O estudo feito pela Unesp, em parceria com o Ministério da Saúde e a Prefeitura de Botucatu, com a vacina AstraZeneca, a segunda mais usada no país contra a Covid, mostrou redução de 71% de casos da doença seis semanas após a vacinação em massa na cidade paulista.
Segundo os pesquisadores, era esperada a redução de casos a partir da segunda quinzena de junho, situação confirmada pelos dados preliminares da pesquisa.
Somente na última semana, fechada no sábado (26), essa média ficou em 40 casos por dia, contra 73 registros na semana anterior, uma queda de 45%. No acumulado entre a quinta e sexta semana após a vacinação em massa, quando começou a ser registrada a queda de casos, a redução foi de 71,3%.
Segundo o médico infectologista e responsável pelo estudo em Botucatu, Carlos Fortaleza, a tendência é que, como a vacina ameniza os sintomas, a transmissibilidade fique menor. E a partir dessa queda na transmissibilidade também deve cair a taxa de internações, ou seja, do desenvolvimento de casos graves que precisam de hospitalização e, por consequência, a redução das mortes.
81% da População com a 1ª dose
Vacinação em massa
No dia 16 de maio foi realizada a primeira ação, quando mais de 66 mil pessoas foram imunizadas desse público que era estimado em quase 80 mil pessoas.
Ainda de acordo com Fortaleza, a expectativa com essa primeira dose é de uma eficácia de 70% contra o vírus durante os três meses até a segunda dose.
Segundo os dados dos boletins epidemiológicos de Botucatu, nas últimas semanas a média de casos de Covid-19 ficou assim:
- 16/05 a 22/05: 92 casos por dia (média)
- 23/05 a 29/05: 91 casos por dia (média)
- 30/05 a 05/06: 93 casos por dia (média)
- 06/06 a 12/06: 141 casos por dia (média)
- 13/06 a 19/06: 73 casos por dia (média) – queda de 48%
- 20/06 a 26/06: 40 casos por dia – queda 45% (71,3% no acumulado de duas semanas)
A vacinação em massa em Botucatu faz parte do projeto de estudo da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elaborado pela parceria entre a prefeitura, Ministério da Saúde, governo federal, Unesp, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, e Fundação Gates.
Desde o dia 16 de maio, que foi chamado de dia D da vacinação em massa, quando mais de 66 mil pessoas foram vacinadas em uma estrutura igual a usada nas eleições, a cidade vem realizando ações para imunizar toda a população adulta, entre 18 e 60 anos, como parte do estudo, exceto as grávidas que só podem receber doses da Coronavac ou da Pfizer.
No dia 22 de maio uma nova vacinação em massa foi realizada. Mais de 8 mil pessoas se cadastraram para receber o imunizante e pouco mais de 5 mil doses foram aplicadas. Também foram feitas vacinações para estudantes da Unesp e de moradores da zona rural.
No dia 11 de junho, terminou a última etapa para vacinação das pessoas que não foram imunizadas nessas ações. Uma triagem foi feita durante toda a semana, do dia 7 ao dia 11, de pessoas que se cadastraram no site da prefeitura e receberam as orientações via SMS para uma nova avaliação de documentos para poder receber a dose da vacina.
Todo o processo de cadastro e vacinação em Botucatu tem o acompanhamento e auditoria realizados pelas Forças de Segurança do Município (Guarda Civil Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar), OAB Botucatu, Justiça Eleitoral, Ministério Público e Tribunal de Justiça de São Paulo.
Sequenciamento genético
Após receber a vacina, o morador de Botucatu deve assinar um termo para autorizar, em caso positivo de Covid-19 depois da aplicação, os procedimentos para fazer o sequenciamento genético do vírus.
Essa análise do material genético de testes positivos é a principal ferramenta do estudo de efetividade. É com o sequenciamento genético que os cientistas vão descobrir se a vacina consegue reduzir tanto os casos graves da doença quanto a transmissão das variantes.
Para autorizar, é simples e seguro: basta assinar um documento. Esse tipo de termo é comum em pesquisas e foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão que monitora e fiscaliza a aplicação de políticas públicas do SUS. O termo garante sigilo dos dados que só vão ser registrados pelos cientistas.
G1