Empresas de venda direta desenvolvem projetos para mulheres vítimas de violência
Empresas de venda direta desenvolvem projetos para mulheres vítimas de violência

Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), mostram que o Brasil é o quinto país com mais vítimas de violência doméstica. Agressões e abusos psicológicos dentro do próprio lar, vem, em sua maioria, de maridos contra suas esposas. Para combater a gravidade do atual cenário brasileiro, as empresas do setor de venda direta vêm promovendo uma série de projetos de empoderamento para auxiliar mulheres em situação de vulnerabilidade.

Foram os casos da Avon que, durante a pandemia da Covid-19, desenvolveu o Programa Acolhe, que oferece suporte e apoio para atender meninas e mulheres em situação de violência doméstica e familiar, e da Mary Kay, que distribuiu batons para alertar as pessoas sobre o tema e indicar formas de pedir socorro e locais de acolhimento. Já a Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD) incluiu a categoria “Impacto Feminino” no Prêmio ABEVD 2022, que incentiva as empresas do setor a desenvolverem projetos que possam ajudar, acolher e incentivar mulheres que sofreram violência doméstica.

Atualmente o setor conta com mais da metade de seus empreendedores independentes composta por mulheres (58%), enquanto dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 82% das mulheres que trabalham com revenda de produtos e serviços empreendem por necessidade, sendo 49% delas chefes de família.

A presidente da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), Adriana Colloca, pontua que esses projetos são de extrema importância para auxiliar mulheres vítimas de violência doméstica. Por ter grande capilaridade, as empresas do setor conseguem se comunicar com mulheres de todo o país, nas mais diversas situações sociais e econômicas. “Levar conscientização dos diversos tipos de agressões existentes, de como realizar denúncias e como sair dessa situação é essencial para acolher e tornar, cada vez mais, mulheres livres de violências domésticas”, afirmou

O Instituto Avon, criado em 2003, desenvolveu durante a pandemia de Covid-19, em 2020, o Programa Acolhe, que oferece suporte e apoio para atender meninas e mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

“Cerca de 310 municípios, em 22 estados do país, estão habilitados a usar o Programa Acolhe, que já ofereceu 2.145 diárias para abrigo temporário e impactou 573 mulheres e seus dependentes – filhos e parentes próximos – desde 2020. Em 2022, tivemos três novos acordos assinados para a implementação da iniciativa, desta vez com o Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê, e nos estados da Bahia e do Amazonas”, explicou a gerente de Causas do Instituto Avon, Renata Rodovalho.

Sabrine Esthefani, paranaense de 28 anos e mãe de dois filhos, conta que viveu um casamento tóxico por 11 anos, repleto de agressões físicas e emocionais. Após receber ameaças de morte, foi convencida por uma amiga a buscar ajuda numa igreja próxima a sua casa, tendo sido levada para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) onde conheceu o Programa Acolhe. “A minha vida durante 11 anos foi complicada. Hoje em dia não é mais. Só alegria com os meus filhos. Tenho o meu terreno e quero construir a minha casa para ter o meu porto seguro com eles”, relatou Sabrine.

Eduardo Vilhena, responsável pelo Instituto Mary Kay, enfatizou que a Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, criada e gerida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), na qual o Instituto Mary Kay é parceiro, busca oferecer um grito silencioso às mulheres vítimas de violência doméstica e instruir a todos que uma mulher que mostre esse sinal precisa ser acolhida e as autoridades acionadas imediatamente.

“Quando distribuímos mais de 5 mil batons foi um ato de conscientização da população sobre a Campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, para que todos saibam o que é, como agir, bem como para que as vítimas saibam que podem pedir socorro por meio de um sinal silencioso. Elas precisam saber que não estão sozinhas”, explicou Eduardo Vilhena.

A empresa Mary Kay, em novembro de 2021, firmou parceria com um Shopping de São Paulo. Juntos, montaram um stand e distribuíram milhares de batons vermelhos com o intuito de fazer a população conhecer instituições que acolhem e auxiliam mulheres vítimas de violência. Além disso, a empresa também firmou parceria com a Prefeitura de São Paulo, para iluminar cinco pontos turísticos da cidade em alusão à campanha e ao Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher.

Os projetos do Instituto Avon e Mary Kay foram reconhecidos, respectivamente, com o Prêmio ABEVD Ouro e o Prêmio ABEVD Prata em 2022. A dependência financeira do cônjuge, dificuldade de as vítimas reconhecerem que estão em uma situação de violência, falta de conhecimento de canais de denúncia e o medo de denunciar, elevam os casos a patamares mais graves e irreversíveis, como o feminicídio.