E os amigos me presentearam com fotos da lua cheia gigante, ontem.
Ahhhhhh, queridos!
Me recolhi muito cedo, 6 da tarde.
Tenho problemas de adaptação ao frio e, então, nos primeiros dias, enclausuro.

E a noite foi bem gostosa pra dormir. E acordar é sempre muito bom.

Ouvir o jornal me deixa muito feliz.
Porque escuto o Haroldo comentar as manchetes, ponderando que não interessam partidos, interessa o trabalho que está sendo feito. Não interessam as “crises” provocadas pela insustentabilidade desse desgoverno. Interessa a batalha contra a pandemia.

O que importa são as vidas dos brasileiros que, diferente dos eleitos e indicados que habitam palácios, são os desvalidos que só podem contar com o SUS pra tentar sobreviver. Quando conseguem ter um atendimento.
Aumentaram muito as mortes em residência.
Infelizmente isso não está na agenda de cabo-de-guerra daquele que ainda não entendeu qual é o seu papel. E nem vai entender, não tem educação pra isso e não enxerga além do próprio umbigo. Triste Brasil.

Depois de comer fui terminar o café no banco amarelo, sob o solzinho, no quintal.

Minha amoreira está carregada. São flores, frutas verdes e algumas já maduras.
O pé que chegou mudinha, que ganhei do Fabinho e veio do quintal da casa de sua família.

Fábio era um pouco mais velho que eu. Sou contemporânea de sua irmã, Cláudia.
Não fomos da mesma turma. Ele foi estudar fora e nos aproximamos quando ele voltou pra Botucatu, numa das vezes. Eu já casada.
Depois ele foi pra São Paulo e nós pra Rondônia.
Novamente voltamos pra cá. E mais uma vez, e até o fim, ficamos perto um do outro.

Uma amizade gostosa e sincera, de frequentar e encontrar sempre.
Sobreviveu ao meu primeiro casamento e ao segundo relacionamento.
Estivemos juntos nos casamentos do meu filho, viajamos juntos, e, com a Neu, formamos um trio por anos.

Fabinho fez a passagem há quase cinco anos. Ficaram as fotos, a amoreira. Ficaram os lindos olhos azuis dele, sua gargalhada, sua atenção e educação incríveis, seu carinho e tudo de bom que tivemos juntos.

Sinto saudades.
E a amoreira floriu, antecipada, no dia da morte da Neu.
Te amo amigo!

Leitura sob o ededrom pra alegrar a mente e esquentar a manhã.

Meu amigo Mário Soares foi entrevistado sobre a audiência pública que acontecerá dia 12 sobre a definição do perímetro em Botucatu.
Representando a Associação dos Engenheiros.
Mário, o primeiro amigo a me dar um livro de presente, Quo Vadis, provavelmente escolhido por dona Mariazinha. Afinal éramos crianças de um tempo em que crianças não escolhiam.
E também foi ele que conseguiu reunir nossa turma do colegial do La Salle, delícias do viver, e é ele quem apaga os pequenos incêndios que acontecem, as vezes, no grupo do zap.
Querido amigo, sou muito fã!

Cuidei das plantas, tomei banho e, com coisas pra resolver no centro, fui pro ponto de ônibus.

A rua Amando fervendo de pessoas.
Nos dois quarteirões, do Bosque e do Itaú, filas imensas, inclusive na farmácia.
Filas com famílias, pasme!,  todos de máscara.
Até discussões sobre prioridades eu presenciei.
Fiquei envergonhada ao perceber, mais uma vez, o egoísmo, falta de educação e o negacionismo.

Inclusive na volta, na São Benedito, tinha um cidadão proferindo a palavra da Bíblia misturada a sua crença no eleito e, portanto, na salvação incondicional. Falava alto, de braços abertos. Me incomodei e saí de perto.

Democracia é isso.

Escolha é querer chegar em casa e mergulhar no meu universo particular.

Torta de bacalhau, ainda da amiga querida. Deliciosa.

O jornal da hora do almoço.

Ouvi o governador João Dória falando na desolação total em nosso estado.
Prolongou a quarentena até 31 de maio.
Com o isolamento social em queda, a rede pública em colapso, o número de óbitos diários é assustador.
Pará, Maranhão e Ceará já em lockdown. Parece que caminhamos para isso também.

Estamos num momento extremamente dolorido, com quase 10 mil famílias brasileiras que  não puderam viver o luto por seus queridos.

A OMS deixou subentendido que o governo brasileiro não fez nenhum pedido de apoio logístico, de orientação ou mesmo de material e equipamento pra conter a pandemia no país.
O pandemônio do negacionismo.
A negação da autoridade mundial.

Ao mesmo tempo, viver em Botucatu, mesmo com tantas pessoas inconsequentes, é um privilégio pelas boas práticas da administração municipal.
Mesmo assim, a saúde pública corre risco de não suportar um aumento de casos se as pessoas insistirem em flanar por aí, em grupo e a toa.

Não posso deixar pra trás a  (quase) entrevista da secretária especial de cultura, dona Regina Duarte, na CNN.
A pessoa teve chilique quando questionada sobre sua não atuação, sobre seu silêncio com relação a tantas mortes recentes de artistas importantes no nosso cenário cultural.
Ela mostrou definitivamente a que não veio, mostrou o que é ser mais um nada, jogada pro fundo do palco onde só pode brilhar o lixo eleito.
Vergonhoso. Mico total.

A advocacia geral da união cancelou as multas por desmatamento no que restou da mata atlântica.
Mais um desrespeito a constituição flagrante.

Até onde vai tudo isso?

Fico mexida com as notícias desse Brasil que age pelas sombras, se aproveitando da pandemia pra deitar e rolar contra a lei e a favor de interesses outros.
Porque os caras que estão se dando ao respeito, enquanto eleitos, estão correndo atrás pra manter a vida das pessoas.

Fica a pergunta.
Quando esses latões de lixo forem despejados de Brasília, eles ainda vão morar aqui, no país que estão destruindo?

Ahhhhhh…. cansei.

Porque não quero deixar a raiva dominar minha escrita.

Procuro na literatura um refúgio.

“Sou uma conferência ou um romance?
Sou o que sou ou o que os outros veem em mim?

Por outro lado, creio que tenho direito de poder enxergar-me diferente de como me vêem os demais, me enxergar como der na veneta e que não me obriguem a ser essa pessoa que os outros decidiram que eu sou. Somos como os outros nos vêem, concordo. Eu, porém, resisto a aceitar tamanha injustiça.”
Trecho de Paris não tem fim, de Enrique Villa-Matas.

Final de tarde.
O encanador resolveu sifão da pia e a mangueira da máquina de lavar.

Fritada de espinafre com bastante queijo pra fortalecer o corpo.

Números tristíssimos lá fora.

Se puder, fique em casa.
Respeite os que estão lá fora por nós.
Seja bacana, seja cidadão.
Se tiver que sair, use máscara.
Tenha amor ao próximo e ao distante.

Resistiremos, siiiiiiimmm!

Seguimos.