Dúvidas atrasam desenvolvimento do mercado de carro elétrico no Brasil
Dúvidas atrasam desenvolvimento do mercado de carro elétrico no Brasil

Ano passado, cerca de 50 mil unidades de veículos eletrificados leves foram emplacadas no Brasil, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Com uma frota circulante que supera 126 mil veículos, recentemente o setor alcançou um recorde: com 4.503 unidades vendidas, o início de 2023 teve o melhor janeiro da série histórica da ABVE desde 2012, apresentando um crescimento de 76% em relação a janeiro de 2022 (2.558 veículos). Essa margem salta para 241% de crescimento se comparada com 2021 (1.321).

Outro estudo mostra que os carros elétricos vão representar 14% da demanda energética do Brasil em 2040 e essa frota deve superar a casa dos 35 milhões de veículos. De acordo com projeções sobre eletrificação veicular realizadas pela Strategy&, consultoria estratégica da PwC Brasil, haverá fortes reduções no consumo de combustíveis fósseis.

Até 2030, devem ser consumidos menos 8 bilhões de litros de gasolina (12% da demanda atual) e 6 bilhões de diesel (10% da demanda atual). Em 2040, a redução no consumo de diesel pode chegar a 41 bilhões de litros (66% da demanda atual) e a 37 bilhões de litros de gasolina (59% da demanda atual). “A eletrificação veicular e seus impactos, principalmente, pensando em futuro é um dos principais pontos de discussão para essa pauta. Afinal, existe uma preocupação firmada na indústria de transportes quando se trata do aspecto sustentabilidade e transição energética para operação de baixo carbono”, comenta o sócio da Strategy&, Daniel Martins.

Como o mundo inteiro está de olho em soluções sustentáveis no uso de energia limpa, o mercado é promissor, mas há alguns mitos e desinformações que precisam ser superados. Algumas pessoas, por exemplo, acham que a eletricidade que abastece os carros elétricos é produzida a partir de energias fósseis, como o carvão, por exemplo. “A eletricidade produzida e consumida por carros elétricos é de fonte renovável, não poluente”, comenta o empresário mineiro Gabriel Guimarães, diretor comercial da Voolta, empresa do setor de recarga de veículos elétricos do grupo SolarVolt.

Ele salienta que outra queixa infundada é sobre a demora no carregamento. “O tempo de recarga de um veículo elétrico depende da capacidade de armazenamento de energia da bateria instalada no veículo e da potência do carregador. Há baterias de carros híbridos que são totalmente recarregadas de 1 a 4 horas e veículos elétricos puros que levam de 4 a 8 horas”, exemplifica.

Há também o mito de que as baterias de carros elétricos “viciam”, como acontece com os celulares. Nesse caso, o empresário enfatiza que os veículos elétricos têm um sistema de gerenciamento de bateria que evita tais desgastes. Também existem pessoas que dizem ter medo de que, ao passar por estradas alagadas, o carro possa sofrer uma pane. “A bateria dos automóveis elétricos é blindada e à prova d’água. Na verdade, os automóveis elétricos são mais seguros que os de combustão para passar em trechos alagados, já que não há por onde a água entrar no motor”, compara.

Outro mito recorrente diz que não se pode carregar um carro elétrico durante períodos de chuva, sob pena de ser eletrocutado. Segundo Gabriel Guimarães, os veículos já vêm equipados de série com uma tecnologia que permite carregamentos em qualquer situação meteorológica adversa, evitando fuga de corrente e, consequentemente, de qualquer risco de choque. Além disso, destaca o empresário, os carregadores e os seus respectivos conectores são fabricados com materiais resistentes, com alto índice de proteção contra jatos de água, poeira e raios UV. Possuem, ainda, dispositivos de segurança que permitem a proteção elétrica e detectam qualquer sinal de curto circuito, sobrecorrente, surtos de tensão, sobretensão, subtensão, falha de isolamento e detecção de falta de aterramento.