Os dois irmãos de Garça (SP) que fizeram transplantes de coração em um período de 48 horas de diferença já receberam alta do Hospital das Clínicas de Botucatu e agora seguem com os cuidados em casa, sob responsabilidade da mãe, que também é transplantada.

Gustavo e Paloma, de 18 e 19 anos, têm uma doença cardíaca, genética e rara chamada Doença de Danon. A mãe deles, Noeli Rodrigues de Souza, também já precisou passar pelo transplante do órgão e perdeu um filho de 15 anos com a mesma doença no ano passado.

Agora, ela contou sobre a importância de manter os cuidados pós-cirúrgicos em casa e disse que se desdobra para suprir as necessidades dos filhos.

“Eles estão na parte mais sensível que é a recuperação em casa. No hospital era cuidado total porque estava com toda a equipe, anjos maravilhosos que só tenho a agradecer, mas agora estão aqui em casa, no aconchego do lar que é maravilhoso. Mas é uma parte bem sensível e eu, transplantada, estou correndo bastante para que nada saia do controle”, conta Noeli.

“É uma responsabilidade muito grande, mas estou me desdobrando para fazer. Preciso me doar ao máximo para eles”, continuou a mãe.

Os irmãos receberam alta juntos nesta quinta-feira (22) após 11 dias de internação. Durante o período em que estiveram no hospital, eles permaneceram na UTI para que ficassem isolados. Essa atitude era necessária porque pacientes transplantados fazem parte do grupo de risco da Covid-19.

A família também aguarda o momento em que vai poder receber a vacina contra a doença. Segundo o governo do estado, pessoas com Síndrome de Down, pacientes transplantados e pacientes renais em diálise poderão tomar a primeira dose do imunizante a partir do dia 10 de maio.

De acordo com Noeli, a equipe médica informou que ela e os filhos já vão ser incluídos nesta etapa da vacinação. Além da recuperação em casa, os jovens devem ir uma vez por semana ao ambulatório do Hospital das Clínicas para fazer acompanhamento.

 

Relembre a história

Os irmãos têm uma doença cardíaca, genética e rara chamada Doença de Danon. Segundo o coordenador clínico do programa de transplante cardíaco do HC da Unesp, Marcello Felício, essa doença tem um componente genético que é passado pelo lado materno.

“Essa doença acomete o coração, causando uma hipertrofia do músculo cardíaco. O músculo fica mais espessado e, em alguns casos, o coração pode também dilatar. Está associado a arritmias graves e muitos pacientes apresentam também morte súbita”, explica Felício.

O rapaz de 18 anos havia conseguido um doador compatível primeiro. No último dia 9, o órgão foi transportado do Paraná pela Força Aérea Brasileira. Enquanto ele se recuperava na UTI, no dia 11 deste mês, a irmã também conseguiu um coração compatível.

“Esse milagre que aconteceu dentro desses sete dias foi tremendo para mim. Até a medicina ficou abismada com o que aconteceu. No meio de uma pandemia, aparecerem dois corações assim para os dois irmãos foi muito lindo, não canso de agradecer”, declarou a mãe.

Fonte: G1