Dormi bem cedo, ainda cansada.
Estou envelhecendo sim.

Despertador. Meses depois.
Acordei. Banho, arrumar mochila, café, molhar mudas novas, ahhh… muito estranho voltar a ter horário.
Hoje é dia de hidroginástica.

Bons dias, boas palavras, tudo bem.
O dia ainda não se definiu. Nublado? Azul?

Talvez por conta da ansiedade do despertador, tive sonho agitado, até meu pai apareceu. Depois de muito tempo.
Hoje seria aniversário da tia Tera, a irmã mais velha dele. Querida tia Tera de pele linda, branca e lisa. Sempre cheirosa, sempre firme, sempre generosa, sempre conselheira.
Festa dos Moratos no outro plano.

Descer a rampa pra Ferrô, manhãzinha. Céu desmaiado.

A aula de hidroginástica foi muito gostosa.
Poucos alunos, tempo reduzido, regras sendo seguidas. Tudo de bom.

Fui visitar a mamãe.
Estava com saudades.
Ela me recebeu linda e sorridente, animada pra voltar pra fisioterapia, muito a fim de ir comprar roupas novas, enfim, minha mamãe que eu amo, com os olhos brilhantes.
A Pretinha também está menos saliente. Afinal já é uma mocinha de 3 meses.

Conversando com a mamãe, lembrei mais um pouco do sonho com papai.
Estávamos numa festa, poucas pessoas, uma escadaria em curva.
Papai queria ir embora, eu não queria.
Fui com ele por um trecho, voltei pra pegar uns salgadinhos pra ele levar.
Me disse pra não voltar tarde e se foi.

São muitas saudades, quase 21 anos de saudades.
E fiquei mexida por tê-lo visto em sonho, fiquei feliz por vê-lo tão bunitooooo, tão bem.
Meu paizinho tãotão amado.

Na rua.

Devagar tudo vai ficando em ordem.
Na Major Matheus, comércio fechado já que era antes das 10h. Todos usando máscaras, uns ainda de maneira errada, mínimas filas nos bancos e lotérica.
Parece que, aos poucos, aos trancos, as regras de combate a contaminação estão sendo respeitadas.

Em casa.

Dei o tratinho da semana e cuidei das plantas.
Decidi por fazer feijão preto com calabresa, bacon e costelinha de porco. Couve refogada. Arroz.
Esporte é isso, muuuuiiiitoooo apetite!

Enquanto tudo cozinhava, voltei ao meu acervo.

Me libertei de mais recortes, muitos.
Descobri cartas de amor que escrevi pro meu primeiro marido.
Além de cartas que enviei pra jornais.
Agora fica a decisão sobre que destino dar, lixo ou guardar, pra um próximo movimento.

Esse é o desafio: desapegar.

Uma mulher guerreira.

“Todos os dias, me levanto, olho no espelho, sempre me encanto, com meu cabelo e a cor da pele dos meus ancestrais”.
Reza a lenda que eu faço aniversário duas vezes no ano. Reza a lenda e rezo eu pra agradecer por tanta vida. Pra quem passou pelo que eu passei, celebrar durante um mês inteiro é pouco.
É em 23 de junho ou 22 de julho? Não importa. Eu comemoro as duas datas e nesse ano será o mês todo. É cara, mais uma primavera, mais um “passaporte” carimbado rumo a próxima década, mas não conto quantos anos tenho. Nunca parei pra contar. Ia dar uma trabalheira danada. Há dias em que nem nasci ainda, estou no ventre, em outros acabei de nascer, sei lá. Sou menina, filha do século 21 e mulher feita, tenho a idade de Nefertith. Vou vivendo, me reinventando e vivendo nos últimos anos, os melhores dias da minha vida.
O meu MUITO OBRIGADA por tudo e por tanto, obrigada ao meu São Jorge, a minha mãe Dona Rosália, meu pai, Seu Avelino, a minha família, meus filhos, minhas netas e netos, meus bisnetos, meus irmãos, aos meus empresário, minha equipe, meus músicos, meus compositores, meus amigos, meus fãs, toda imprensa, minha gravadora e cada um de vocês que em algum momento da vida dedicaram um minuto seu para curtir minha arte, minha vida, minha história.
Vai começar mais uma primavera! Que venha. Estou pronta ?”

Salve Elza!

Ahhhhhh, os meus guris!
Meu desejo de abraçar, beijar e estar junto…. Ahhhhh….

No Bulldog, em Amsterdam, foi muito booooommm!

As memórias que, assim como os pensamentos, ninguém pode nos roubar.
As memórias que aquecem o coração e aliviam a angústia de não saber o que virá.
As memórias tãotão queridas que ajudam a suportar as tristezas da realidade do Brasil.

É assunto velho, é assunto cansativo, é a vida real.
PanDemônio e pandemia.

Continuando as homenagens ao querido Gilberto Gil, o aniversariante da semana.

Depois do pratinho básico, o sono restaurador.
O céu continua sem saber o que vestir.
A tardinha cai.

Resistiremos.

Seguimos.