Foto:Vanessa Dross
Maria Lucia Dal Farra, botucatuense premiada na literatura nacional e internacional, ganhadora do Prêmio Jabuti em 2012, participa entre os dias 5 e 7 de dezembro em Lisboa, Portugal, do Congresso Internacional “Cem anos da escritora Florbela Espanca”.
Ela será a atração principal do evento internacional, incluindo homenagens e mesas redondas sobre seu trabalho relacionado à maior escritora portuguesa do século XX. Até a Câmara da cidade onde será realizado o evento prestará homenagens a Florbela Espanca e a poetiza Maria Lucia Dal Farra.
Segundo os organizadores existe uma ‘cumplicidade’ na obra das duas mulheres e escritoras. O Congresso tem como inspiração o “Livro de Mágoas”, primeira publicação da escritora portuguesa.
Só no dia 5, abertura da jornada cultural serão 3 eventos associando as pesquisas da brasileira e botucatuense sobre a obra de Florbela Espanca. Maria Lucia será homenageada também durante uma sessão plenária do congresso.
Maria Lucia é poetisa e professora universitária aposentada de literatura portuguesa da USP será homenageada pelas pesquisas e livros que escreveu sobre a poetiza portuguesa, além de ganhadora (em 2012) do 54º Premio Jabuti pelo livro ‘Alumbramentos’.
A escritora tem diversos trabalhos dedicados à poesia de Florbela Espanca. Falecida em Portugal, no ano de 1930, aos 36 anos. Ela deixou uma extensa obra tratando de feminidade, e empoderamento da mulher. Florbela foi casada três vezes e atuou como professora em faculdades alem de ter estudado direito.


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CONHEÇA ALGUNS POEMAS DE FLORBELA ESPANCA

EU
Florbela Espanca
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada … a dolorida …
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca
A MULHER
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!
Florbela Espanca
DE JOELHOS
“Bendita seja a Mãe que te gerou.”
Bendito o leite que te fez crescer
Bendito o berço aonde te embalou
A tua ama, pra te adormecer!
Bendita essa canção que acalentou
Da tua vida o doce alvorecer …
Bendita seja a Lua, que inundou
De luz, a Terra, só para te ver …
Benditos sejam todos que te amarem,
As que em volta de ti ajoelharem
Numa grande paixão fervente e louca!
E se mais que eu, um dia, te quiser
Alguém, bendita seja essa Mulher,
Bendito seja o beijo dessa boca!!
Florbela Espanca