Editado há quase 100 anos, o livro Anna Roza e Chicuta é um dos ícones da literatura botucatuense. Mas, dada sua longevidade, raros exemplares sobrevivem. A rigor dois, que eu saiba, e uma cópia datilografada por Elda Moscogliato, acadêmica da ABL, já percebendo seu desaparecimento.
        Esta cópia, que agora damos ao conhecimento foi feita a partir de um livro guardado, carinhosamente, pelo tipógrafo Alberto Matheus Vieira, que sempre disse à sua família que foi presenteado pelo dr. Antonio Gabriel Marão, juiz de Direito, falecido.
        É uma cópia fiel, escaneada para poder constar deste armazém de livros raros, que abri dentro do site do professor Roberto Ribas e, com isso, salvá-lo do desaparecimento a que estão destinados todos os livros de antiga edição. Afinal, neste 2020, são 98 anos de sua escrita e edição. Um milheiro, segundo uma de suas páginas. Pois então, o tempo faz estragos!!!
Veja aqui a cópia em PDF escrita há mais de 100 anos
   O tipógrafo Alberto Matheus Vieira, que o guardou, passou por todas as tipografias de Botucatu: Serra Neto, Camargo, Riachuelo, Correio de Botucatu, Amaral, Rebêlo (Paulista), entre outras. Nasceu em 28 de outubro de 1911 e faleceu a 03 de janeiro de 1975. Como se vê, quando o livro foi escrito e publicado, ele já tinha 11 anos. Teria ele ouvido falar dessa publicação? Teria ele visto a sua manufatura? Afinal, antigamente começava-se a trabalhar muito cedo. E com 11 anos, e até menos, muitos já trabalhavam. A verdade é que, folheando o livro, pelas suas anotações, percebe-se o carinhoso trato que lhe dispensava. Tipógrafos eram assim, gostavam da profissão e de seu produto.
      Por fim, sobre o autor, João Correia das Neves, sabe-se o que ele mesmo fala em suas páginas. Nasceu em Pernambuco, tinha 8 obras prontas para sair e 5 em elaboração. Em 1922, estava aqui em Botucatu, pronto a fazer história, da qual a cidade nunca mais esqueceria. E, como ele mesmo diz “romance começado na noite de 01 de agosto de 1922 e terminado na de 8  do mesmo mês e ano”. Pesquisou no processo judicial dos condenados pela morte de Anna Roza e entrevistou contemporâneos dos fatos, a eles levado pelo artista Hugo Pires, outro personagem da Botucatu antiga, que deixou escrito um precioso livro intitulado “Memórias de um Botucudo engravatado”, sob o pseudônimo de Macedo Lopes..
      Quero agradecer e homenagear o tipógrafo Alberto Matheus Vieira e seu filho Roberto Matheus Vieira, guardião de obra tão rara, nos últimos 45 anos, que se lembrou de popularizar tão importante trabalho (romanceado) de nossa história real. Observação: Alberto Matheus Vieira é o pai, também, de Luiz Antonio Matheus Vieira (o bolinha) e Amauri Matheus Vieira.
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João Carlos Figueiroa, especial para o Botucatu Online