Um pesquisador do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da Unesp, campus Botucatu, tem estudado um besouro um pouco diferente dos demais, por ser mais nocivo ao homem e extremamente raro: o besouro-escorpião, que atacou pessoas em Botucatu e Boituva.
Sim, a espécie tem um ferrão parecido com o escorpião. Mas ao invés de ser na cauda, ele fica nas pontas das antenas. E sim, o veneno dele doí. Pelo menos foi o que descreveram as duas vítimas do inseto, conforme informou a assessoria de imprensa da instituição.
Uma mulher e um homem, ambos próximos à casa dos 30 anos, e que transitavam em áreas rurais nas cidades de Botucatu e Boituva no momento dos incidentes com o tal besouro, registrados ano passado.
“No primeiro caso a vítima descreveu dor aguda e um quadro alérgico local que durou cerca de 24 horas. No segundo houve dor aguda também, mas o quadro alérgico durou apenas uma hora. Isso é curioso, pois dois quadros distintos se desenvolveram com a picada e ainda não sabemos o por quê pois é necessário mais estudos sobre a composição da toxina”, explica o biólogo Antonio Sforcin Amaral, responsável pelo estudo.
“O besouro já era conhecido, mas só havia um registo de acidente causado por ele no Peru. E esse registro dele no interior de São Paulo é inédito e não sabíamos como a picada dele se desenvolvia direito. Essa descoberta é importante pois muitas vezes uma pessoa picada por animal não consegue identificar o causador do acidente. Então é comum procurarmos atendimento médico sem saber o que nos picou”, argumenta.
De acordo com Sforcin, este trabalho ainda é preliminar, mas abre espaço para se estudar mais profundamente a toxina do inseto e os tratamentos adequados no caso de acidentes futuros. O inseto mede cerca de 2cm de comprimento e se caracteriza por tons de cinza, marrom e preto pelo corpo.
“A existência de um besouro peçonhento é surpreendente pois não é conhecido outro besouro capaz de inocular toxinas. Então, da perspectiva biológica, abre-se margem para entender como se deu o desenvolvimento das glândulas de toxina na ponta das antenas, um lugar incomum para se usar na defesa”, argumenta Sforcin.