O ano de 2017 vai ser histórico na vida de mais de 500 mulheres e crianças de Botucatu, vítimas de violência doméstica, pedofilia e estupros. Neste ano, até o mês de setembro foram registrados 494 inquéritos na Delegacia da Mulher (DDM), mas diminuiu a quantidade de pessoas presas. Foram 50 flagrantes e 59 prisões, em relação a 2016.
Nos 12 meses de 2016 foram registrados 517 inquéritos e 66 pessoas presas em flagrante. Os números são da Secretaria de Segurança Pública, baseado nos ajustes que os burocratas do Governo executam.
Militantes dos direitos das mulheres em Botucatu afirmam ser maior o volume de casos de agressões contra a mulher, crianças e idosos, que os registrados na DDM. A Secretaria de Segurança Publica não respondeu questionamentos encaminhados na semana passada sobre o aumento da violência contra a mulher.
Recentemente em uma entrevista Izabel Conti, do Conselho dos Direitos da Mulher, afirmou que muitas mulheres não registram ocorrências de violência, por vergonha ou pressão da família.
Por protocolo muitas mulheres espancadas e feridas que procuram auxilio nas unidades de saúde são questionadas sobre a origem dos ferimentos, mas muitas, por razões econômicas acabam escondendo as agressões dos companheiros.
MULHER SAI DE CASA
Há cerca de 20 dias uma mulher de 31 anos – moradora em Rubião Junior – abandonou a residência onde vivia com o companheiro de 54 anos, depois de descobrir que o marido estava fazendo carícias intimas na filha adotiva de 9 anos.
“Vi que o comportamento de minha filha estava diferente e desconfiei. Sai com minha filha para conversar e no carro comecei a direcionar a conversa para intimidades e ela contou que há algum tempo ela vinha sendo assediada pelo meu ex-marido, com quem vivi nove anos”, contou a mãe, que pediu anonimato. “Nunca imaginaria viver uma situação dessas. Parece que perdemos o chão”, lamentou.
O caso foi registrado na Delegacia da Mulher, mas até agora o cidadão não foi oficialmente processado na Justiça e está solto, insistindo para o retorno da ex-mulher e enteada ao lar. Na delegacia da mulher o homem acusado teria afirmado que tudo “foi um mal entendido e que não teria feito carícias íntimas” contra a enteada, mas em um telefonema para a ex-companheira o acusado se desculpa e reconhece que teria tocado a criança “apenas uma vez, por fraqueza”, estando envergonhado de seus “atos”.
Nessa gravação oferecida ao Leia Noticias pela mãe e ex-esposa, o suposto criminoso também destaca que com a volta ao lar, “a vida será diferente daqui pra frente”, diz em um trecho da gravação.
GCM: CASOS TODOS OS DIAS
O subcomandante da GCM Weber Pimentel relatou que todos os dias os agentes da GCM são acionados para auxiliar mulheres em situação de risco. Ele conta que o trabalho vai desde orientação mediando conflitos, até encaminhamento para a Delegacia da Mulher.
“A Guarda Municipal faz atendimento praticamente todos os dias de situações envolvendo violência doméstica. A grande maioria das vezes é feita a mediação de conflito ou é feita uma orientação à vitima de violência domestica ou vitima em potencial”.
Há situações em que a mulher, mesmo agredida não deseja fazer o Boletim de Ocorrências, mas existem momentos em que a mulher está decidida a por um ponto final no calvário de sofrimento.
“Alguns casos são levados à Delegacia da Mulher quando chega a decisão da vitima de representar contra o agressor e, dali em diante, segue o processo pela Delegacia especializada. Praticamente toda semana fazemos flagrante de crime violência doméstica, seja por ameaça, lesão corporal ou agressão e alguns casos já registramos tentativas de homicídio. Infelizmente é muito comum encontrarmos essas situações de violência”, relatou.
ONDE DENUNCIAR
Denuncias contra a violencia domestica, familiar ou contra a mulher pode ser feita na Delegacia da Mulher ou atraves do fone 180. A GCM atende no fone 199 e a PM 190
2017
Jan 50
Fev 31
Mar 51
Abr 51
Mai 94
Jun 35
Jul 34
Ago 61
Set 87
Total 494
2016
Jan 45
Fev 62
Mar 46
Abr 44
Mai 82
Jun 41
Jul 36
Ago 36
Set 33
Out 30
Nov 30
Dez 32
total 517