Perdi hora, se é possível ter hora marcada pra acordar.
O que tenho é hábito.
Deixei a chave do portão com os pintores, relaxei. Quarto fechado, escurinho, uma delícia.
E segue a transformação.
Sete anos depois, as paredes e grades estão ficando lindas.
Mesmo sem cheiro, a tinta está me dando tosse e secura nos olhos.
Mas vai passar.
Café da manhã com os faz tudo.
Sempre uma prosa engraçada.
O Adriano eu conheço desde que vim morar aqui. Zenaldo e Lucas são da equipe.
Bons dias bons.
No calendário da PL hoje, dia 11, é dia de honrar os antepassados.
E como não honrar, homenagear e agradecer?
Nossa cepa, nossa base, a família é o bem maior.
Mamãe já me ligou duas vezes em uma hora.
Está muito animada e feliz.
Isso me move.
Retornos de Clarice.
“Em uma das vezes que estive em Lisboa fui visitar a casa (museu) de Fernando Pessoa.
Estava com uma exposição de Clarice Lispector.
O que mais me chamou a atenção foi uma foto dela dando uma entrevista e seu cachorro fumando
Nunca esqueci.”
Sandra Peduti
“Wowww de arrepiar a coluna hoje.”
Cris Clementino.
“Linda homenagem pra Clarice e Cássia!” Denise Cesário.
“Muito legal amiga! Isadora 20, Cassia 58 e Clarice 100, grandes mulheres…muito legal o video da filha da Isabel.”
Silvia Avelar.
“Já que sou, o jeito é ser.”, disse o Alcir, citando Clarice.
Jorge Ribeiro amigo poeta e educador, publicou no Facebook essa beleza:
Textinho pensando em Clarice:
“Retornos
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. (Clarice Lispector)
Despertou com mania de ressurreição. Pensou que era Cristo e para as coisas disse levanta-te e anda. Correu à estante, ressuscitou Clarice Lispector e a escritora que fazia cem anos levantou-se, andou e sorriu. Todas as suas palavras se reanimaram e andaram acordadas pelo sopro de vida que ela mesma já havia ensinado.
Prosa e poesia alongaram-se na sala e nos quartos.
O poeta então bebeu todas as letras e passou o dia fingindo que era Deus.”

Silvia Machado me contou que hoje seria aniversário do Noel Rosa, gênio musical do século XX.
Nascido em 1910, morreu em 1937, jovenzinho ainda.
Deixou uma obra vasta e muito conhecida, patrimônio popular.
Foi gravado por muitos intérpretes como Caetano e Gil, e Zeca Pagodinho e Ney Matogrosso.
Salve Noel Rosa!

https://youtu.be/JAxCD90–AU

Esse final de semana a coluna Constelação completa 40 anos de sua primeira publicação.
Sempre aos sábados, no jornal de Botucatu, saía na última página.
Na total falta de modéstia dos meus 20 anos, batizei assim pois o objetivo era falar das estrelas da cidade, ou seja, falar de nós.

Eu estudava na Fundação, em Bauru.
No jornal era revisora, secretaria, datilografa, telefonista, tudo.
Diego era um menininho de pouco mais de um ano. Morávamos com a mamãe e meus irmãos.
Nas sextas-feiras, no madrugar de sábado, eu e amigos saíamos do Sheik e íamos pra redação, na Quintino, ajudar o seo Fortes ( ahhhh, queridão! Quantas saudades do seu carinho!) a dobrar o jornal.
Era uma delícia.
Tive a honra de conhecer Didi Chiarelli, feminista empoderada.
Didi me fez duras críticas, que tinham total sentido.
Eu estava brincando de coluna anti-social, visto que só falava de pessoas fora do radar da elite.
Eu poderia ser mais séria e mais atenta ao que realmente importava.
Hoje reconheço o bem que ela me fez, plantando a semente da observação crítica em mim.
Gratidão!
Zenon Lotufo e o seu Professor Serra, ahhhhhhh… Genial contador de histórias!
Arquiteto, escritor, Zenon era daquelas pessoas que faz da prosa um prazer que não queremos que termine.
Saudades!
Trabalhei com Ariosto, na linotipo, Dalvo, na limpeza de tipos, seo Nicoletti, na venda de anúncios, seo Nelson de Souza, o gerente casmurro, seo Fortes, o homem gentil que fez carreira desde o Jornal Diocesano, passou pelo Correio de Botucatu e chegou pra iluminar a redação com seu sorriso e boa energia.
Assis Nepomuceno se juntou a equipe durante aquele ano de 1981.

E foi no jornal de Botucatu que conheci Haroldo Amaral.
Nesses 40 anos meu amor e respeito por ele só faz crescer.
E essa oportunidade de escrever sobre o que eu quiser, quando e quanto eu quiser, é muito luxo.
Te amo amigo lindo!
Porque não, nada do que eu aprendia na faculdade de jornalismo podia ser aplicado na redação.
Lembro bem que montei uma pesquisa de preços de alimentos. Amigos saíram a campo.
Publicamos.
E os anunciantes ficaram putos.
Armando censurou.
Acabou a pesquisa.
Que era de utilidade pública, mas os podres poderes….sempre nefastos.
Escrevi a palavra tesão na coluna e o arcebispo Dom Zione ligou pro patrão, que me censurou.
Veja bem…

https://youtu.be/r1wB5IQPRwo

Minha vida era de mãe, de filha, de irmã, de trabalhadora, de aluna, de mulher, de amigos.
Tudo dividido entre o centro de Botucatu, a vila Falcão, onde ficava a Fundação, e as noites de Bauru, no Armazém, e em Botucatu, Sheik e Mocó.
Um redemoinho intenso, lindo e inflamável.

