Em algum momento da madrugada levantei e comi o docinho espetacular da minha cunhada.

Frio, muito frio.

Vou colocar mais uma fechadura no portão. Agora é tetra.
É um lance que vem pegando há algum tempo e, então, vamos resolver.
Meu respeito pra aqueles que cumprem o horário combinado.
Valeu Jeff!

São oito horas e o céu está azul desmaiadinho de nuvens.

“…Minha sede é dos rios
A minha cor é o arco-íris
Minha fome é tanta
Planta flor, irmã da bandeira
A minha sina é verde-amarela
Feito a bananeira..”(Aldir Blanc em Nação)

Ahhhhhh, Brasil.

Em Botucatu o HC abre mais 8 leitos de UTI para Covid 19.
E depois serão mais 14.
Pra totalizar 30.
Já pensando nos próximos casos.
São 32 internados. O número de óbitos estacionou em 4.
Faltam recursos pra equipar e trazer mais servidores técnicos.

Filtros nas janelas pra começar meu dia.

Conversei com a poeta. Que vai cortar os cabelos e ficar mais linda.
Com o amigo.
Com a amiga médica e atleta em Piracicaba. Hoje de capote azul, na frente de batalha, em homenagem a coluna, adoreiamei querida!
Com a amiga médica e atleta em Botucatu. Que voltou a operar, vivas!
Com a amiga em Campinas. Que virá amanhã, ebaaaaa! Só não poderemos abraçar e beijar mas, ahhhhhh, só de ver é muito bom.
Com a mamãe. E as aventuras de Pretinha continuam, show!
Todas bem, todas leitoras ativas que sabem o bem que faz ler, todas amadas.
Falta você começar a ler, querido.

O amigo fez o teste agora pela manhã.
Mas não deu notícias.
Outro amigo com suspeita em Faro, no Pará.
Eu estou longe mas bem perto, de coração.

Café da manhã, adoro pão português!, plantinhas, passarinhada fazendo a festa por aqui.
A temperatura caiu bastante e o sol está alongado.

Minha caloche, que ganhei do Jean, vai florir.

Depois do banho é a imersão na rede e nas leituras.
Porque estou vivendo esse isolamento de modo a  apreciar cada uma das atividades diárias.
Bem devagar. Sem reclamar.
Afirmo novamente, sou privilegiada.
Também sou medrosa e vou continuar apoiando as orientações de saúde.
E fazer tudo pra manter a sanidade, como ler e ouvir música.

Deixei o Calligaris pra lá.
Não consigo me concentrar, o texto é bacana mas técnico. Não é pra esse momento.

Aí recebi um texto bárbaro “Não quero viver em um mundo sem bar”, infelizmente o print não me permitiu saber o nome do autor, e aí vão o primeiro e o último trecho.

“Eu não quero viver em um mundo sem bar. Não sei qual vai ser o novo normal depois do fim da quarentena mas, definitivamente, não quero viver em um mundo sem bar.
….
O bar é a nossa maior invenção. É a nossa alma coletiva. Nosso colo de mãe. Bares funcionam como postos de abastecimento de humanidade.
….
Quando tudo isso passar vou sair de casa e ir direto pra um balcão. Quem puder que me siga.”

É uma bela reflexão.
Me deu muitas saudades de tantos encontros.
E também da minha mesa 11, na solidão da leitura, degustando uma gelada.
Ahhhhhh, vai passar, sim.
Eu também não quero viver num mundo sem bar.

Do querido advogado e mantenedor da minha biblioteca virtual, por email, dois livros de um novo autor, Enrique Villa-Matas, sugestão da poeta.

Do amigo do La Salle, a notícia sobre a humanização das filas, nas agências da Caixa Federal em Botucatu.
Nosso prefeito Pardini e sua equipe, ahhhhhh, orgulho dimaaaaiiiissss.
Toldo e cadeiras pra essa multidão de invisíveis que ainda esperam pelo auxílio”emergencial”, com sua burocracia, atraso e falta de estrutura no planejamento pelo desgoverno.

A querida dentista me enviou um texto da Martha Medeiros sobre a segunda juventude.
Um trecho…”Agora ninguém mais lhe ataca, só o tempo – em vez de brigar com ele, alie-se a ele, tome o tempo todo para si.”.
Exatamente.
“Na primeira juventude tudo vai acontecer. Na segunda está acontecendo.”
Né?

Fiz lasanha de abobrinha.
Muito queijo e molho de carne.

Foram tantas informações e conversas na manhã que acabei sem ler os jornais, o objetivo inicial.

Fiz a besteira de ligar a tv.

Notícia triste.
Morreu Ciro Pessoa, um dos fundadores dos Titãs. Também com comorbidades, acabou sendo contaminado com o Corona vírus.
Ficam as palavras e tudo mais se vai.

“…Sonífera ilha
Descansa meus olhos
Sossega minha boca
Me enche de luz…”

Notícias assombrosas.

O tal Dante/rock/drogas/aborto/satanismo, aquele lixo, foi reconduzido a Funarte pelas mãos do não menos lixo ministro do Turismo, pasmem!, do tu-ris-mo!!!!
A secretária especial de cultura, dona Regina, nem foi informada.

Um tal Renan e uma tal Marluce, (senti até o fedor de enxofre)
(almas sebosas)
vociferando e amaldiçoando os profissionais de saúde.
Perceberam que vão ser criminalizados e correram pro chiqueirinho – onde todas as manhãs o eleito humilha agressiva e verbalmente a imprensa.
Pareciam dois pecadores aguardando bençãos.
Tiveram a graça pelas palavras do insano: teve corpo de delito? Não? Então não vai dar nada.

A insolência frente a justiça de um lixo que se acha Deus.

Se você que me lê  votou nele, o elegeu e ainda o apóia, por favor, não me leia mais, me bloqueie, não me telefone, nem me mande zap, carta ou telegrama. Me esqueça, por favor. É certo que nem vou me importar.

Geeeennteeeennnn, que pooooorraaaaaaa é essa?
Como é que pode tudo isso?
Não reconheço nem o pior do Brasil que eu já tenha vivido.
Não reconheço esse país que o lixo  governa.

Em duas reportagens meu bom astral, de alienada em berço explendido, se esvaiu em estupor.

E nem sei nada dos números tristes, ainda.
Sei que continuam aumentando dia após dia.

Mas a pandemia não importa.
O barato é criar crises e fazer a vítima ofendida.

E nem tinha visto o lixo mandar jornalistas calarem a boca.

O medo da transparência colocou o eleito no modo desespero.
Enquanto inquilino do Planalto, ele deveria servir ao povo brasileiro, que enfrenta a pandemia, sem estrutura de saúde, sem recursos pessoais, desvalidos.

Mas não.
Despreparado e arrogante, sabe que seu pouco apoio é frágil perante a força constitucional.
Quer ganhar no grito um respeito que só a manada de 30% ainda tem.

Mau exemplo.
Intolerante.

Seja de Maiakóvski ou de Eduardo Alves da Costa, cabem aqui esses versos…

“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”

Podemos sim!

Resistiremos, siiiiiiimmm!

E, como disse ontem, não vou me calar.

Seguimos.