Ontem, 22/02, completou 21 anos da passagem do meu avô Ruy, pai da mamãe, meu padrinho.
Sou a neta mais velha, mas nem por isso sou a que tenho mais memórias lindas com o nosso Cabeceira mor.
Todos nós, seus netos e bisnetos, temos.
Vovô era muito especial.
Sua voz, o carinho das suas mãos, a prosa na sala, a pimenta na mesa, seu cheiro, é tudo pra sempre no bem querer profundo.
Te amo vovó, gratidão!


Assistindo tv.
Pec emergencial propondo acabar com a obrigação dos governos federal, estadual e municipal, de investir em saúde e educação, Meo Deeeeuuuusss!

Sempre desacreditando em como tudo pode piorar, percebi que estou em fuga.
Alheia?
Não!
Fugitiva de tudo isso que não aceito como o Brasil que eu amo tanto.
Fugitiva.


Tive pesadelo de movimento estranho no lençol e acordei desesperada.
Não era nada, mas assustei.

Café da manhã, bons dias.

Feliz pelo amigo que mudou pra Botucatu há um ano.
Feliz por outro amigo que decidiu investir numa dicção melhor.
Feliz pela amiga que descobriu músculos adormecidos.

Felizfeliz por boas notícias.

120 anos do Instituto Butantan, vivas!

Caminhada deliciosa, manhã linda.
Sozinha na areia em frente ao quiosque.
Muitas reflexões.
É preciso esperançar, além de resistir.


Dar bom dia pra mamãe é uma alegria.
Ela fica muito bem em Cesário Lange, aproveitando a piscina, descansando. Pela voz eu sei que ela está com os olhos brilhando e isso aquece meu coração.

Comecei uma nova aventura literária, de novo com a Fernanda Young.
“As pessoas dos livros”.
Sobre o ofício do escrever.

No mar um casal bem atarracadinho, daquele jeito delicioso que já tivemos o prazer.
Na solitude, boiar e deixar o balanço da marola, do canto da enseada, fazer o resto: viagem total.

“… O ser tentando ser sem que nunca seja tão simples… Mesmo tema, …, única matéria-prima, do qual tiro a sobrevivência, meu amor e meu ódio: o velho ser humano… Sabendo que a única chance de continuar com os pés no chão é inventando outros chãos pra mim… Escrevendo e agarrando com os dentes minha improvável lucidez. A única saída é a continuidade…”

No rádio, flashback.
Pedi Logical Song, do Supertramp.
Pros meus filhos, que só saberão disso por aqui.

Até dei uma dançadinha na praia, ao ouvir essa…

…que delícia!

11:30h.
Cervejinha, areia sendo habitada gradualmente, sol forte, maré subindo.
Fome de pastel.


De “Bauru”, o pastel.
Feito de forma inteligente, com presunto e queijo ralados, tomate bem picadinho e orégano, imenso. Almocei.

Ouvindo a RTL, 91,7, FM do Guarujá, que toca Beatles e Seal, Irá! e Novos Baianos, me lembrei do João Camurça.
Com quem eu estava, nos 100 anos do Cardosinho.
Fomos ver o Lucas desfilar e, depois, fomos comer um pastel na esquina do posto São Paulo.
Pedi um de champions Paris, azeitona e queijo, inesquecível.
Tudo inesquecível.
João Camurça, de quem não tenho notícias há décadas, o Cardosinho, escola onde meu avô Ismael estudou , e nós, irmãos, e meus filhos e minha neta Emilie também, onde meu pai foi dentista por 40 anos, ahhhhh….e aquele pastel!

“…Exótica das artes,
O nosso amor selvagem…”

Nem precisei estar com a agenda aqui em Guarujá.
Tem emoções que se bastam, sem registros escritos.

Muitos banhos de mar.

“Os deslimites da palavra
Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu
destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.”
Manoel de Barros

Em casa, 14h.
Foi intensa, a manhã.

Tomei um banho de piscina pra desalgar.
E corri pro ap.
Lá fora calor calor calor, o céu tãotão azul que chega a doer os olhos.

Aos poucos as saudades de casa começam a se mostrar. Do quintal, das maritacas, das plantas e árvores. Da minha cama.
5 dias e meio pra voltar.

“…Mas eu preciso de outros sapatos
De outras roupas, outros temperos
Para formar minhas ideias e meus sentimentos
Eu sou a soma de tudo que vejo
E minha casa é um espelho
Onde a noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas
Sem saber porque…”

Falei com o Lucas.
18ºC em Berlim e ele de bermudas pra comemorar.

Sim, filho.
É de interagir com queridos que estou sentindo falta.

Para reflexão.
“Encontrei a eternidade: é uma mistura de sol com mar.”
Arthur Rimbaud

Resistir e insistir em resistir.

Seguimos.