Nesta semana, a equipe do Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (CEMPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp, câmpus de Botucatu, colaborou com o tratamento de uma fêmea de preguiça-real (Choloepus didactylus), que esteve sob cuidados hospitalares desde fevereiro deste ano, em Manaus. A soltura do animal ocorreu esta semana.

A preguiça, de aproximadamente 5 anos, foi encontrada próxima a uma residência, na área urbana de Manaus e encaminhada pelo Batalhão de Polícia Ambiental do Amazonas ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do Amazonas. O animal apresentava apatia, ferimentos superficiais e profundos nos membros inferiores, com sinais clínicos característicos de eletrocussão.

“Infelizmente esses animais são frequentes vítimas de eletrocussão e atropelamentos devido à expansão urbana da cidade de Manaus”, explica Laynara Silva dos Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em  Animais Selvagens da FMVZ/Unesp, cujo trabalho aborda a conservação de xenarthras (preguiças e tamanduás) na Amazônia, sob orientação do professor Carlos Roberto Teixeira, coordenador do CEMPAS/FMVZ.

O processo de internação, manejo e reabilitação feito no CETAS durou cerca de cinco meses. O CETAS Amazonas fica localizado na área urbana de Manaus e é coordenado pela bióloga Natália Lima, com apoio de tratadores. O professor Teixeira e a equipe do CEMPAS deram suporte remoto ao tratamento realizado no animal que, após avaliado e medicado pelo veterinário clínico especializado Laerzio Chiesorin, foi submetido ao procedimento de cirurgia de osteossíntese de fêmur por fixador externo, realizado pelo médico-veterinário Daniel Alexander.

A soltura do animal ocorreu numa área da Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM, terceiro maior fragmento florestal do mundo, que abriga uma rica biodiversidade. O animal atualmente está sendo monitorado a partir de rádio colar pela equipe do professor Ronis da Silveira.

A preguiça-real é um animal de hábito solitário e arborícola, com maior atividade durante a noite. Alimenta-se principalmente de folhas, frutos, brotos e pequenos vertebrados. Ocorre a leste dos Andes, no sul da Colômbia, Venezuela, Guianas, Equador, Peru, e no norte do Brasil, no bioma da Amazônia. “Esse é o primeiro registro de tratamento, reabilitação e monitoramento de uma preguiça real vítima dos problemas decorrentes da urbanização”, conta Laynara. “Ela consegue se locomover bem, está clinicamente saudável e consideramos um sucesso para equipe. Agora, ela segue sendo monitorada em uma área verde que é crucial para Manaus, para essa e outras espécies”.

 

Assessoria