Nessa época conheci mulheres que amo e respeito e estão até hoje por perto e dentro do meu coração.
Silvia Machado, Nora Jeane, Laura Modena.
Queridas!

https://youtu.be/7P6X3IWLECY

” Tudo passa, tudo passará, mas naquele instante que ficou tenho certeza que foi muito, ou tudo. O sonho está começando agora e, debaixo dessa chuva, nessa madrugada, a nossa homenagem John, é como um assobio profundo em busca da tua voz, para sempre dentro dos nossos labirintos mentais. Nossos sentidos se encontram chocados, nossas vozes buscam a outra voz, let it be, let it be. Foi-se embora uma das maiores cabeças que já pintaram, mas o show disvirtuado da vida, assim como esse sonho que todos temos dentro do peito, tudo vai continuar a voar, a voar.”
(Fico pensando…eu era revisora?
Um texto de uma mulher de 20 anos que achava que sabia escrever.
Sabia?
Sei?
Autocrítica sempre.)
” Segunda-feira passada, dia 8, tivemos a oportunidade de assistir a espetacular apresentação do Ballet Stagium, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, com a participação belíssima do nosso amigo Carlos Alberto Gardin. O espetáculo foi um visual fascinante de leveza, agilidade, cor e brilho. Coisa linda mesmo. Agora é aguardar 81 pois ele estará de volta a Botucatu no comando da Academia de Ballet Pérola Negra, prometendo muitas melhoras. Aquela força, estamos contigo.”
(Fernando Amando começou a coluna comigo. Foram 6 edições e não rolou mais.
Dois capricornianos do chifre torto. E juntos estamos até hoje, amigos que somos.)

O espetáculo a que o Fer se referiu fazia uma crítica a rede Globo, já em 1980! , e fez muito sucesso.
“Esta era a roupa da crítica ao fantástico.
Mas criticavámos a alienação que a televisão provocava ditando padrões de comportamento social, no agir , vestir, etc… copiamos a abertura da novela locomotivas, eu ficava penteando, maquiando e vestindo uma bailarina que representava ser uma modelo de costas e no final ela se virava e desfilava toda montada. tinha o jornal nacional, e outros programas que não me lembro…”, o Gar me escreveu hoje.
Ele tem uma memória vasta, como seus múltiplos talentos.

Essa manhã de viagem no tempo foi deliciosa.

Teve Constelação no Amazonas, direto de Humaitá, onde fiz Projeto Rondon.
Silvinha me substituiu durante 40 dias na secretaria e revisão do JB.
Teve Constelação nas Águas Claras, direto do festival de Iacanga.
Quando o Armando colocou o jornal a venda, no começo de 1982, o Assis quis comprar.
Seo João, pai dele, tinha morrido e ele tinha o dinheiro pra investir.
O patrão preferiu vender pro Sídraco Menegon, o que transformou um jornal com ótimos articulistas – devo citar Jenifer Donida que começava a poetar – num jornal de proclamas e a avisos de licitação.
Eu já havia me demitido em protesto pela não venda ao Assis.
Arrumei minha mochila, deixei o Diego com a mamãe e parti pra uma aventura de 60 dias. Fui daqui ao Norte/Nordeste de trem, ônibus, carona e a pé.
Voltei de avião, intimada por meu pai.
O que é uma outra história.
Chegando em e e depois do carnaval, comecei a trabalhar na editora A Montanha, do Francisco Marins.
E aí vi o que tinha virado o JB. Triste.
Essa da Rita é em homenagem as noites de paixão no Armazém e no Mocó.

Arroz, feijão preto com linguiça, couve refogada no bacon.
Faminta de tantas emoções memoriais.
Delícias do viver.
Banho e partiu pinacoteca.
Na esquina da Amando, vencedores de Fartura e frutas do Paraná.
A tenda de inutilidades domésticas sendo montada no Bosque.
Picolé de coco no Antônio.
Na casa da família Chamma, a cuidadora me diz que dona Celina está indo bem após dois episódios de uti.
E que Adriana vem nós finais de semana, chega amanhã.
“…O tempo não para, não para não…”

Nos encontramos na Pinacoteca Fórum das Artes para vermos a exposição Encontros Luso Afro Brasil.
Com curadoria do Emanuel Araújo, a exposição prova que o preconceito é uma grande perda de tempo e energia.
Rodeada por peças explêndidas de arte, artesanato, adereços, jóias e literatura, de vários países e tribos africanas, autores e artistas portugueses e afro lusitanos, brasileiros e especialmente mineiros, me senti maravilhada.
Ainda bem que temos por aqui uma secretaria de cultura que merece o nome que tem, ao contrário das instituições federais que estão escondendo nossa cultura nós porões, favorecendo interesses duvidosos de alinhamento cultural com a mediocridade e retrocesso.
Encontramos dona Maria Amélia Blasi de Toledo Pizza, multi talentosa das artes.
Tomando notas peça por peça, nos reconheceu.
Foi um prazer.

Que dia delicioso, de memórias e emoções.
A energia está vibrante e me sinto muito bem.
Bom final de semana!
Para reflexão.
“O Destino tem a mesma lei para todos: tira à sorte entre o humilde e o grande; a sua urna é vasta e contém todos os nomes.” Horácio.
Resistir sempre!
Seguimos.