Acordei três da manhã porque dormi muito cedo.
Madrugada fria. Acordei famélica, comi feijoada. Foi bom.
Assisti séries até amanhecer. Dormi.

Levantei tarde.
Café da manhã e banho.

Ouvindo o baú do Fofat me peguei dançando.
É um velho hábito agora novo pois se intensificou na quarentena.

Fui visitar a mamãe.

Esperando o ônibus encontrei uma colega do HC. Absolutamente dona de si, tomou uma decisão e foi. Está morando perto da minha casa.

Quando o nosso ser grita, não dá pra segurar.
Sob pena de ir murchando até acabar.
Encontrei a mamãe bem mais tranquila e disposta. O que me deixou bem, pois estava, de fato, preocupada.
Toda a atenção, carinho e cuidado que eu puder, sempre.
Com meus filhos fora, minhas netas com suas mães, a minha mãe é o meu tesouro precioso e só ela.
Bacana foi ver minha sobrinha Natália, sempre tão carinhosa, passar por lá. Tinha ganho bolo e hoje ganhou um reforço pro almoço.
Carinho e atenção nunca são demais.
Fui esperar o ônibus cantando A Rosa, do Pixinguinha, que ouvi minha avó Lydia assoviar a vida toda.

Em casa, com muito frio, fiz as rotinas.
Sempre pensando em como devemos aproveitar cada momento que pudermos perto de quem amamos.

Como bem disse minha querida Lica Krug, quem diria que a vida poderia ser tão rica com tão pouco?

Pois é.
A pandemia, as restrições, o isolamento, vieram pra nos fazer observar mais e atentar pro que realmente importa.
Depois de almoçar um Strogonoff bem picante e quente, ao ligar a tv dei de cara com os monstruosos números tristes.
Mais de 350 mil infectados e quase, ou mais, 23 mil mortos.
Enquanto o PanDemônio passeia, abraça, faz selfie e distribuí insamente perdigotos por Brasília.
Confesso que tenho vontade de chorar.
E tenho muito medo dos rumos políticos que estão tomando forma no Brasil.

“… acreditei advertir em sua mais ampla dimensão o poder das palavras escritas, e isso me levou, por um intrincado atalho, a intuir a importância delas como meio de adquirir certa distância do que chamavam realidade, que era algo – como sempre foi para tantas e tantas pessoas jovens – muito decepcionante. Acreditei advertir de repente, essa necessidade que tinha das palavras e também de que elas pudessem ser úteis para me distanciar do mundo real.”, Enrique Villa-Matas em Paris não tem fim.

“Eu sei do que eu gosto e eu gosto do que eu sei…”

Fugi pras séries enquanto o sol, bem tímido, esquentava meu corpo através da janela, aqui na cama.

Em São Paulo e em Campinas, só receitas boas.
Na Irlanda e em Portugal faz Sol.

Por aqui o frio me oprime.
67 dias sem nadar, 2 sem caminhar, mais de 60 sem abraçar e beijar e estar junto com.
O que estou precisando é de uma boa dose de endorfina e serotonina.

Mas tenho esperança, vai passar.

Para reflexão.
“Nada que vemos ou ouvimos é perfeito. Mas é justo na imperfeição que reside a realidade perfeita. Aprecie seus problemas.”
Suzuki Roshi.

Resitirei.
Resistiremos.

Seguimos.