A DIG de Botucatu fez na tarde de segunda-feira, 29, uma nova fase da operação que investiga a existência de cartel no preço de combustíveis nos postos do Município. Cinco postos tiveram arquivos, documentos, computadores, lap-tops e celulares apreendidos na operação.
Uma das mais instigantes investigações criminais da história de Botucatu começou há cerca de cinco anos com um pedido encaminhado pelo Ministério Público.
Depois de ouvir 32 proprietários de postos de combustíveis, a DIG identificou diferenças no custo de compra e venda do combustível entre os postos e relacionou as diferenças de lucros e custos operacionais, quantidade de funcionários.
“Tivemos a primeira fase em que genericamente fizemos investigação dos 32 postos de combustíveis. Conseguimos separar aqueles empresários que seguem preço alto porque são forçados a fazerem isso e outros que fazem preço alto em razão de outras circunstância que a gente não sabia até então”, explicou o delegado Geraldo Franco.
Chamou a atenção da DIG o fato de cinco proprietários de postos de combustíveis de Botucatu serem donos de cinco empresas, o que representa 2/3 dos estabelecimentos comerciais do setor, determinando a precificação com valores para o alto.
“Cinco proprietários possuem dois terços do mercado de combustíveis aqui (em Botucatu). Isso explica razoavelmente o que acontece. Onde tem poderio econômico existe a indicação de preços. Entendendo que esses cinco proprietários poderiam estar manipulando os preços em razão das circunstâncias, pedimos ao Ministério Público para termos um mandato para apreensão e esclarecer as nossas duvidas e fiscalizássemos mais de perto as nossas duvidas”, explicou o delegado na Rádio Clube FM, na manhã desta terça-feira, 30.
Em praticamente todas as entrevistas que concedeu o delegado Geraldo Franco ressaltou que os proprietários de postos que tiveram os equipamentos apreendidos, receberam sem nenhuma resistência os agentes da DIG.
Ao longo da investigação nos últimos dois meses, além da apreensão de computadores, documentos e arquivos, a DIG de Botucatu reuniu cerca de 1.500 horas de gravação de conversas telefônicas de proprietários de postos de combustíveis.
“Temos perto de mil e quinhentas horas de gravação que temos de degravar e contextualizar situações relacionadas à investigação”.
Geraldo Franco disse que não existe um líder determinando os valores do combustível, mas empresas que monopolizam o mercado e estabelecem os valores ao colocarem seus preços. Os demais seguem.
“Não temos a forma coercitiva de estabelecimento de preço dos combustíveis. Eles colocam o preço na bandeira e os outros tem de seguir porque não tem outra saída. A forma aqui é implicita, só colocando o valor na bomba e os demais seguem”.

CONFIRA A ENTREVISTA DO DELEGADO À RADIO CLUBE FM

(com Jayme Contessote Jr e Radio Clube FM)