A pandemia de COVID-19 está se espalhando pelo interior do Estado de São Paulo, segundo o alerta do Centro de Contingência do Coronavírus, com base em um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) coordenado pelo professor Carlos Magno Fortaleza, também integrante do grupo.
O levantamento foi apresentado durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes nessa terça-feira (28). A modelagem mostra que as cidades consideradas polos regionais, como Campinas, Bauru e São José do Rio Preto, apresentam cinco vezes mais chances de disseminação do vírus do que outras cidades menores, com baixa densidade populacional e menor conectividade com municípios de sua região (veja o mapa e os dados abaixo).
A pesquisa aponta ainda que a rota de disseminação do vírus se concentra ao redor da capital, na Região Metropolitana, e se dissemina pelas principais rodovias que cortam o interior do Estado.
Além da densidade populacional, o estudo observou a distância como outro fator importante de dispersão da COVID-19. “O risco imediato, como é a condição de vigilância neste momento, é 25% menor a cada 100 quilômetros de distância da capital”, ressaltou o docente. Portanto, há tanto o salto entre os grandes centros regionais quanto à difusão por vizinhança e contiguidade de municípios.
Dados da COVID-19
O Estado registrava 2.049 óbitos nesta terça-feira (28). Desse total, 728 residiam em cidades do interior, litoral e Grande São Paulo, por onde a doença tem crescido – são 141 municípios com pelo menos um óbito, incluindo a capital.
Quase metade do total de municípios em SP já foi alcançada pela COVID-19. Das 645 cidades de SP, 305 tiveram pelo menos um caso da doença. Entre os 24.041 confirmados em todo o território, 8.644 dos infectados moravam fora da cidade de São Paulo.
O estudo da Unesp elenca quinze cidades que, juntas, concentram 70% do total de casos e mortes em SP.
Confira abaixo o mapa os dados atualizados referentes a esses municípios.
Divulgação/Secretaria da Saúde
Isolamento social
Carlos Magno Fortaleza enfatizou que é preciso manter expressivo índice de isolamento social nesses polos, para evitar que o contágio atinja também os de menor porte, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que prevê quatro tipos de municípios no interior: os polos regionais, os extremamente conectados com polos, os menos conectados e os rurais.
“É grande a necessidade de que os grandes centros regionais mantenham maior rigor no isolamento, o que vai impactar nos demais [em relação à circulação do vírus]”, afirma o professor da Unesp.
Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip salientou que existe uma falsa sensação de que o interior paulista está protegido contra a COVID-19, mas, se não houver cooperação por parte dos moradores, especialmente dos centros regionais, a doença poderá se alastrar ainda mais pelo Estado.
“Como o professor Fortaleza deixou claro, há uma difusão evidente da pandemia para o interior. Ela está atrasada em relação ao município de São Paulo, à área metropolitana, mais ou menos em duas semanas. Por quê? Por conta das medidas de confinamento e afastamento social que foram adotadas precocemente no Estado. Além disso, os mapas epidemiológicos, o ecossistema e a georreferência serão um conjunto de dados para subsidiar as decisões e aconselhamentos do Governo do Estado”, destacou David Uip durante a coletiva de imprensa.
O secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann, também reforçou a importância das medidas de isolamento social nas cidades paulistas para evitar a propagação do vírus. “Não há dúvida de que o isolamento social menor representa casos a mais da doença, e casos a mais significam óbitos a mais. Nós estamos trabalhando em alerta amarelo”, disse em entrevista coletiva nesta terça-feira (28).
O presidente do Conselho de Secretários Municipais do Estado de São Paulo (COSEMS), Geraldo Reple, secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, participou da coletiva de imprensa e abordou a interação com o Centro de Contingência do Coronavírus.
“A ideia de que a presença do COSEMS nesse grupo é que as decisões tenham um caminho mais rápido, pois, na realidade, o problema acaba sendo lá na ponta, no município, onde as coisas acontecem realmente. Temos uma realidade na Grande São Paulo e outra no interior. A nossa participação é para que consigamos disseminar a informação e tentar também ser uma mão de dupla via, do comitê para os municípios e dos municípios para o comitê”, pontuou.
(da assessoria/ Portal do Estado).