Com a redução expressiva na média diária de casos de Covid-19, a vacinação em massa realizada em Botucatu também reflete no sistema de saúde. A cidade participa de um estudo da Unesp em parceria com a prefeitura, Ministério da Saúde e outras organizações sobre a efetividade da vacina Oxford/AstraZeneca.

Como parte do estudo, a população adulta, de 18 a 60 anos, foi vacinada com a primeira dose do imunizante.

Em relação aos casos, na sexta semana após as ações de imunização em massa (fechada no sábado, 26 de junho), a cidade registrou queda de 71% na média diária de casos de Covid, que passaram de 141 por dia para 40

Segundo o médico infectologista e responsável pela pesquisa, Carlos Magno Fortaleza, como consequência da redução na média diária nas duas últimas semanas encerradas (até 26 de junho), houve também uma queda de 46% nas internações.

“Na enfermaria onde atuo na linha de frente, que é uma das tantas que atendem pacientes de Covid, nós tínhamos há duas semanas 18 pacientes e quatro deles em ventilação mecânica aguardando UTI, e hoje são oito pessoas e ninguém aguardando transferência para UTI. Isso é uma questão muito sensível, tanto na rede básica de saúde como nas unidades hospitalares, que reduziu o impacto da Covid. O colapso hospitalar, que era o nosso temor, ficou mais distante”, destacou o pesquisador em entrevista.

Outro reflexo da vacinação em massa foi sentido no Hospital do Bairro. Pela primeira vez desde o início da pandemia, o hospital, que tem dez leitos de emergência para pacientes com Covid-19, não registrou nenhuma internação no dia 23 de junho, dentro da sexta semana após a vacinação em massa.

O Hospital das Clínicas segue com alta ocupação (107%, segundo o boletim desta quarta-feira), mas a unidade é referência e atende pacientes de 68 municípios da região.

Avaliação dos resultados

Pesquisadores que acompanham o estudo de efetividade da vacina veem essa queda pela segunda semana consecutiva já como reflexo da primeira dose da Oxford/AstraZeneca, mas o acompanhamento dos números pode reforçar essa relação.

O uso de máscara e distanciamento devem continuar sendo respeitados. A segunda dose está prevista para agosto. Na entrevista à Globonews, Carlos Fortaleza também falou sobre a expectativa com o resultado final do estudo.

“Nós temos duas possibilidades bem curiosas, nós temos possibilidade de ter um impacto muito bom, mas inferior ao dos ensaios clínicos, porque nós temos pessoas idosos, com doenças crônicas sendo imunizadas. E a outra possibilidade que parece real é exatamente o contrário, porque uma vez que a gente tem não só a imunidade individual, mas também a chamada imunidade de rebanho agindo sobre a circulação do vírus e assim podemos ter um resultado ainda melhor que aqueles ensaios clínicos feitos para registrar a vacina.”

“Então nossa grande dúvida é – nós sabemos que vai melhorar – mas não sabemos se vai ser mais, menos ou igual aos ensaios clínicos que foram feitos para liberar a vacina”, destaca.

 

Botucatu está em primeiro lugar no número de doses aplicadas no estado de São Paulo, segundo dados do Vacinômetro.

Dos cerca de 148 mil habitantes, 120.405 receberam a primeira dose, cerca de 81% da população geral. A população adulta, porém, está basicamente toda vacinada, segundo a prefeitura.

O estudo inédito de efetividade da vacina Oxford/AstraZeneca avalia também as cepas do coronavírus.

G1