Seguidores de São Caetano coordenam o clero de Botucatu

Por Gesiel Júnior
Especial para o Botucatu online

A nomeação, há poucos dias, do padre José Francisco Antunes para o cargo de vigário-geral evidencia a projeção dos sacerdotes de formação teatina na cúpula de comando da Arquidiocese de Botucatu. A escolha pessoal feita por dom Maurício Grotto de Camargo cobre a vaga aberta nesse cargo com a recente nomeação do monsenhor Carlos José de Oliveira para o bispado de Apucarana (PR) e coincide com o transcurso dos dez anos de sua posse como arcebispo.
Monsenhor Antunes é como pode ser chamado agora, por força do cargo, o “padre Chico”, itatinguense de 55 anos, cujo poder ordinário, de acordo com o Código de Direito Canônico, lhe foi dado para ajudar dom Maurício na coordenação da cúria e no governo de toda a arquidiocese. Ele começou seus estudos no Seminário de Botucatu em 1980, mas se transferiu para a Ordem dos Clérigos Regulares, fundada pelo santo italiano Caetano de Thiene na Idade Média. Após lá atuar por mais de 25 anos, tendo ocupado postos relevantes na chamada Ordem Teatina, por motivos pessoais voltou às suas origens, trabalhou pouco tempo em Avaré e há quase dois anos responde pela Paróquia de São Pio X, em Botucatu.
Outro expoente do clero botucatuense instruído pelos teatinos é o padre José Aparecido Hergesse, atual coordenador de pastoral da arquidiocese. Experiente, foi vigário-geral da Diocese de Itapeva, procurador geral da ordem em Roma e chegou a ser nomeado bispo pelo papa Bento XVI em 2011, mas surpreendentemente renunciou ao episcopado dias antes da sua sagração. Desde então afastou-se da ordem, passou por Avaré e hoje é o pároco da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, da Vila dos Lavradores.
Os padres teatinos – cuja missão é apoiar o clero diocesano – vieram ao Brasil em 1951 e se instalaram em Fartura, a convite do quarto bispo de Botucatu, dom frei Henrique Golland Trindade. Atualmente, respondem pelo Santuário de São Judas Tadeu, em Avaré.
Contudo, Antunes e Hergesse não são os primeiros presbíteros seguidores de São Caetano a atuar com destaque na arquidiocese. Antes, em fins dos anos 1970, dom Vicente Zioni nomeou o religioso teatino Gabriel Dárida cura da Catedral de Botucatu. Serviu por dois anos, mas esse sacerdote italiano voltou à ordem, do qual foi provincial e superior geral. Mais recentemente, por longo período, o saudoso padre José Lorusso, também ordenado clérigo regular na Itália, veio de lá e por fim esteve à frente da paróquia da Vila dos Lavradores, quando respondeu também como vigário-geral do arcebispo dom Antonio Mucciolo.
Hoje, alinhados pelos laços comuns de vida consagrada, Antunes e Hergesse estão à frente de um clero pouco afinado. Ambos se esforçam, iluminados pelo exemplo do papa Francisco, a desenvolver uma ação pastoral mais simples e comunicativa. Porém, se encontram resistência de algumas figuras isoladas e carreiristas, animam-se com a perspectiva de ver os padres novos tomarem ciência de que a mensagem de Cristo precisa ser vivamente anunciada aos batizados por quem abraçou a causa de servir e não de ser servido.

 

Gesiel Junior é jornalista em Avaré; é membro da Academia Botucatuense de Letras e pesquisador da historia dos Católicos na região