Retornos.
Silvinha disse, sobre esse trecho do texto da Sandra Pujol, que transcrevi ontem,
“Hoje, pessoas de 60, 70 ou 80 anos, como é seu costume, estão lançando uma idade que AINDA NÃO TEM NOME.”,
que eu, Andrea já havia inventado uma palavra pra tal.
A palavra é ” envelhescência”.
Há muitos anos atrás, quando Danuza Leão, ou teria sido Chico Buarque?, completou aniversário, li essa declaração na Folha de São Paulo: ” a amadurescência é a efervescência”.
E adotei pra mim.
Eu tinha 30 e poucos anos.
Daí veio um derivar da frase, com o passar dos meus próprios anos, que alterei pra ” A envelhescência é a efervescência.”
Não sei se inventei a palavra, se ela estava no meu inconsciente e desabrochou.
Mas cabe muito bem na definição dessa etapa da vida.
Dormi muito cedo e acordei antes da meia-noite.
Embarquei nas séries de Chicago madrugada a fora.
Adoroooo séries policiais.
Apaguei no hora um.
Movida pelo calor, depois da noite chuvosa, despertei.
No rádio, mais uma vez, o prefeito tentando fazer a população, e os ” beneficiados” com alguma liberdade de movimento, entenderem a situação.
Meo Deeeeuuuusss, será que ainda não está claro que a pandemia em Botucatu é gravíssima?
De ontem pra hoje mais 100 casos.
100!
Eu não estou feliz em voltar às restrições, não mesmo.
Mas todos temos que colaborar.
Falei com a mamãe, dei os bons dias e fiz o queijo quente matinal.
“Sob o olhar azul… descansando numa sombra que refresca o verão.”, Rádio Netmusic.
Owwwnnnn…
“Amei o Silva e Ludmila no pôr do sol 🤗❤️
Todos nós estamos precisando né…”
Claudinha Oliveira.
E como estamos, amiga!
Depois de um tanto de leitura, aproveitei a manhã de rock’n roll na rádio pra fazer faxina.
O investimento que fiz em equipamentos pra casa facilitam muito e tornam o trabalho mais prazeroso.
Pensamentos de aspirador.
Ainda sobre a envelhescência.
As vezes eu tenho a impressão, uma forte sensação, que incomodo algumas pessoas com a liberdade de horário que tenho, a minha falta de pressa.
Talvez.
Mas, fato é, tenho tranquilidade com o meu ritmo.
Me dou o direito.
Afinal, a vida é minha, o dia é meu e faço dele o que eu quiser, se eu quiser.
Essa impressão não é recente.
Parece que sempre esteve.
Tudo é, e sempre foi, questão de escolha.
Prestei o concurso da medicina pois tinha medo de morrer e deixar meus filhos com o salário ínfimo que eu era registrada.
Aposentei logo quando completei idade e tempo de serviço.
Parei de namorar porque compreendi e aceitei que assim sou mais feliz.
Morar sozinha é um aprendizado diário.
Melhorei na culinária.
Voltei a me interessar pelas plantas.
Fiquei mais dedicada a casa.
Aprendi a me observar melhor, buscar ser mais equilibrada.
Voltei pro esporte nesse caminhar interior, que também me levou a ter mais cuidado físico.
Tanto e tanto ainda a melhorar, aprender e agradecer.
As relações também melhoraram.
Porque diminuíram, mais seletivas e bem mais sinceras.
Delícia é viver.
Calor calor calor.
Banho no quintal.
“…E eu sou feliz e canto e o universo é uma canção
E eu vou que vou
História, nossas histórias…”
Mais uma vez apreciei um beija-flor nas estrelizas.
Abelhas na primavera, beija-flores no verão.
As estações da vida no quintal.
Confirmei por telefone sobre o uso das piscinas nessa quinzena de fase vermelha.
Só é permitido o uso da externa.
Nunca treinei lá fora.
A piscina é um pouco menor.
Talvez eu vá amanhã pra tentar.
Arroz, filé de frango, salada, suco.
Encontrei o Caio Fernando Abreu fora de lugar.
Trouxe pra junto dos “de cabeceira”, no quarto.
” Ex-pedir
pedidos de socorro
em todas as direções
postado à janela
o laço na mão
ex-pirar
por dentro, inútil
medo em branco
examinando possibilidades
as mais diversas
de escape que não há.”
“…A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora…”
Bolo de rolo de doce de leite.
A música completa.
A leitura liberta.
Para reflexão.
” Se sou apenas o que sou, sou indestrutível. Sendo o que sou e sem reservas, minha solidão conhece a sua.”
Jean Genet.
Resistir sempre!
Seguimos.