Foto Revista Istoé | Pedro Dias e Jefferson Bernardes/Preview.com
Faleceu o ex-marido da ex-presidente Dilma Rousseff Carlos Araújo. Foi no primeiro minuto deste sábado,12, em Porto Alegre, na Santa Casa de Misericórdia, onde estava internado desde o dia 25 de julho, devido a um quadro de cirrose.
Em 1970, no dia 12 de agosto (detalhe para a data), 47 anos atrás,  um botucatuense Darcy da Rocha Camargo – funcionário da FCMBB, hoje Unesp –  recusou ordens do Dops para atropelar e matar o então militante de esquerda, na rua Clélia, na Lapa.
Carlos Araújo (em 12 de agosto de 1970), ganhou sobrevida que terminou neste sábado, 12, durante o enfrentamento que teve com torturadores durante o regime militar, graças a um botucatuense, então motorista da FCMBB – Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, que recusou uma ordem dos agentes do Dops – Departamento de Ordem Politica e Social – de passar com o veiculo da instituição sobre o militante da VAR Palmares, na rua Clelia, em São Paulo.
Segundo uma antiga reportagem de 2013, da revista Istoé, Carlos Araújo imaginou o fim da serie de tortura que vinha sendo submetido no DOPS e inventou aos seus torturadores que os levaria até o local onde estaria o temido revolucionário Carlos Lamarca, então um dos militantes anti-ditadura, mais procurado pela repressão dos militares que governavam o Brasil.
O ponto supostamente seria na rua Clelia, na Lapa.
Araujo imaginava que com o fluxo de veiculo intenso, ele teria condições de se matar e por fim a série de torturas que enfrentava e evitar denunciar os companheiros guerrilheiros.
Detalhe do registro do Dops, 47 anos depois do ‘atropelamento’. Relatorio foi feito no dia 13 de agosto de 1970
Como ele titubeou em relação aos veículos grandes,então jogou-se embaixo de uma kombi verde, dirigida pelo botucatuense Darcy da Rocha Camargo, ex-servidor da FCMBB/Unesp.
Antes de ser levado pelos torturados para o Hospital das Clinicas de São Paulo, Darcy recebeu ordens dos agentes do Dops, (era a equipe do mais temido torturador, o delegado Sérgio Paranhos Fleury), para passar por cima da vítima que teve ferimentos graves.
Segundo a publicação, a ordem foi a seguinte: “Dê a ré e termine o serviço para nós”, determinou o oficial.
Darcy respondeu que não iria matar ninguem.
Darcy e Carlos conversaram pela primeira vez depois de uma reportagem, em que o ex-deputado e ex-marido de Dilma revelou o episódio na revista.
Segundo a reportagem, Darcy achou estranho o rapaz saindo correndo e se jogando embaixo da Kombi.
“Fiquei me perguntando naquela hora do incidente, será que matei o homem?”
Carlos Araujo respondeu:
“Eu que devo explicações. Imagina um sujeito se jogando como louco embaixo do carro do senhor”.
Esse foi o único momento em que o botucatuense teve contato com ações da ditadura. Ele contou na mesma reportagem (leia aqui) que promoveu o encontro, ser avesso a politica e que teria votado na Arena (partido dos militares) e também, anos mais tarde no PT.
A kombi verde envolvida no incidente era da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu e seguia uma escala de trabalho. Ele estava com três outros colegas e teriam ido a São Paulo levar documentos e recolher materiais para uso na FCMBB – hoje Unesp
Carlos Araújo conheceu a ex-presidente em 1969, quando militavam na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares – conhecida como VAR-Palmares.
A única filha da presidente Paula Rousseff Araujo foi com Carlos. Ele teve ainda os filhos Leandro e Rodrigo de outro casamento e dois netos.