Por Brooke Sutherland/ LiveMint
A Boeing tem buscado de forma agressiva uma aquisição da fabricante brasileira de jatos regionais, uma mudança notável para uma empresa que apelidou uma combinação similar da Airbus SE e da Bombardier Inc. em outubro de “um acordo questionável” e que não a forçaria a mudar sua estratégia. Muitos detalhes ainda estão sendo resolvidos, o mais importante é se o governo brasileiro, que tem poder de veto, apoiará uma aquisição. Mas, pelo menos, uma coisa foi acertada: o preço. De acordo com o Wall Street Journal, a Boeing e a Embraer concordaram informalmente com um acordo de US$ 28 por ação.
Esse não é o premio “relativamente grande” que as reportagens anteriores indicaram que estava chegando. Uma oferta de US$ 28 seria 40% maior do que a Embraer estava negociando antes que as notícias surgissem do interesse da Boeing. Isso não é insignificante, mas também não é atípico em M&A, especialmente ultimamente. Também vale a pena notar que as ações da Embraer tiveram um impacto neste outono, já que a empresa enfrentou a perspectiva de aumento de concorrência na combinação Bombardier-Airbus, um problema que poderia lidar melhor com a Boeing.
Os investidores estavam claramente esperando mais. Os recibos de depositários americanos haviam subido para cerca de US$ 27 na sexta-feira, um nível que é insustentável se o preço final for apenas US$ 1 maior porque o negócio ainda não foi oficialmente assinado e enfrenta grandes obstáculos regulamentares. Assim, as notícias do preço enviaram os ADRs da Embraer a uma queda de até 7%.
Os acionistas tinham todo o direito de ser mais otimistas. A Embraer é uma joia da coroa para o Brasil. Enquanto a Boeing ainda está negociando com o governo sobre o que aconteceria com o negócio de defesa da Embraer e quanto os políticos teriam permitido, uma grande oferta foi assumida como parte de seu argumento. A lacuna de jatos regionais no portfólio da Boeing foi descoberta por sua disputa comercial com a Bombardier sobre as reivindicações de que a empresa canadense usou preços baixos para competir injustamente por uma encomenda da Delta Air Lines Inc. para a qual a Boeing nem sequer era um concorrente. Se a Boeing for séria sobre recuperar o atraso em realação à nova união Airbus-Bombardier, não possui muitas outras opções que correspondem à escala da Embraer.
E, no entanto, a oferta da Boeing valoriza os ADRs da Embraer com desconto para a mediana de múltiplos pagamentos em grandes negócios aeroespaciais e de defesa na última década, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. As metas de aquisição de mais de US$ 1 bilhão normalmente pagaram cerca de 13 vezes o Ebitda (Earnings before interest, taxes, depreciation, and amortization – Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Nem todas as aquisições nesta indústria são comparações perfeitas; a Embraer não tem esperança de obter o tipo de avaliação cara que o fornecedor de aviônica de margem mais alta, Rockwell Collins Inc., fez da United Technologies Corp. no ano passado, por exemplo. Mas a Lockheed Martin Corp pagou 13 vezes o Ebitda para adquirir o fabricante de helicópteros Sikorsky da United Technologies em 2015, ou um pouco mais de 10 vezes se você ajustar os benefícios da manobra fiscal. Algo nessas margens parece mais razoável para a Embraer.
A Boeing ainda tem trabalho a fazer para garantir uma aquisição da Embraer. Talvez isso inclua a reavaliação do preço. O governo brasileiro não é o único interessado que tem para agradar.
FONTE: livemint/Bloomberg  e  Poder Aéreo