Pardinho|Foto Google Earth
As eleições municipais em Pardinho, no ano que vem vai consolidar um fato inédito: pela primeira vez Benedito (Dito) Rocha, atual prefeito e Francisco (Fião) Rocha, falecido ex-prefeito, não disputarão diretamente as eleições municipais, embora surjam nomes ligados aos dois lideres nas conversas pré-eleitorais.
O processo eleitoral em Pardinho sempre foi considerado o mais disputado da região da Zona Eleitoral de Botucatu. Desde 1976, os dois primos se revezam na principal cadeira administrativa da cidade ou seus apadrinhados.
Francisco (Fião) Rocha Camargo e Benedito (Dito) Rocha Camargo, foram os prefeitos que mais sentaram na cadeira de prefeito da cidade, desde a emancipação da cidade, no final da década de 1950, mas na eleição do ano que vem o atual prefeito não poderá disputar o cargo, por força da legislação eleitoral, que proíbe disputa do terceiro mandato ininterruptamente. Fião faleceu em 2016 e seu grupo político vem se recompondo.
Na eleição de 2016, a cidade ainda vivia a lembrança de Fião, mas Dito Rocha venceu com mais de 50% dos votos e o antigo parceiro de Fião, Napoleão Corulli, ficou com 45% dos votos. Naquela eleição o sargento Brito teve pouco mais de 4% dos votos.

SETE VOTOS

As eleições municipais em Pardinho sempre foram como uma final de campeonato de futebol entre equipes arquirrivais. Na eleição de 1992, por exemplo, a diferença de votos entre os primos, foi de apenas 7 votos. Na primeira década de 2000, a Justiça Eleitoral de Botucatu chegou a fazer um recadastramento eleitoral, pois existiam mais eleitores em Pardinho que moradores.
O chefe do Cartório Eleitoral de Botucatu, Igor Ignácio, lembrou diversos fatos que teve interferência da Justiça Eleitoral, para disciplinar e dar transparência ao processo. Ele lembra até casos de eleitores ‘importados’ de cidades da região, já no século XXI.
“As eleições em Pardinho são sem duvida nenhuma super acirradas e isso acontece há aproximadamente 44 anos. Quando Dito e Fião não disputavam diretamente as eleições seus apadrinhados, ou lideranças apoiadas por eles, disputavam a eleição e o clima era o mesmo, de final de campeonato dividindo a cidade”, comentou Igor Ignácio, chefe do Cartório Eleitoral de Botucatu.

ELEITORES IMPORTADOS

Muitas gerações de eleitores pardinhenses não conheceram outras lideranças que não os primos Rocha Camargo. Em 2004, por exemplo, como os times de Fião e Dito estavam ‘completos’ em termos numéricos, começou a ‘importação’ de eleitores de Conchas, Itatinga, Botucatu, Torre de Pedra, Pratânia, Porangaba entre outras.
A Justiça Eleitoral descobriu a importação de eleitores de cidades da região, chegou a fazer um recadastramento e na eleição, com auxilio das Policias Militar e Civil, conseguiu impedir a chegada de eleitores em veículos de Bofete, Porangaba e Anhembi, que estavam subindo as sinuosas curvas das estradas de terra da Cuesta Pardinhense, que dão acesso ao centro da cidade.
Uma das eleições Fião Rocha ganhou o pleito. Mais tarde se descobriu que alguns eleitores que estavam sendo transportados de cidades da região, foram orientados pelos partidários de Fião a irem a uma determinada sessão eleitoral, que não existia. Fião venceu com poucos votos de diferença, exatamente pelo fato daquele veiculo estar literalmente transportando eleitores de Dito. O cadastramento de eleitores de outras cidades teria o patrocínio dos dois grupos políticos.

NOVOS NOMES

Os pré-candidatos da cidade ainda estão sendo definidos, mas a sombra das grandes lideranças municipais acompanham os interessados. Por exemplo, do lado de Fião, o nome mais citado é Jr Rocha, filho do falecido ex-prefeito, mas um sobrinho do atual prefeito Dito também é citado: Rivaldo Eburneo.
Fora do eixo familiar, surgem nomes como do PM Brito, que no ano passado disputou a eleição de deputado estadual e já pleiteou o cargo de prefeito em 2016. O empresário Rildo da Sorveteria Neblaska também postula a vaga de prefeito, assim como o vereador Cristiano.
Em outubro de 2020, aproximadamente 5 mil eleitores vão decidir os próximos 4 anos. Resta saber como ficará o quadro eleitoral da cidade que tem a eleição mais difícil da região.

 

(Com jornal Leia Notícias)