O querido Berto Rúbio passou por aqui ontem, no final da tarde.
Veio buscar o presente de aniversário do ano passado e um vidro de geléia.
Fazia mais de um ano que não nos víamos e, claro, foi muito bom.
Me trouxe duas mudas de vinagreira, que é o ingrediente principal do cuxá maranhense e tem suas lindas flores pro delicioso chá de rosela.
Duas mudas é um exagero e vou doar uma.
Mais uma possibilidade de aventura gastronômica.
Por coincidência, assisti o Claude preparando cuxá ontem a noite.
Dormi picado, porque dormi muito cedo.
Não assisti a live da Isabel com o Gardin, já tinha dormido as 8h.
Esse lance de dormir picado é chatinho mas acordei muito bem.

Céu azul, lindo.
Cuidei das plantas, tomei café da manhã, os bons dias.
Ahhhhhh, hoje volto pra piscina.
Estou me sentindo sarada da sinusite e acredito que vai ser tranquilo.

Um pouco de Villa-Matas antes de sair.

” É claro que no fundo somos todos ilhas e estamos sozinhos, essa é uma grande verdade.

no espelho viu um velho feliz e submergir todo um paradoxo. Ou talvez não. Porque, quem diria, sentir-se um velho cada vez mais submerso proporcionava-lhe uma saudável e estranha felicidade, como se o seu projeto deliberado de submergir no fundo do próprio abismo estivesse dando finalmente um sentido digno à sua vida.”

A viagem vertical do Federico Mayol está me fazendo refletir com ele.
Quase terminando o livro, já estou no modo saudades.

Partiu Ferrô huhuuuu!
15 minutos de alongamento.
Mergulhei nos 300 mil litros da piscina. Hoje tinham 3 pessoas nadando também.
Decidi ir no ritmo tranquilo.
Do jeito que meu corpo quisesse.

Os pensamentos.
No ônibus reparei em pessoas usando luvas. Luvas de borracha, de silicone, cirúrgicas, luvas de renda, daquelas de primeira comunhão.  Luvas de primeira comunhão servem pra que? O Fundeb foi aprovado. Vai ser pra sempre. A educação pública, os salários dos professores, estão salvos dos abutres. Se tudo correr bem  a cpmf disfarçada não vai passar. O Alcolumbre é um vendido.
Ontem eu li que o Amoedo é o Bolsonaro de sapatênis…se eu rir, afogo.Ainda bem que deu tempo de pedir o Uber pra mamãe voltar do otorrino. Ela ficou feliz por encontrar o Fer e Dona Ondina.
Não trouxe frutas. Vou ficar com muita fome. Faz muito tempo que não converso com o Diego. E a Emilie, como será que está? Vou fazer sobrecoxa de frango com bacon na cerveja. Porra, o ralo está fora do lugar. Ainda bem que não tem crianças nadando. Preciso falar com o salva-vidas. A pandemia está com números absurdos. Que saudades de ir no Piritas. Queria fazer parte dos testes das vacinas. Vai dar certo. Vai sim. Décima piscina. Será que meu tempo vai melhorar? Ahhh, e daí? Caimbras, afff… só faltam sete, vou aguentar. Décima quinta. Engraçado como o abdômen vai ficando rijo e o corpo aumenta a velocidade. Muita fome. Preciso economizar mais se quiser ir pro Guarujá em outubro.Acabei.  20 piscinas direto, crawl, 34 minutos. Bom demais, dez dias depois. Que frio. Bora alongar e sair.

Pensei em muitas outras coisas, que já esqueci.
Dentro da piscina é outro mundo. O silêncio só é interrompido pela respiração. As braçadas eu nem escuto mais.
Nesse mundo aquático sou eu por mim. E a sensação é muito poderosa.

Pedro passou e me deu carona.
Menino bom, sempre risonho e com boas palavras.
Gratidão!

No rádio, o maestro.
Amo Barry White desde aquele verão em Uberaba.
Até sonhei com ele.

Em casa.
Equipo de natação no sol.
Banana.
Comida no forno.
Exausta.
Pernilongos são insuportáveis. Odeio. Veneno na tomada.

Agenda 1995.
Fevereiro.

“Muito romântico
Meu ponto pacífico
Fica no Atlântico.”
Leminski.

Cortei o cabelo.
Um tal Bruno roubou meus tickets no SP Bar. Dias depois foi proibido de entrar.
( Era filho da querida Marinês. Foi muito desagradável contar pra ela.)
Angela me visitou.
( Anginha Donini, amiga lindaaaa e amada. Sempre é muito bom quando estamos juntas. Saudades!)
Alessandra Gulosa me telefonou e acho que foi a última vez que tive notícias dela.
(Gulosa formou em biologia. Onde andará?)
Diego começou na Industrial.
Tive uma conversa com Lucas sobre o por que me separei do pai dele.
Fer esteve em Botucatu e me visitou.
A loja da Mara Fátima fez um ano e teve festa.
( A loja era na avenida, vendia coisas lindas.)
Eliane e eu fomos várias vezes na Libanesa.
Foram muitos churrascos.
Alê Mendonça mudou pra Natal.
Muitos plantões.
Encontrei o Fernando Coró depois de anos.
( Não foi bom.)
O carnaval fechou o mês.
Saímos na Parmita de la mano.
Eliane de odalisca, eu de havaiana e Lucas de imperador romano.
(O esquenta foi na república do Moritz querido, perto do mercadão.
Belarmino ainda era vivo. Foi uma grande confusão afetiva depois do desfile e terminamos a noite no SPbar)
Decidi acabar com o que se arrastava.
(Demorou um tempo, ainda, mas acabou.)

Arrumei uma secretária do lar.

A foto está ruim, era de Polaroid, mas eu era essa Andrea.
“Se te pareço noturna
e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses
E era como se a água
Desejasse…”
Hilda Hilst
Tudo a ver com a época.

Foi intenso, fevereiro.
Tá bom de 1995.

Essa da Pity, se existisse, também combinaria…

Banho antes do almoço.
Relaxei.
Ahhhhhh, que delícia.
Muito creme hidratante pra amaciar.Delicioso!
Essa receita é da culinária da mamãe de décadas atrás.
A batata foi por minha conta.
Larica pouca é bobagem.

Comi de me fartar.
Depois dormi um soninho bom.

Tenho tido muitas emoções, algumas doloridas e outras de muita alegria, nesses contares memoriais.
Esse texto do Saramago tem muito a ver com a viagem do escrever.

“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:
“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”
José Saramago

Revisitar a minha vida tem trazido memórias também aos amigos envolvidos.
Está sendo uma catarse e parece que essa oportunidade veio no momento exato, pré 60 anos, cada vez mais próxima do século que pretendo viver inteirinho.
Me sinto muito contente.

Escrever é egoísmo libertador.
O melhor é que só lê quem quer.

Para reflexão.

“Há que ser forte.
Há que ser flexível.”
Provérbio chinês.

Resistiremos.

Seguimos.