E dormi na casa da mamãe.
Em quartos separados, claro.
Pedimos pizza e deitei as 9 da noite.
Apaguei, dormi direto, foi muito bom.

Tudo pelo conforto pra acompanhá-la na geriatra, as 8.

Foi uma experiência diferente.
Principalmente pela posição do sol, da cama, do tudo no todo.

No HC com as restrições de contato.

A sala de espera do convênio mudou pro espaço onde, em 1993, comecei a trabalhar. O registro central, em frente ao Boulevard.
Muito bom é perceber que o tempo levou tudo que não merecia ficar… desapego total dos 22 anos, 2 meses e 12 dias que trabalhei aqui.
Amigos queridos ficarão pra sempre. E é só.

Todos os pacientes da geriatra agendados pro mesmo horário. A prioridade é definida pela profissional.
Estatuto do idoso existe mesmo?

Uma hora depois, a consulta.
Sempre gentil e competente, a médica checou os resultados dos exames, pediu outros.
Inclusive o teste do Covid 19.
Afinal mamãe fará 85 anos mês que vem.

De volta a cidade.

Enquanto ela voltava pra casa, fui pro mercado.
Nesse momento minha dificuldade com a máscara, 3 horas depois, que me causa ansiedade respiratória e seca minha boca… ahhhhhh, é praticamente um atentado ao bom humor.
Vou ter que me acostumar e ponto.

Deixei as compras na casa da mamãe e tchau querida.

No caminho…

Enrique Villa-Matas veio a minha mente. Aquela reflexão que já citei. Sou o que sou ou o que os outros veem em mim?
Ou
Sou o que sou.
Mas mudo o que sou quando me encontro frente a um outro que não é meu íntimo?

“Todo ser humano gosta de platéia e dá pra ela o seu melhor, que foi intuído”, me disse Lucas.

Refletir sobre isso chega a ser chocante.
E é pra isso que serve a reflexão.
Ou não?

Cheguei em casa.
Que alegria.

E a chave tetra me deu canseira, eita.
Dona Cida, querida, coincidentemente parou pra pedir informação e, tchantchan, abriu o portão de prima.

Nosso estado se reflete a nossa volta, bem diz o calendário PL.

Esfriou e chove fininho, conforme a previsão.

A esgrimista brasileira,campeã olímpica, Nathalie Moelhausen, dançou com suas espadas na Place de La Concorde, em Paris.
Celebração pelo final da quarentena.
Parabéns.

Jornal.

Cheguei a uma conclusão que já habitava minha mente, só faltava enunciar.
O palácio do Planalto não está no Brasil.
Todas as falas relativas a pandemia, ditas pelo PanDemônio, não são seguidas pelos outros dois governos, de Estados e municípios.
A realidade da contaminação que estamos vivendo não é compreendida pelos habitantes de tal palácio e da Esplanada dos ministérios.
Por sorte a justiça é vizinha mas não de quarteirão, afff!

Faltam atitudes reais de socorro a Estados, municípios e, especialmente, ao SUS, de maneira efetiva.

Os depoimentos dos ministros militares foi o que o eleito esperava. Mas houveram contradições, várias. E faltaram questionamentos, muitos.

E o ator que desgoverna não se contém.
Finalmente, fazendo a Regina das 8, entregou seus exames, negativos, pra Covid 19.
Chega de mimimi, porra!

O protagonismo da vez é a pandemia e suas vítimas.
Chega de todos os dias criar uma notícia escrota, dúbia, acintosa ou o que for.

A hora é de combate a doença e não de dar feno pro gado engordar o riso malvado, equivocado, inacreditável, abominável.

Triste Brasil.

Hoje é 13 de maio e até pouco tempo atrás comemorávamos o fim da escravidão.
Por não ser verdade, e sim apenas uma assinatura, saiu do calendário de “comemorações”.

“…Num mundo imperfeito
Mergulho nos fatos
Melhor me refaço
É a lei desse troço
Chorar, é importante
Igual sorrir…”
( Paulo Miklos)

Chove mais forte e a temperatura cai rápido.

Filtros nas janelas.

Preparei nhoque de espinafre com molho de gorgonzola.
Cobri com parmesão, queijólatra que sou.
Pra esquentar o corpo e a alma.

Alcir me telefonou.
E foi exatamente o que eu precisava ouvir.

“- Amiga, hoje eu surtei.
Não aguentava mais ficar em casa.
Dessarumado, feio, mal cuidado.
Tomei um banhão, coloquei uma Lacoste, uma Lewis e um cuturno, tudo novo.
Me perfumei…
– E foi pra onde?,  perguntei já muito curiosa
– Fui pro meu quintal!, kkkk, abri uma cerveja e…
– Choveu…
– Siiiiiiimmm! Aí fiquei no salão lá em cima e resolvi comemorar com a amiga que amo, você!
– Owwwnnnnnnnnn….”

Booooommm dimaaaaiiiissss!

Porque tudo isso vai passar.
Porque tudo isso vai servir pra muitas mudanças.
Começando pelo que realmente tem valor.
Passando pelo que realmente precisamos consumir e quando.
Fortalecendo os laços, desfazendo os nós e nos livrando do que não interessa e nem nos pertence.

Obrigada amigo amado!

Resistiremos, siiiiiiimmm!

Seguimos.