Após grande repercussão da reportagem sobre a morte da menina Helena Oliveira Sales, de 4 meses, de Botucatu, depois de passar por atendimento na noite do dia 16 no Pronto Socorro Infantil Municipal e ter morrido na manhã do dia 17, com a família denunciando negligência na Saúde Municipal, a Prefeitura de Botucatu – até o momento – não se pronunciou, e segundo a Assessoria de Comunicação não irá emitir nota. A reportagem tentou por duas vezes contato com o Secretário Municipal de Saúde, Dr. André Spadaro, mas ele não retornou às ligações.

Já o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, que atua em conjunto, tanto na gestão administrativa, quanto assistencial do PSI, se posicionou.

Em nota, o HC questionou a fala dos pais de Helena, que disseram ter ficado 4h30 no Pronto Socorro Infantil. O HC diz que o tempo total foi de 2h32.

O Hospital ainda destacou, em sua nota, que “confia no atendimento prestado e assegura que todas as condutas assistenciais foram cumpridas, de acordo com todos os protocolos. Avalições preliminares sugerem que a causa da morte não tem relação com a queixa inicial relatada na consulta, nem tampouco com o atendimento prestado no PSI. Todas as informações necessárias estão sendo apuradas”.

A mãe de Helena, Jocimaria, afirmou, que quando foi atendida, relatou aos profissionais de saúde que a filha estava com dificuldade respiratória e já havia tido bronquiolite, Covid e pneumonia. Que a menina passou por um exame de Raio-X no PS Infantil Municipal, que apontou uma mancha no pulmão. A mãe disse que a médica, ao atender a filha, falou que a menina estava cansada e não precisaria de oxigênio, e que a mancha seria em função da pneumonia.

Jocimaria ainda contou que a médica disse que o Pronto Socorro estava cheio, que caso piorasse deveria retornar no dia seguinte e a orientação era para voltar para casa e lavar o nariz da criança com soro.

A menina morreu no dia seguinte, pela manhã. No atestado de óbito de Helena Oliveira Sales, a primeira causa morte está como “Causa Indeterminada” e a segunda como “Bronquiolite de Repetição”.

Nos comentários da reportagem sobre a morte de Helena, centenas de pessoas reclamaram da situação da Saúde Municipal de Botucatu, dos atendimentos no Pronto Socorro Infantil Municipal, no Pronto Socorro Adulto Municipal e também nos Postos de Saúde.

Em nota, o HC pede “à sociedade para que não propaguem informações infundadas e inconclusivas, que desrespeitam da dor da família, causam pânico na população que necessita do atendimento do Complexo HCFMB e não condizem com o compromisso assistencial que o HCFMB preconiza no atendimento ao paciente”.

A mãe, Jocimaria, resumiu o fato. “Ontem (quarta-feira) procurei o PS Infantil, estava superlotado, demoraram um século para nos atender. Quando atenderam, falaram que minha filha só estava um pouco cansada, mas eu tinha certeza que ela precisava de oxigênio, pois ela já tinha ficado internada uma semana. Nos mandaram para casa. Hoje (quinta-feira), quando acordei, minha filha estava morta”, disse a mãe.

O pai de Helena, Christian Luís Sales, também desabafou sobre a falta de atendimento, após perder sua filha. “Como pode, por falta de atendimento nessa merda de Pronto Socorro, minha filha veio a falecer. Isso jamais vou perdoar, sistema de merda. Talvez, um pouco mais de atenção no caso da milha filha, por parte dos médicos, não estaria fazendo o enterro do meu anjinho”.

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Confira a íntegra da Nota divulgada pelo Hospital das Clínicas de Botucatu:

Nota à imprensa

Sobre a publicação do relato de atendimento de um bebê de 04 meses no Pronto-Socorro Infantil (PSI) na última quarta-feira, 16 de março, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) esclarece:

A gestão do PSI é compartilhada entre o HCFMB e a Prefeitura Municipal de Botucatu, que atuam em conjunto tanto na gestão administrativa, quanto assistencial.

No dia 16 de março, o PSI operava com alta demanda de pacientes e períodos de espera de até cinco horas. A criança deu entrada no PSI às 19h09 e foi atendida às 20h53. Realizou um exame de imagem às 21h03 e passou por reavaliação médica às 21h42, tendo alta em seguida. O tempo total de atendimento foi de 2h32. O óbito do bebê ocorreu na manhã do dia seguinte, 17 de março, constatado pelo SAMU, que foi chamado às 10h.

O HCFMB reitera que confia no atendimento prestado e assegura que todas as condutas assistenciais foram cumpridas, de acordo com todos os protocolos. Avalições preliminares sugerem que a causa da morte não tem relação com a queixa inicial relatada na consulta, nem tampouco com o atendimento prestado no PSI. Todas as informações necessárias estão sendo apuradas.

O HCFMB se solidariza com a família neste momento e está à disposição para qualquer esclarecimento. O relatório final da investigação será enviado diretamente à família, respeitando a ética profissional, o sigilo médico e a transparência das informações.

Nesse sentido, pedimos à sociedade para que não propaguem informações infundadas e inconclusivas, que desrespeitam da dor da família, causam pânico na população que necessita do atendimento do Complexo HCFMB e não condizem com o compromisso assistencial que o HCFMB preconiza no atendimento ao paciente.

Atenciosamente,

Assessoria de Imprensa do HCFMB

 

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