Acordei sob o céu cinzento. Friinho.
O que me deu aquela preguiça boa dimaaaaiiiissss…Jornal no rádio, mais um cochilo.
Desencanei de reclamar da live da igreja, ontem.
Se a GCM Roberta me disse que estava autorizado, pra que perder tempo,?
Mas foi puxado suportar até 23:45h.
Ontem tive um encontro secreto no happy hour.
Como é secreto não posso dar detalhes que a patrulha possa condenar.
Mas foi um encontro de prosa e delícias, gustativas sim, mas, e principalmente, de idéias, opiniões, literatura, vivências e memórias que acalmaram meu coração perturbado de preocupações.

Porque é preciso um alento emocionante e edificante diante da realidade afetiva e do perturbador sócio-político  ao derredor.

É necessário uma pausa de bem querer e palavras boas, bem educadas, cultas, historicamente posicionadas.
Agradeço muito a oportunidade, pessoa que amo muito e pra sempre.

Bons dias ainda deitada.
Notícias da Hilda e da Niedja.
Ahhhhhh, queridas!

Mamãe ligou e me convocou.
Levantei, tomei café da manhã.
Higiene, mochila e fui.

Dia de rock’n roll no rádio.
O programa foi lindo.

Fiz as tarefinhas pra Marqueza e fui pra Ferrô.
Ontem não nadei e fez falta.
Alonguei bem devagar.
Fiz o quilômetro direto, crawl, em 34′.
Pensamentos.
Bolo, bem casados, vestido, armário, cama, Guarujá, aniversários, terminar o livro, ahhhh… nadando e vibrando pelas amigas, como será que será?, sem caimbras, muita sede.

Céu desbotado. Calor.

O mundo está de luto, baby
Maaaassss…
O que eu posso, o que podemos fazer além de resistir, acreditar, ter ética, seguir as regras…ohhh, baby!
Continuamos sendo minoria nesse mundo estranho, que insiste em repetir as histórias tristes por séculos e séculos ad infinitum?
Baby, não vamos desistir não! Não!

O papel de cada um de nós, amigos, é seguir resistindo!

Em casa.
Rotinas e plantinhas.
Banho e almoço.
Macarrão com brócolis huuuummmm….
Ontem foi o dia mundial de luta contra as hepatites.

Achei que era apenas da hepatite C.

Porque sou portadora curada e assintomática desse vírus.
E sei disso desde 1994, ainda em estágio probatório como funcionária pública, quando doei sangue pra escapar de uma falta injustificada.
Trabalhava também na Hípica, e no Cláudio Costa no jornal de anúncios, lutando pra sobreviver com os meus filhos.
Doei sangue e, desencanada, recebi um telefonema do Diego dizendo que tinha chegado uma carta pra mim, do hemocentro.
3 semanas depois da doação.

Era uma sexta-feira. Nunca vou esquecer.
Diego telefonou e já era noite.
Teria que esperar até a segunda-feira.
Era tarde quando cheguei em casa.
Lucas dormindo, Diego acordado e preocupado.

No sábado meus filhos foram pra casa da minha mãe. Estava combinado.
Passei o final de semana me destruindo, certa que tinha HIV.
Cheguei a escrever uma carta, que destruí.

Na segunda-feira fui trabalhar já me sentindo morta. Falei com a minha chefe.
No hemocentro, eu totalmente abalada, pedi pro Dr. Fábio ser claro…
Não, você não tem HIV.
Você tem hepatite C, que mata três vezes mais.
Ca-ra-leo!
Foi um choque que me levou das lágrimas a gargalhar… Hepatite C? Como assim?

A história é longa.
Se não está a fim pula parágrafos ok?

Fui encaminhada pro ambulatório da MI, moléstias infecciosas.
Atendida por um BA-BA-CA que hoje não é mais médico, Marcelo.
Que me disse de cara, Hepatite C, cirrose, câncer, morte.
Como assim?

Se ele era louco, eu era pior.
1994.
Me recusei, abandonei.
Me chamaram pra biópsia em 1995.
Minha mãe veio de Uberaba pra ficar com os meninos.
Não rolou.
1997.
Eu tinha deixado pra lá.
Novo chamado.
Dr. Caramori e Dr. Giovanni.
Biópsia.
Mamãe.
Preocupações.
Uma semana internada em isolamento pra biópsia de um minuto.
1998.
Hepatite C.
Novidade médica, objeto de estudo.
Quinze pessoas.
Três doses de interferon por semana, por um ano.
Termo de compromisso: não usar nenhuma droga sob risco de ter alterações psiquiátricas.
Um ano.
112 doses.
Emagreci 20 quilos.
Não tirei licença médica.
Perdi a libido.
Não negativei.

Tudo isso acontecendo e meu pai desenvolvendo Alzheimer.

E as pessoas ou achando que eu era soropositiva e não queria contar, ou colocando cerveja com álcool no meu copo quando eu ia ao banheiro.

Foi muito foda.

E eu tinha dois filhos, n empregos, uma adolescência tardia e a vida pra tocar.
Sem falar do papai, que veio morar perto de nós no meio do processo.

A camisinha se tornou uma obrigação.
Na mesma época vários amigos testaram positivo pra HIV.

Lembro claramente do dia, 112 doses e 20 kg mais magra depois, em que soube que tudotudotudo de horror, delirante e bullying que havia passado, soube que não havia negativado.

Foi o mesmo dia em que vi a tomo do cérebro do papai.
Estava vazio. Era a demência do Alzheimer.

Refletindo.
E daí que não negativei?
Estou viva e o meu pai não tem mais cérebro.
E segui.

Resisti siiiiiiimmm!

Tudo isso pra dizer:

Amigos!
Exijam exames de Hepatites em seu próximo retorno médico!

Fiz novo tratamento em 2005.
Uma dose por semana, 6 meses.
Negativei.
Estou maravilhosamente bem e feliz.
Mas já perdi amigos pra hepatite C.
Muito tempo antes de tudo isso… Provavelmente entre 1972/74, eu sou a de cabelo louro no meio de homens morenos.
Manuel e Luiz Fernando Nóbrega, Assis e João Nepomuceno.
Ahhhhhh que delícia, Todi Nóbrega!
Viagem no tempo, tempo bom!

Agenda 1995.

Julho.
O Baita Batata virou Ponto de Encontro.
Diego fazia segurança lá.
O bar do Ailton reunia os frequentadores do Baita, o som era bom mas não tinha o Zébão.

Gal e João Bosco arrasaram em Montreux.

Teve festa no Cafofo, aniversário do Tchelo.
Teve festa na casa da vó, do Lelo Armelin.
Fui pra São Paulo, Campo Grande e Aquidauana.
Através da Silvia Dionísio, Reni Cicalise e Rosinha, conheci a Igreja PL, a Perfeita Liberdade, cujos ensinamentos me orientam diariamente através do calendário.

Randall tocou no SP Bar. Foi deslumbrante.
Jantei com Lili e Alcir na Tabajara.
Assisti A Casa dos Espíritos.

De volta ao presente.
Um bom texto pra reflexão.

“Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!”
Martha Medeiros

Resistir, sempre!

Seguimos…