O volume de resultados positivos para a Covid-19 em testes de farmácia triplicou na última semana do ano em comparação aos sete dias anteriores, aponta um levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) divulgado nesta quinta-feira (6).

Entre 27 de dezembro e 2 de janeiro, foram mais de 95 mil infectados – o equivalente a 33,3% dos testes realizados no período. Na semana anterior, foram 22 mil positivos – o que responde a 11,8% dos exames feitos em farmácias e drogarias.

O levantamento da associação registrou também um aumento no número de testes realizados na última semana de 2021, que foi 50% maior que os registrados na semana anterior, de 20 a 26 de dezembro – por isso, mesmo com 95 mil confirmações, o número equivale a 33% dos exames.

Sérgio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, disse em nota que o surto de gripe e as festas de fim de ano colaboraram para esse “avanço surpreendente” nas infecções.

“Os dados são preocupantes e exigem mais medidas preventivas e de contenção”, afirmou Barreto.

Ele ponderou, no entanto, que os números registrados pela associação neste período de festas permanecem distantes do pico observado entre maio e junho do ano passado.

 

Dominância da ômicron

Os números da Abrafarma não apontam qual é a variante responsável pelas infecções: os testes são desenvolvidos para identificar o coronavírus, e não suas cepas. Apesar disso, outros dados apontam que a ômicron já causa recordes pelo mundo e se tornou a cepa predominante no Brasil.

Uma análise feita pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), em parceria com os laboratórios Dasa e DB Molecular, constatou Sars-CoV-2 em 337 amostras, sendo que em 312 (92,6%) há indicação de infecção pela variante ômicron.

Para detectar a nova variante, os laboratórios utilizaram o teste RT-PCR e não fizeram o sequenciamento genético.

O virologista Anderson Brito, pesquisador científico do ITpS e responsável pelo levantamento, explicou em nota que é possível identificar a variante por uma espécie de “erro” nos testes.

“A ômicron possui diversas mutações e deleções (remoções de fragmentos de genes)”, disse Brito. “Uma deleção em particular afeta os códons 69 e 70 do gene S (na linhagem Ômicron BA.1). Alguns testes RT-PCR falham na detecção da região deletada, e assim podemos detectar a ômicron.”

 

G1