A botucatuense Fernanda Santos de Oliveira, que estava desaparecida em Paris, na França, desde o último dia 6 de maio, reapareceu em seu apartamento na manhã desta segunda-feira. Parecendo bem debilitada, e sem lembrar de quase nada do que aconteceu nos últimos 15 dias, a mulher de 44 anos foi vista voltando para casa pelos vizinhos que, surpresos, chamaram imediatamente a polícia francesa. Ela foi levada a um hospital psiquiátrico da corporação, onde realizou exames e é mantida sob cuidados médicos até que se recupere. Não foram revelados mais detalhes sobre seu estado de saúde.

Em entrevista, Nellma Barreto, da associação Femmes De La Résistance — que vinha ajudando nas buscas na última semana —, conta que a mulher apresenta quadro de amnésia e não lembra com clareza onde estava. Com relatos ainda imprecisos, Fernanda teria dito que só consegue lembrar de ter ficado em uma espécie de casa abandonada, sem conseguir acessar a rua. Além disso, confusa, contou que só reencontrou o caminho de casa porque foi deixado um bilhete contendo seu próprio endereço.

No hospital, Fernanda passou por exames ginecológicos que deverão esclarecer aos investigadores se a brasileira foi vítima de abuso sexual. A resposta está prevista para ser dada até esta terça-feira. De acordo com Barreto, a mulher também acrescentou que o seu cartão bancário teria sido utilizado, provavelmente pela pessoa que estava com ela.

Grupo de apoio a brasileiras na França ajudou nas buscas: cartazes foram espalhados por Paris com a foto de Fernanda (Foto: Divulgação / Femmes de La Résistance)

‘Nunca teve problemas mentais’, diz irmã sobre suspeita de surto psicótico

Sua irmã, Maria Aparecida de Oliveira, moradora da cidade paulista de Botucatu, também falou com o GLOBO e revelou o alívio de toda a família com o aparecimento de Fernanda:

— Estou super feliz, assim como a família toda. Agora, a gente sabe onde ela está, conseguimos ajudar de alguma forma, fazer algo por ela. Estávamos de mãos atadas.

Em uma conversa breve com ela pelo telefone, a irmã diz não acreditar que Fernanda tenha sofrido um surto. Para ela, a mulher foi vítima de um crime.

— Nunca aconteceu isso na vida dela. Nunca teve problemas mentais. Para acontecer isso, deve ter havido algo bem grave — acrescenta.

Com a irmã internada, ela ressalta que Fernanda é uma pessoa esclarecida e que vinha estudando francês, para poder se comunicar melhor no país. Como não fala o idioma fluentemente, tem alguma dificuldade e precisa do apoio de pessoas como as da associação que vem lhe apoiando.

Formada em técnica em enfermagem, entretanto, no país, ela trabalha em um restaurante e também faz trabalhos de faxineira. Ela relatou para Barreto sobre as péssimas condições de trabalho e um regime análogo à escravidão, que pode ter contribuído para seu desgaste.

Fonte: O Globo