Acordei muito descansada.
Dormi bem, uns tantos quilos de recortes e agendas mais leve.
O desapego sempre faz bem.

O céu azul, mas nem tão quente.
O café da manhã guloso.
O jornal da clube.

Também notei o aumento de pessoas pedindo, de tudo, nas ruas.
Também fiquei chocada com a surra que a médica levou no Rio de Janeiro por reclamar de uma festa.
Também concordo que os números estão cada vez mais tristes em Botucatu, e a sanha consumista da população só faz piorar.

Fui pras tarefas da mamãe, que encontrei bunita e muito animada. Ahhhhh, como me faz bem!

João me ligou: posso voltar a treinar dia 20. A notícia mais esperada da quarentena!
Laboratório, loja de calçados, banco, mercado.
Do bairro até a Floriano, uma boa caminhada eu dei.
Calor, máscara, dei sorte e não encontrei aglomerações.
De volta pra casa, música boa no rádio… Delícias de lembranças de um bom amor.

Fiquei contente.
Algum dos catadores de recicláveis levou o que descartei e não deixou bagunça.

Já passou do meio dia, fome.
Coloquei milho verde pra cozinhar. Vou fazer refogado com cheiro verde, meu jeito preferidode comer milho, e o único desejo que tive na gravidez do Diego. Desejo resolvido pelo seu Antonio Amando.
Na gravidez do Lucas também foi só um, carambola. E meu avô Ismael me trouxe um saco enorme, que comi até dar aftas na minha boca.
Lembranças queridas.

Lavar roupas, recolher roupas, as rotinas do viver.
Tudo isso é muito bom.
É sinal que dou conta da minha vida tranquilamente. E isso é saúde total.

Terminei de pintar mais um vidro.
E me arrependi por não ter comprado goiabas pra fazer compota.

Hoje não vou poder mexer no acervo.
A alergia a poeira demorou mas apareceu e eu odeio nariz entupido.

Ouvi duas boas notícias.
Nova Zelândia e Suíça já estão livres de máscaras no geral. Somente quando não for possível manter o distanciamento.
Belo exemplo dos cidadãos, parabéns!

Por aqui, América Latina, temos a situação mais complexa do planeta, segundo a OMS.
Leia-se Brasil, o epicentro da pandemia.

(Nos anos 1970, as vítimas da epidemia de meningite, e a própria epidemia, foram  escondidas da população. Foram mais de 30 mil vítimas. Era o regime militar.)

Quase 37 mil mortos, quase 700 mil infectados, Brasil!

Falta transparência do desgoverno.
Falta consciência da população.
Falta medo da doença.
Falta respeito aos profissionais de saúde.
Falta amor ao próximo e ao distante.
Falta.
Estamos numa democracia.
Só falta o desgoverno e sua equipe aceitarem isso.

Sol ardido de outono.
Almocei.

“Crônica Social

… Perfeito, perfeito, perfeito, o almoço. Poderia ser transportado na íntegra – mesa, comensais, comida, garçons – para outra casa, quiçá outro país, como se diz de obra de arte ( que não conhece fronteiras). E a consciência de que é de cada um que depende a falta de erro. Reunião é uma reunião em torno de uma gafe que não é cometida? A tensão da perfeição crescendo, a pele do tambor esticando-se. Risco excitante. Para cada um, a gafe que não é cometida. Que gafe, afinal? Eu. Cada um é a própria gafe muda. Que sob o sorriso de sonho atrai, atrai, atrai sádica, estou chegando perto, estou chegando perto, numa sorridente tortura de pesadelo. Mais um minuto, mais um instante – e – e eu acontece. Entre o conhaque e a fumaça, a perfeição esticada cada vez mais tênue. Esporte perigoso, esse.”
Clarice Lispector, crônica publicada em fevereiro de 1962 na revista Senhor.
Dormi um soninho gostoso.

Fui cuidar das plantas e vi que a amoreira está voltando as atividades.
Já teve uma carga boa. Que juntei e dei pra mamãe.
A época normal de frutar é no final de agosto.

Não existe mais normalidade no quintal. Nem no clima.
Hoje é dia mundial dos oceanos.
Que as pessoas se conscientizem cada vez mais da importância deles para o equilíbrio da vida no planeta.

Porque é a vida o que mais importa.
Em todas as suas  formas e de todas as suas cores.

Para reflexão.
“Seja gentil consigo mesmo ao prosseguir nessa jornada. Essa gentileza, por si só, é um meio de despertar a centelha do amor dentro de você e ajudar os outros a descobrir essa centelha dentro de si.”
Tsoknyi Rinpoche

Resistiremos, siiiiiiimmm!

Seguimos.