do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), Cleberson Costa, acrescentando que a apresentação do esporte pode auxiliar no desenvolvimento biopsicossocial de cada pessoa, principalmente se isso acontecer, de preferência, na infância. 

Na esfera psicológica, qualquer atividade física ou esportiva exige uma prática constante e continuada, além de habilidades como desempenho, foco, dedicação e resiliência. “Psicologicamente, nós temos diversos estudos que apontam indicadores importantes neurofisiológicos através da produção de hormônios saudáveis ao ser humano como serotonina, noradrenalina, dentre outros que causam uma sensação de bem-estar. Cognitivamente, estudos apontam que o esporte apresentado desde a infância proporciona ganhos de aprendizagem, atenção e habilidades socioemocionais, por exemplo”, destaca Cleberson.

Quem busca por uma vida saudável pode começar a qualquer momento. Mas o professor da Unit alerta que é preciso ter alguns cuidados antes de começar a praticar qualquer tipo de atividade física. “As delimitações da prática devem ser mensuradas pelo praticante em conjunto com o profissional de educação física. O profissional da área é indispensável no acompanhamento para que as atividades sejam monitoradas e adaptadas respeitando os limites individuais. Respeitando esse espaço, todos podem ‘se jogar’ na modalidade que bem quiserem”, afirma.

Os exercícios ajudam a melhorar a autoestima, a imagem corporal, a cognição e a função social de pacientes em risco de saúde mental. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os adultos façam entre 150 e 300 minutos por semana, e para crianças e adolescentes 60 minutos de prática por dia.

Quem está disposto a sair do sedentarismo deve, em primeiro lugar, levar em consideração as próprias afinidades. “Com base na minha rotina, que é bastante ativa, pratico corrida, ciclismo e musculação. Especialmente em Aracaju [capital de Sergipe], temos diversos fatores que viabilizam a prática dessas atividades. Diversas são as academias e os clubes de corrida, além disso, dispomos de muitos quilômetros de ciclovias que facilitam nosso deslocamento pela cidade, pode ser uma boa trocar seu transporte por uma bicicleta”, recomenda Cleberson, deixando claro, no entanto, que estas atividades físicas devem ter sempre o acompanhamento de profissionais da área.