Sábado, 147.
Passei a manhã na cozinha.
Geléia de amoras, bolo de carne.
Muita alegria, energia e paz.
Com os amigos foi muito bom.
A melhor da semana foi a retaliação contra a falta de educação do Romero Brito. E foi pouco.
Terminei o sábado escutando Rita Lee no Altas Horas.

Domingo, 148.

Me enredei com Cartas Lacradas durante todo o domingo.
A chuva fez brilhar as cores do quintal e liberou o ar pros pulmões ressecados.
Foi um domingo perfeito.
Segunda-feira.
Dia 149.

Choveu a noite toda.
Que alegria!

E tem que chover muito mais, em outras regiões inclusive.
O Brasil perdendo seu patrimônio natural com as queimadas, muito triste.

As notícias na tv e no rádio me tiraram o apetite.

Por aqui, o governador João Dória querendo penalizar os servidores públicos pela falta de arrecadação.

Não se ouve falar em redução de cargos comissionados, de salários de secretários, em redução da frota oficial.
Não, não.
Quem o governo acha que deve pagar são os que tem descontos todos os meses para bancar a máquina pública.
Vergonhoso.

Segundo a Comissão  Consultiva Mista do Iamspe, um dos que está pra ser extinto, ” o que nos chama a atenção é que, se o governo se empenhasse em receber impostos de grandes devedores e ou se as  isenções fiscais fossem suspensas, teríamos recursos suficientes para suprir a queda de arrecadação…”
O Iamspe é o convênio médico que se paga desde a pose como servidor.
Eu pago há 27 anos.
E comecei a desfrutar do convênio mais de 10 anos depois, quando o HC trouxe o Iamspe pra cá. O secretário de Saúde era um tal Barata.
Hoje em dia são mínimas as especialidades que atendem.
A gestão é péssima e fraudulenta desde os tempos do Milton Flávio.

Apenas em 2017 foram mais de 10 bilhões em renúncias fiscais.
Que vergonha!
Os governos sucessivos do mesmo partido, as denúncias incessantes de desvios e de caixa 2, e sempre a culpa é do funcionalismo.

Também está no projeto do Dondória o fim da CDHU, afinal pra que né? Casas populares pra quem elegeu essa canalhada não são importantes.

Ora, se tem muitos corruptos entre os dirigentes, que tal escolher perfis técnicos e não políticos?
Esse é um câncer que os desgovernos em geral não querem extirpar. Querem caciques eleitorais.

E a Sucem?
Pra que controlar endemias né?

E tem mais na mira.
Só não tem tiro pra acabar com os que mamam gostoso nas tetas do Estado.

Agenda 1999.

Frases pontuais.
” Só os profetas enxergam o óbvio.”, Nelson Rodrigues.
” No Brasil, só o óbvio produz revoluções.”, Arnaldo Jabor.
No jornal da Globo de 24/05, o secretário da receita federal disse: “Há sonegação e, se há, vamos acabar com ela.”
É fato que, se fossem pagos (os impostos) por quem tem mais, e o dinheiro fosse usado de forma diferente, seria um Brasil decente, eu escrevi.
1999 e nada mudou. Nada.

Depois da indignação pelos desgovernates, uma indignação sem saída, onde só podemos protestar…
Como eleitora, tenho perdido eleições há muito tempo.

E tem a Sara Winter, fazendo pressão contra o aborto de criança estrupada.
Na nova edição da Piauí, estão as provas da hipocrisia dessa ….

E tem a violência da PM em muitos Estados do Brasil.
Ahhhhhh…

Tá puxado!

Filtros nas janelas.

Decidi que teria um dia bom.

Me conforto no quintal, onde a vida brilha feliz e úmida.
Hoje é aniversário do querido amigo Moritz.
Ele morou aqui em Botucatu nos anos 1990 e fez muitos amigos.
Um alemão que se tornou um pouco brasileiro, através da música e das belezas de nossa cidade.
Também aprendeu sobre a saudade e a liberdade que é chorar quando nos emocionamos.
Deu aulas de alemão, apaixonou-se e cantou muito.
Inventou um instrumento, o “Caju”, e fez apresentações em vários bares de então.
Chegou a gravar um CD de MPB.
Moritz querido, saudades de você!
Feliz aniversário!

Não achei no YouTube mas adorava ouvir você cantar essa…

Vou me enredar nas Cartas Lacradas pra viajar na manhã chuvosa.
Estou apaixonada pelo texto, muito envolvida em tanta história e emoções familiares.
Lindo lindo lindo.
Merluza com molho de camarão, porque é segunda-feira e eu mereço.
O velho e bom truque de reaproveitar o que é mais caro de várias formas.
Ficou muito bom.

Dois poetas portugueses e um texto da Clarice falando de chuva…

“… Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…”
Fernando Pessoa

“Mistério
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!”
Florbela Espanca

“Apenas isso: chove e estou vendo a chuva. Que simplicidade. Nunca pensei que o mundo e eu chegássemos a esse ponto de trigo. A chuva cai não porque está precisando de mim, e eu olho a chuva não porque preciso dela. Mas nós estamos tão juntas como a água da chuva está ligada à chuva. E eu não estou agradecendo nada. Não tivesse eu, logo depois de nascer, tomado involuntária e forçosamente o caminho que tomei – e teria sido sempre o que realmente estou sendo: uma camponesa que está num campo onde chove.”
Clarice Lispector

Leitura, reflexões, comida e poesia.
Planos de viagens, de encontros e comemorações pela vida.
Gratidão pela vida conquistada.

Para reflexão, três boas frases.

Conhece-te a ti mesmo.
Platão.
Sê tal como aprendeste a conhecer-te.
Píndaro.
Torna-te o que és.
Goethe.

E resistir, sempre!

Seguimos.