5 meses!

Não, a chuva não me fez dormir bem.
Ao contrário.

Tive uma noite de sobressaltos, por conta da constância da chuva.
Pensando sempre no amanhecer de 10 de fevereiro passado, dia em que minha neta Emilie fez 12 anos.

Talvez nem tenha sido a chuva.
Estou muito ansiosa, sem sair de casa desde domingo.
Vontade de açúcar.

Hoje é aniversário dele, meu primo tãotão amado e especial, Carlos Ronan.
Dedicado, generoso, solidário, um primo de boas palavras, com valores e ética.
Pai de três filhos, companheiro amoroso da esposa, professor, empresário, voluntário das boas causas, é uma pessoa que faz a diferença.
Homem bacanérrimo, Carlos Ronan é.
Te amo, primo!
Beijins e carins sem ter fim pra você!

Café da manhã bem caprichado.
Chove que chove.
Começo a ficar impaciente, o corpo pede piscina e braçadas, muitas.

No jornal da rádio muitas reclamações e observações sobre o transporte público de Botucatu.
Preguiça da Semutran, preguiça da falta de comunicação entre empresas, sub-secretaria e usuários.
Tão simples seria voltar os horários ao que eram e, a partir daí, melhorar conforme as demandas.
Muito ruim, muito chato e muito sem democracia.

No rádio, Love songs.
O Clayton não gosta das minhas escolhas nessa opção, kkk, não tocou de novo.
Toca aqui…

Fui ao mercado pra comprar uns legumes e fazer uma sopa de “sustância”, pra aquecer.
Bom prosear com as queridas do Magu.

Enquanto tudo acontece na cozinha, vou voltar pras aventuras das Cartas Lacradas.
A leitura é a melhor companhia.

A multi talentosa, Cissa Raphael, agora tem sua arte em desenhos animados num clipe musical, ebaaaaa!
Querida, tudo que vem de você é emoção, afeto e beleza.
Parabéns!
Agenda 1999.

Em 30 de maio meu avô Ruy teve alta do hospital.
Depois da cirurgia pra retirada de um tumor no músculo do braço, pós da anestesia, vovô voltou a sua juventude e, por isso, eu soube muito da história da família.
Desde a fazenda original, do meu bisavô Ronan, até a divisão entre os filhos, a paixão dele pela minha avó Lydia, o casamento, sobre seus estudos em Belo Horizonte, histórias do Ruy jovem e galante.
Ao mesmo tempo em que eu saiba que ele já não me reconhecia como Andrea, eu o conheci como o homem que era antes mesmo de ser o pai da minha mãe.
Sofrido, sim.
Mas muito bacana essa viagem ao passado que o Alzheimer me proporcionou.
Foi meu padrinho, meu amigo e incentivador.
Sempre apaixonado por minha avó, vivia arreliando com ela.
Também exaltava a beleza dos netos homens e a elegância das filhas.
Era um amor!
Sempre quis que eu prestasse concurso público e ficou muito feliz quando entrei na Unesp.
A primeira vez que fiquei ruiva, depois de um ano novo em Floripa, fui buscar os meus filhos em Uberaba.
Vovó falou, ” Andrea, que cabelo é esse?, e ele respondeu, ” Lydia, ela sempre foi ruiva.”
Meu avô amado, muitas saudades de você!
Ele faleceu no ano seguinte.

“Meu pai está bem mais debilitado (pelo Alzheimer) e é 33 anos mais novo que meu avô. Preciso me previnir pra não fazer do fim da minha vida esse delírio. Basta o meu delírio em relação a vida.
Li uma matéria sobre ex-materialistas.
Espírito-corpo-mente.
Meu triângulo está cambeta.
Talvez meu triângulo nem exista.”, escrevi.

De volta a 2020.

Prenderam o tio estuprador da menina de 10 anos, que passou por um aborto, ontem.
Esse episódio de violência tão triste e, infelizmente, tão comum, expôs, mais uma vez, a hipocrisia da sociedade brasileira.
O movimento contra o aborto não  reconhece o direito de escolha, e pra esses tanto faz que o risco de vida dessa criança fosse maior se a gravidez fosse a termo.

O Brasil que me envergonha.

Aquela mulher que ainda não sabe o que é, Sara Winter Geromini, expôs a criança e a família.
Tudo pra se auto-promover.
Perdeu a conta no twitter e do YouTube, o que é pouco.
Deveria ser presa, pra sempre.

O aborto é uma escolha pessoal.
Se a sociedade condena, dane-se!
É o direito de cada uma, que vai ter que viver com o custo emocional dessa atitude pra sempre.
“Meu corpo, minhas regras.”, siiiiiiimmm!

“Como pode o Estado – isto é, um delegado de polícia, um promotor de justiça ou um juiz de direito – impor a uma mulher, nas semanas iniciais da gestação, que a leve a termo, como se tratasse de um útero a serviço da sociedade, e não de uma pessoa autônoma, no gozo de plena capacidade de ser, pensar e viver a própria vida?”
Luís Roberto Barroso.

Filtros nas janelas.
E a sopa ficou muito gostosa, quente, reconfortante.

A chuva continua, sem preguiça de cair.

Dormi um soninho bem bom.

Parou de chover.
Um pacote de suspiros.
Mais um episódio de série.
A tarde se vai.
Frio.

Para reflexão.

“O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo.”
Nelson Mandela

Resistir, sempre!

Seguimos.