Acordei às 6 horas. Com frio.
Tinha dormido com calor.

Liguei a tv e o repórter estava na avenida São Gabriel, ahhh….morei na rua Itacema, uma quadra antes da avenida 9 de julho.

Meu coração deu um pulo! Foi em 1978!
Era uma menina de 17 anos.
O carro seguiu pela 9 de julho e eu viajei.
Quanto caminhei por ali!
Pegava carona com minha colega de sala, Azize Abdalla, no corcel branco.
Nós íamos rindo e cantando até a Luiz Góes, na faculdade Objetivo.
Tantas e tantas aventuras, muito bom!
Na volta, descíamos a rua Augusta, padaria, café, paqueras, avenida Europa…

Teve uma noite que vimos um cara abrir o casaco numa esquina e ele estava nu!
Foi um espanto para mim, era um prostituto e eu nem sabia que poderia haver homens nessa profissão.

Rua Itacema, família Moreto, tio Beto, tia Zizi, Beto e Suy, pra sempre no meu coração.

Azize Abdala, o que teria sido de mim sem a sua madura e feliz companhia?
Gratidão!


O grande artista Vermelho Steam é mais uma vítima da covid.
Deixa sua obra espalhada, linda e vibrante.
Será sempre um prazer!

Dormi novamente, e dormi gostoso.

Sonhei com o Fer, confuso, morando com ele na rua Amando. Depois estava de carona na moto da Alessandra Bronzato numas trilhas aqui no Aracatu. Eu estava atrasada pra receber os pães….


Acordei assustada.
8:30h.
Os pães em cima da caixa de luz e mensagem mega carinhosa do Gabriel:
” Olá Andrea! Bom dia! Pra não te incomodar deixei na luz. Espero que goste! Linda casa!”
Owwwnnnn, obrigada!
Os pães são maravilhosos!


O telefone tocou, era o Fer!
Assim que dei bom dia, ele começou a chorar e disse ” Déia, a mamãe morreu!” e desabou.
Informei os amigos, me troquei e fui pra casa deles.

Confortar meu amigo, despedir da minha amada dona Ondina.
Ela estava plácida, linda, em paz.

Descansou de quase 92 anos de vida, querida.
Grande amiga, esteve ao meu lado em inúmeras baralhas, sempre me apoiando e me dando carinho.
Era apaixonada pelos meus filhos, pela minha família, foi amiga dos meus pais…
Quantas saudades sentiremos da senhora!
Que sua passagem seja iluminada como a forte fé que lhe confortou em vida.
Foi um grande prazer privar da sua amizade e amor, gratidão!

Uma música pra dançarem juntinhos no outro plano, queridos Ondina e Antônio Amando de Barros.

Voltei pra casa.
O momento é da família, que já estava por lá e chegando.
Momento de luto íntimo.
Minha presença já estava suficiente.

E assim a manhã se encerra.
Informei novamente os amigos e …. fiquei perdida, sim!
Papai morreu há quase 22 anos e ainda sinto muito.
Estou em sintonia com a dor do Fernando.

Colhi acerolas pensando nela, que adorava as frutas e a polpa que eu mandava.
Perdi uma pessoa da família, do bem querer profundo.

Agora é estar disponível para o amigo amado, acolher e ajudar.
Será uma mudança de vida, mais uma, e nós precisamos formar uma forte rede de afeto ao redor dele.


Hoje completa um ano que o Moraes Moreira foi musicar o outro plano.
Mais uma coincidência nesse dia tãotão…

Em 1972, quando o disco Acabou Chorare foi lançado, eu e Fernando já estávamos embalando nossa amizade com a música dos Novos Baianos.

Pessoas, as perdas nos fazem refletir.
Sobre o viver, a amizade e amor…
Aproveitar cada dia pra agradecer e dizer te amo, estar atento e por perto, abraçar e até ser as vezes direto e, talvez, duro.
Esclarecer pra que não pairem dúvidas sobre o propósito maior, a preservação das relações de maneira honesta, verdadeira.

“Haja o que houver eu estarei aqui…”

Para reflexão.
“Não chores porque já terminou.
Sorria porque aconteceu.”
Gabriel Garcia Marquez

Resistir e, de cabeça erguida, seguir.