O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Corregedoria Geral da Administração (CGA) deflagraram nesta quarta-feira (31/1) a Operação Medlecy 2, que resultou na prisão de nove pessoas investigadas por desviar medicamento de alto custo para o tratamento de câncer, entre eles, um servidor público.
Os investigados devem responder por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.
Foram cumpridos nove mandados de prisão e 16 de busca e apreensão em São Paulo (Araraquara, Bauru, Guarulhos, Osasco e São Paulo), Goiás (Goiânia), Espírito Santo (Colatina) e Distrito Federal (Brasília) divulgou o Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado.
Essa operação é desdobramento das investigações iniciadas pelo Gaeco em abril de 2015, que apurou a atuação de um grupo criminoso que estaria obtendo medicamentos de alto custo de origem ilícita (furto, roubo e desvio de órgão público) para, em seguida, por meio de empresas de fachada, promover a venda desses medicamentos a clínicas e hospitais.
As vendas eram realizadas pelo escritório sediado em Bauru, onde inclusive atuavam os líderes da organização.
Ao término dessa investigação, que durou cerca de um ano, o Gaeco ofereceu denúncia contra 15 pessoas residentes em Piratininga, Bauru, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Goiânia por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.
À época, junto com o oferecimento da denúncia, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e efetuadas buscas em 37 endereços, além do sequestro de bens.
Deflagrada em 19 de maio de 2016, a ação recebeu o nome de Operação Medlecy – nome da empresa de fachada, criada para atuação do esquema.

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Os investigados da primeira operação encontram-se respondendo a processo crime perante a 3ª Vara Criminal de Bauru, sendo que oito continuam presos.
Após a primeira ação do Gaeco, detectou-se que caixas dos medicamentos de alto custo recuperadas durante a operação inicialmente tinham sido vendidas à Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de câncer.
Pelos valores de aquisição, cada caixa custava cerca de R$ 8 mil.
Foi desta forma que se detectou que um dos investigados é um funcionário público do Estado de São Paulo e trabalha como motorista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Investigações indicam que entre abril e maio de 2016, o servidor teria recebido R$ 125 mil em depósitos bancários.
As novas provas reunidas deram origem a esse outro procedimento investigatório, que culminou com a deflagração da Operação Medlecy 2. O exame dos novos elementos de prova, em conjunto com as obtidas no curso da investigação anterior, permitiram a identificação de novos 11 membros ligados a mesma organização criminosa, sendo que dez deles ocupavam a função de fornecedor de medicamentos de origem ilícita.
A investigação aponta que o grupo criminoso, por meio das vendas desses medicamentos a clínicas e hospitais, obteve faturamento de cerca de R$ 16,5 milhões entre setembro de 2014 e maio de 2016,

Gaeco vai continuar investigando ligações criminosas

Subprocurador-geral de Justiça de Políticas Criminais e Institucionais do MPSP, Mário Sarrubbo
O servidor Robson Eduardo Marques, que caiu em interceptações telefônicas com autorização judicial feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), foi preso nesta manhã no Hospital Emílio Ribas.
“Nossa expectativa é que se possa avançar nas investigações”, declarou o subprocurador-geral de Justiça de Políticas Criminais e Institucionais do MPSP, Mário Sarrubbo, em entrevista coletiva à imprensa.
De acordo com Sarrubbo, é improvável que o servidor, que tem a função de motorista, agisse isoladamente.
“O Gaeco está trabalhando em cima de uma organização criminosa”, afirmou o subprocurador-geral, enfatizando que o esquema de desvio de medicamentos de alto valor utilizados por doentes de câncer e outras doenças (uma caixa custa em torno de R$ 8.000) pode alcançar outros servidores e outros hospitais.

 

(com informações do Gaeco-SP)