Um dia branco, foi o que encontrei ao abrir a janela.
E fresquinho, quase frio.

Liguei o rádio e reencontrei a voz do Haroldo Amaral, que voltou de férias.

Boa notícia.
A  empresa Primar conquistou a concessão para viagens ao litoral norte e Costa Verde, do Rio de Janeiro.
Foram 12 anos de batalhas até sair.
Muito bacana. Parabéns.

Preguiçando na cama lembrei do que ontem falou a jornalista Natuza Nery, da Globonews.
Com as minhas palavras…
O presidente e o ministro da saúde não tem mais como fugir ou enrolar nas questões de leitos e de compra de vacinas.
Ou faz ou o STF obriga a fazer.

1726 mortos nas últimas 24 horas.

Aliás, o STF tem governado muito bem, obrigada.

Também assisti o Arthur Lira apoiando a vacina, o isolamento e tals.
O escolhido do eleito tem eleitores, base eleitoral.
A água já bate bem acima da bunda.

Boa notícia mesmo foi a retirada, da PEC emergencial, da infâmia que seria a não obrigatoriedade da destinação de verbas pra saúde e educação.
Ufa! Existe esperança.


Bons dias.
Café da manhã bem gostoso, com muito queijo.

Mamãe e Pretinha ainda em Cesário Lange.
Conversamos e demos boas risadas quando contei pra ela que vi uma taturana dando cria. Totalmente inédito.
Estou com muitas saudades.

Ontem comecei a ler “A orgia perpétua”, de Mário Vargas Llosa.
É um ensaio sobre o clássico de Flaubert, Madame Bovary.

Do autor já li muitos livros, sou muito fã.
Inesquecível é “A Guerra do fim do mundo”, onde ele conta toda a odisseia de Antônio Conselheiro e da guerra de Canudos.

Euclides da Cunha tem sua importância, evidente. Mas não era um romancista.

Lembro que fiquei muito surpresa ao saber que o autor, que é peruano,  veio até aqui pesquisar e escrever sobre esse fato da nossa história, tanto foi seu interesse.
Recomendo.

Manhã de leitura.

” O único jeito de suportar a existência é mergulhar na literatura como numa orgia perpétua.”
Gustave Flaubert numa carta de 1858.
Pois é, a leitura liberta!

Emma Bovary é uma mulher atípica na sua época.
“A rebeldia de Emma nasce dessa convicção, raiz de todos os seus atos: não me resigno a meu destino, a duvidosa compreensão do além não me importa, quero que minha vida se realize plena e totalmente aqui e agora.”

Existe uma síndrome com o nome Bovarismo.
É a síndrome do amor idealizado, um transtorno de comportamento que surge com o aparecimento das novelas românticas, no século XIX.
Jules de Gaultier foi o psicopatologista que primeiro a descreveu, em 1892.
Ele se refere a Emma como o estereótipo perfeito da pessoa que sofre de insatisfação afetiva crônica.

Essa pesquisa me perturbou um pouco.
Quem nunca?
Affff, ainda bem que não sucumbi.

“..Que o bom da vida
Vai prosseguir
Vai dá pra lá do céu azul
Onde eu não sei
Lá onde a lei
Seja o amor…”

A decisão de ficar em casa foi ótima.
Dei um trato no banheiro e o aspirador circulou por todo o espaço.

Amarrei um barbante na trava do telhado da varanda pra flor de cera subir.
Tá folhando linda.


Agenda 1993.

Naquele ano eu ainda possuia o I Ching que o Diego ganhou do Paulo Coito.
E sempre consultava o oráculo.

Teve festa de aniversário do Nilson.

” Fábula do fim da última lua cheia do verão de 93
A maravilha de um contato carmico é que ele acontece entre as pessoas sem ferir o íntimo/transcendental delas.”
Eu e eu.
(Por coincidência estamos na mesma lunação e é a derradeira desse verão.)

” A pior dor de uma violência que a gente sofre não vem de quem nos violentou. Vem do espectador.”
T.A., autor, que não sei mais quem é.
E não concordo.

A pior dor de uma violência é reconhecer que não percebemos os sinais de que ela viria. Reconhecer que nos deixamos levar pelo encantamento e pela ilusão de que tudo vai ficar bem, é uma fase.
Auto engano, auto flagelo, baixa estima.
O tipo de relacionamento/paixão que não quero nunca mais pra mim.

“Que essa vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço.”
Silviane Surano anotou na minha agenda.
Onde andará?
Artista talentosa da ourivesaria, saudades.

Assisti Robin Hood no teatro, com o Lucas.
Declamei poemas de Nora Jeane na semana cultural da escola dela.

Teve prova de hipismo rural com saída da Hípica.
Os conjuntos, cavalo/cavaleiros, lindos de ver.
Foi um dia de trabalho e muito prazer.
Tudo sempre foi motivo pra festar por lá.

O excesso de trabalho, em qualquer dia e em qualquer horário, azedou meu relacionamento com a mamãe.
Morávamos com ela, eu e os meninos.
As despesas eram altas, empregada e casa no jardim paraíso.
Não recebia e nem nunca recebi pensão do meu ex-marido.
Comecei a procurar uma casa pra sair de lá.

Papai estava sempre por perto, apoiando e ajudando como podia.

Diego tirou o gesso.
Esqueci de contar que o Lucas também quebrou o braço.
Teve até alguns comentários, eu andando na rua com eles, cada um com seu gesso.

Teve motocross no parque municipal e fui com o Nilson.
Fervemos, claro.

Tirei o gesso do Lucas, que estava imundo e destruído.
Ele era muito peralta.

E acabou o mês de março de 1993.


Fim da viagem.
De volta a realidade.

Na tv vejo que o governador João Dória colocou todo o Estado de São Paulo na fase vermelha.
Tem paciente internado em ambulâncias do Samu.
Inacreditável. Inaceitável.
A pandemia sem fim.
Triste dimaaaiiiisss.

 

“…Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade…”

Colhi acerolas, tantas que fiz questão de pesar: 4, 75kg!
Lotou o caldeirão e o cheiro perfumou a casa.

Tem muita fruta pra colher ainda.
Uma muda de árvore que me custou R$7 em 2005 e me dá frutas 6 meses por ano.
Plante árvores, é só alegria e prazer.

Vou preparar creme com as frutas.
Pode ser geléia, pode ser base de suco e de drinks.
Vou fazer um mimo pro amigo que não se cansa de me mimar com suas delícias.

Tem outro amigo, meu editor, que eu gostaria muito de mimar também, mas ele não me dá o endereço pra que eu possa entregar.
Então tá.

Dia branco, dia fresquinho, dia de chuvisco, produtivo.

Para reflexão.
” Cuidado com a tristeza.
É um vício.”
Gustave Flaubert

Resistir é o que me resta.