Acordei cedinho, com sede e frio.
Céu azul e planos pra aquecer o corpo e a alma, um tantinho atormentada por questões, as quais não tenho controle, só posso fazer o que está ao meu alcance.

Lucas me ligou e tivemos uma conversa importante, dolorida, mas esclarecedora.
Foi bom e fortalecedor.
Há que se ter mais cuidado e empatia, sim.
Me perdoe, querido.

Falei com a mamãe e gargalhamos.
Cada dia uma surpresa com a Pretinha.
Com Fernando, papos, recordações e ironias.

Higiene e café da manhã.
Fui caminhar.
Duas rampas bem longas pra expurgar.

(Porque a real é que não, não era um amigo. Um companheiro de aventuras, sim. Me amava? Me respeitava? Não. Então, daqui pra frente, ficará no esquecimento que o tempo trará e as feridas cicatrizarão em paz.)Em casa, as rotinas do bem viver.
Especialmente as plantas, só frutos e flores que são luz dos meus olhos.

Suco de goiaba e kiwi.

Fiquei ouvindo Milles, que hoje completaria 94 anos!, refletindo sobre várias intimidades.
Não me faltam questões.
Que tem que ser pensadas.

Banho pelando.
E tá bom.

Preparei uma receita nova, bolinho de feijoada.
Aproveitei que tinha os maravilhosos risolis de queijo da Dani e decidi por um almoço de frituras. O que é muito raro e, por isso, me permiti.
Ficou muito bom, recomendo.
Alimentação sustentável, sempre.

Hilda ligou.
Boas notícias.
Que recebi dela porque, parece, estou apartada de quem poderia me comunicar.
Tudo bem. Cada um com seu cada qual.

Terça-feira de questões.
E o céu está azul exuberante.

“Depende de quem passa que eu seja tumba ou tesouro.”
Paul Valéry

Esquentei no sol da janela lateral.
O bodinho da tarde tãotão necessário.
Parece que o pico de contaminação não vai passar nunca.
As pessoas parecem ter perdido o medo e não respeitam o isolamento social.
E São Paulo segue sendo o estado mais atingido, no interior, litoral e capital.
A partir de 1 de junho uma nova quarentena em nosso Estado.

Polícia política.
O eleito manipulando os cordões através da PF.
Todos são inimigos, todos querem seu lugar.
O que vai sobrar do país pra ser governado?

O facismo caminha a passos largos.

O Brasil, segundo no planeta em números tristes, registra quase 380 mil contaminados e mais de 28 mil mortos.

No Rio de Janeiro, fraudes e corrupção. A tal “Iabas” na mira, por ingerência. Governador, esposa e secretários sob investigação.
Sérgio Cabral fez escola.
Pessoas morrendo, passando fome, pooooorraaaaaaa!
Que patifaria, vergonhoso!

Perseguição política ou não, há que se investigar as denúncias até o final.

O eleito quer investigar fraudes na saúde mas não se dá ao trabalho de participar de ações contra a pandemia, se isolou mundialmente não aceitando orientações da OMS.

Sem nenhum escrúpulo, ética ou noção, foi visitar o procurador geral da República. Em pleno momento de decisão sobre o inquérito das denúncias contra ele.
Truque.

Uma mente tão tortuosa, torpe, insana.

Rodrigo Maia  falou para as famílias dos mortos, para os doentes e para os profissionais de saúde.
Falou sobre a preservação da democracia e defendeu imprensa e independência entre os poderes.
Fez um discurso forte.
Por favor, sem entrar no mérito da carreira pública dele. Eu conheço.
O presidente da Câmara fez uma fala importante pra esse momento do país.
O presidente do Senado, calado.

Eu estou com medo.
Não sei você.

E deu pra mim.
Há um ano atrás meus desafios eram muito diferentes.

Notícias tristes e acontecimentos terríveis, o medo do que virá, ausências e falta de contato físico, o isolamento social e afetivo, o novo normal nas relações, no jeito de sair a rua, máscaras e distanciamento…

Agora, o desafio mais importante é manter o equilíbrio diante dessa alternância de sentimentos, sensações, pensamentos e reflexões, dia após dia.

E caminhar, caminhar, pra arejar o cérebro.
E ler, ler muito, pra arejar mais ainda.
E conversar, escrever, pintar, cozinhar, plantar e colher.

Tecer, com pontos bem apertados, a rede de afetos que dá fortaleza e esperança.

“Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em cousa nenhuma,
Para nem me sentir viver,
Para só saber de mim nos olhos dos outros, reflectido.”
Alberto Caieiro

Resistiremos.

Seguimos.