A transformação digital reposicionou a área financeira em um novo centro de decisões estratégicas. Em um cenário marcado por volatilidade macroeconômica, inteligência artificial generativa, novos padrões regulatórios e ciclos de capital cada vez mais curtos, a relação entre CFOs e CTOs tornou-se determinante para a sustentabilidade das organizações. Segundo os coautores da obra, "a integração entre dados, processos, governança e tecnologia passou a apoiar escolhas mais rápidas e precisas dentro das empresas".
Esse alinhamento crescente é o foco do novo livro da série "Como pensam as lideranças", iniciativa da Rede Líderes que há dois anos reúne líderes de diferentes setores para discutir desafios e soluções do mercado. A obra analisa como a convergência entre finanças corporativas e tecnologia modifica estruturas tradicionais, acelera o controle analítico e amplia a capacidade de modelar cenários complexos.
Entre os temas discutidos nas entrevistas que compõem o livro está a incorporação de IA para prever riscos, antecipar comportamentos de caixa e viabilizar a conciliação automatizada de pagamentos. CFOs entrevistados relatam que rotinas antes manuais, como conciliação, governança de dados financeiros, compliance e previsão de receitas, passam a ser executadas com maior precisão quando apoiadas por modelos algorítmicos integrados aos sistemas corporativos.
Já CTOs apontam que, além do avanço tecnológico, os resultados dependem do nível de maturidade cultural e da clareza de processos existentes nas organizações, fatores que variam entre setores.
Os coautores também indicam que a colaboração entre as duas áreas cresce não apenas por demanda operacional, mas por necessidade estratégica. A pressão por margens mais eficientes e a incorporação de novos produtos digitais fazem com que decisões financeiras estejam diretamente relacionadas à arquitetura tecnológica. O ciclo de inovação, segundo os relatos, deixou de ser restrito às equipes de engenharia e passou a envolver finanças desde a concepção das soluções.
Outro ponto abordado no livro é a adaptação das equipes. A automação de atividades tradicionais amplia o tempo disponível para análises mais aprofundadas, exigindo profissionais com competências em dados, tecnologia e governança financeira. Líderes ouvidos afirmam que a principal barreira nesse processo está relacionada a aspectos comportamentais, como integração entre áreas e redução de silos organizacionais.
A obra também aborda como modelos orientados por dados influenciam a tomada de decisão. Empresas que anteriormente operavam com relatórios mensais passam a utilizar dashboards em tempo real, integrando métricas de produto, tecnologia e desempenho financeiro, além de empregar inteligência artificial em decisões recorrentes baseadas em padrões definidos. Esse fluxo contínuo de informação reforça a necessidade de governança compartilhada entre CFOs e CTOs.
A Rede Líderes, ao reunir mais de 850 lideranças em encontros e nos Squads da Rede, reuniões exclusivas para membros do ecossistema, tem acompanhado o avanço desse diálogo transversal. De acordo com participantes, "as discussões permitem o compartilhamento de experiências práticas relacionadas aos desafios enfrentados pelas organizações".
O livro também aponta um movimento estrutural: CFOs passam a atuar na criação de novas linhas de receita, especialmente ligadas a produtos digitais e iniciativas com fintechs, além de manter suas atribuições tradicionais de eficiência e governança. Esses temas estão associados a riscos emergentes, como cibersegurança e compliance regulatório, que impactam diretamente caixa, reputação e continuidade operacional.
A série "Como pensam as lideranças" apresenta, assim, um panorama do mercado brasileiro em transformação. Ao analisar a convergência entre finanças e tecnologia, a obra registra como a colaboração entre CFOs e CTOs se consolida como parte da estratégia organizacional em empresas de diferentes setores.
O grupo de coautores é formado por Ademir Araujo, Alexandre Comin, Alfredo Luz, André Trench, Andrea Lançoni, Barbara Andrade, Bruna Ono, Bruno Barmak, Bruno Cruz, Calza Neto, Daniel Orlean, Fabio Davidovici, Giuliane Paulista, Júlia Salgado, Julio Maia, Karina Feliconio, Kizzy Lima, Luiz Gustavo Fraga, Maísa Otoni, Marcio Santos, Matheus Melo, Myrko Micali, Regiane Gaia, Rodrigo Diniz e Willian Takamura, profissionais que atuam nas áreas de finanças, risco, tecnologia, controladoria, dados e compliance em empresas de diferentes segmentos.














