“O melhor o tempo esconde
Longe, muito longe
Mas bem dentro aqui…”

Começa o mês de Abril.

Hoje é aniversário de uma amiga amada e também seria de outro querido que já fez a passagem.

Caminhei, caminhei, caminhei.
Cansei e suei. Calor verânico.
Tinha muita energia acumulada. E ainda não acabou.

Nos anos 60 eu, e muitos dos meus amigos, morávamos no centro de Botucatu.
Alguns permaneceram.
Outros de nós mudamos para outros bairros.
A escola e o clube nos mantiveram próximos e próximos continuamos até hoje..

Me lembrei de muitas histórias quando ouvi sobre o novo Padre administrador da paróquia da vila Maria.
A primeira comunhão dos meus irmãos.
A rua Angelo Milanesi, onde cai muito até aprender a andar de bicicleta.
As reuniões de turma sob o poste, na calçada, até a primeira mãe ou pai chamar.

Por isso fiz arroz de forno pro almoço, faltou o Q-suco, fiz de acerolas, mas teve gelatina de cereja também.
Lembranças que me encantam até hoje.

O Haroldo bem colocou:
Estamos fazendo história. Todos nós.

Desde o “gabinete de prevenção” – nome que dei a toda equipe de autoridades municipais e apoiadores – também estão fazendo história cada um dos trabalhadores que estão nas ruas, hospitais, mercados, farmácias, rádios, redações de jornais e de tvs, nos bancos, recolhendo lixo, limpando terrenos, atendendo telefone, os carteiros, entregadores de água e o Padre que não terá missa de posse.

Cada um de nós está fazendo história.
Ficando em casa também.

Terminei os compromissos da minha mãe.
E, nas conversas que temos tido, tem rolado muito assunto engraçado, esquecido.
Ela tem sido o meu melhor alicerce.
Sempre foi, mas agora é diferente.
É de muita importância.

Tudo está diferente sendo igual.
Repito Cecília Malan: é o novo do de sempre.

Diferente o silêncio, diferente o olhar pro próprio espaço, diferente a qualidade dos poucos e pequenos encontros casuais.

Estou me sentindo mais atenta aos detalhes. Mais ainda.

Quando vejo Madri e Lisboa pela tv, fico buscando imagens dos lugares que tive o prazer de conhecer. Mesmo que os veja não são os mesmos.
O vazio.

Um vídeo, ontem, dentro da Catedral da Sagrada Família, me fez chorar
pensando no dia em que meus filhos e eu lá estivemos.
E foi lindo. E é inesquecível.

Esses insights todos, que variam no tempo e espaço desses meus 59 anos de vida, são o melhor desse isolamento.

Já escrevi aqui que sei que sou privilegiada.
Não é só o lance de estabilidade de uma aposentadoria básica.
Meu maior e melhor privilégio é minha rede de apoio afetivo, de alento amoroso, do fraterno envolvimento que tenho em minhas relações.
Esse o privilégio.

Na vida lá fora, das ações, da logística e da falação, não tem nada fácil.

O eleito fez o bom moço, blá blá blá, e já aprontou de novo. Querendo armar mais um desgoverno “paralelo” não convidou o ministro da saúde pra uma reunião com outros médicos. Uma reunião pre-sen-cial!
Que porra é essa, irresponsável?
Completando a sua balbúrdia diária, fez um vídeo falso sobre desabastecimento.
Mulecagem.
E hoje parece que assina os tais R$600.

Os governadores, prefeitos e equipes, eles sim, tem  trabalhado muito.
Atualizam as ações dia a dia, acompanhando a evolução dos fatos referentes a pandemia.
Ok se pra alguns envolve também a imagem e futuras eleições.
Nem importa.
O que importa é o cuidado com a população.

Denúncias de preços extorsivos, de alimentos e de gás. Muito feio.

A falta de EPIs é um problema mundial.
A falta de respiradores também.

O atraso no resultado dos testes faz com que os números mudem a todo momento.
O que causa confusão e insegurança.
Não sabemos, de fato, a quantas anda a contaminação e os óbitos por Covid 19.
Fato é que os mortos tem de 23 a muitas dezenas de anos.
Triste.

E os cientistas não param.
A USP de São Carlos desenvolveu um rodo com radiação ultra violeta que inativa vírus.
A Unesp de Botucatu apresentou um anti-séptico para uso dos profissionais de saúde.
Muito bom.

E é assim o tempo inteiro.
Boa notícia, notícia ruim, esperança, revolta, dualidade.
E haja sanidade pra nós!

16 mil exames já se acumulam no Instituto Adolpho Lutz.
Então o número de óbitos pelo vírus, em São Paulo, pode ser muito maior que 201.

Nesse final de tarde, são 240 mortes e 6836 casos confirmados.

Então, tá aumentando muuuuiiiitoooo.
Pense que as pessoas sérias estão afirmando que o isolamento social é fator atenuante desse horror e tristeza.

Seja cidadão.
#fiqueemcasa

Fortaleza pra todos nós.

Seguimos.