22 de abril.
Dia do Brasil.

Viajo desde muito pequena.

Com meus pais e irmãos, de fusquinha, íamos até Uberaba.
Longe, longe, muito longe.
São 450km até lá. Imaginem de fusquinha, nos anos 60’s!
Quando chegávamos no posto, em Ribeirão Preto, era uma alegria. Metade do percurso, misto quente e Coca-Cola.
Geralmente eram as férias de verão, com bisavós, avós, tios e primos, bebês ainda porque somos os mais velhos.
Tinha a fazenda, as mangueiras e tucanos.
E tinha o Natal, o clube, a casa da amiga.
Bom dimaaaaiiiissss!

E houveram os verões em Itanhaém e Monguaguá. Em família e com a família das amigas Sandra e Solange.
Castelos de areia e muitas brincadeiras.

De ônibus da Piracema, pra Anhembi, praticamente todas as semanas.
A serra sempre desbarrancava, o ônibus sempre quebrava. Mamãe trabalhava como dentista. Meu avô paterno era prefeito, tinha a olaria, a praça, sulfurosa e banho no Tietê. Pés de frutas nós quintais.
Minha bisavó, Josephina, tinha um pé de pitanga inesquecível. E eu tenho um no meu jardim pois sou apaixonada pela fruta.
Minha avó Isaura morava em Piracicaba e até hoje sinto o cheiro e o gosto do feijão e do bife empanado.

Os bisavós, avós, tios-avós e alguns tios já se foram. Mas as memórias são tattos.

Pra Uberaba e Anhembi continuei a ir até poucos anos atrás.
E fui de trem e de carro pra Minas. De carro, de jipe e de moto, pra Anhembi.

Não posso deixar de falar das idas pra São Paulo, casa da tia Marisa e tio Rubens, primeiro no apartamento da rua Pamplona, minha primeira prima Adriana ainda bebê. Depois o lindo sobrado no Brooklin
Tinha o casarão do tio Eduardo Palmério, escritor e jornalista, e da tia Santinha, de sorriso inesquecível, nas Perdizes.

Meus pais sempre foram modernos e liberais.
Na metade dos 70’s minha amiga Todi Nóbrega mudou pra São Paulo e comecei a viajar sozinha pra visitá-la. E fiz isso muitas vezes. Conheci Higienópolis e sou apaixonada pelo bairro até hoje.

Excursão pra Águas de São Pedro, quanta farra de adolescentes!
Sylvio Trevisani super paciente.

Com meus tios paternos Walter, Waldeci e Têra, amados e já no outro plano, fiz minhas duas primeiras grandes viagens pelo Brasil.

A primeira, numa Brasília amarela zero km, modernérrima pra época, fomos visitar minha tia Célia que morava em Porto Alegre.
Ana Célia era pequena, Paulo era bebê.
Saímos de Piracicaba e fomos até Curitiba. Cidade linda, meu primeiro hotel. Que delícia!
Fizemos a segunda parada em Camboriú. Era inverno, a praia vazia, um hotel em obras, muito legal.
E chegamos a Porto Alegre, meus ouvidos zumbindo do motor traseiro da Brasília.
De lá me lembro muito da comida, dos passeios, do lindo rio Guaíba.

A segunda viagem com esse trio de tios animados foi numa excursão pra Salvador.
Eu tinha 15 anos.
Fomos até Cabo Frio, depois Vila Velha, Vitória e Guarapari.
Ilhéus  (Jorge Amado eu já havia lido pois mamãe tinha a coleção), Itabuna, Feira de Santana e Salvador!
Eu até hoje não acredito que em plena praia da Barra encontrei Todi e seu irmão, Luiz Fernando, sem nenhuma combinação. O mundo é mesmo uma kitnet, Samira Saleh!
Voltamos por Minas Gerais e foi a vez de conhecer Diamantina, do JK, e Teófilo Otoni.

O bicho da viagem já tinha me pegado e, no mesmo ano, me juntei com amigos numa excursão organizada por amigos do então Ieca, e partimos pro Rio de Janeiro.
Essa viagem merece uma coluna a parte porque foram três dias que valeram por um mês.

Na adolescência foram verões com amigos em Uberaba e muitos finais de semana, também com amigos, em Anhembi.

Enquanto estudei em São Paulo, Ilha Bela foi meu point aos finais de semana. Nossa amiga Isis e sua família nos acolhiam.
Lá conheci o gato e, atualmente, escultor de fama internacional, Gilmar Pina.

Também fui pra Fortaleza, com o amigo Alexandre, ida e volta de ônibus.
Me apaixonei pelo Ceará.

Daí veio a época das grandes ranchadas no Rio Bonito.
E que época!
Amores, aventuras, muito rock’n roll e algumas boas confusões, claro.

Eu já estudava em Bauru, viajava toda noite, era mãe do Diego e trabalhava no jornal de Botucatu.

Com meu primeiro salário, era Ano Novo, estreiamos o primeiro fusca a álcool de Botucatu, do Fernando.
Com ele, Belarmino e Eduardo Augusto – que saudades sinto desses dois artistas – partimos pra Trindade, sonho de vida.
Passamos o ano na serra do Deus me livre…foi uma aventura deliciosa, com muitos pernilongos e aquele visual, o mar quente…ah, que bom ano bom tivemos.

Ir pro festival de Águas Claras foi absolutamente natural.
Depois de Bauru, o ônibus quebrou e caminhamos, com muitas outras pessoas, por 14 km. Eu e a amada e saudosa Marília Avelar.
Ela voltou no outro dia.
Eu fiquei até o dia seguinte ao final.
Voltei de moto com o Raul, uma TT125.

Fiz projeto Rondon em Humaitá.
Minha primeira viagem de avião, DC 10 da FAB. Medo!
E só até Porto Velho, depois foi busão pelas trilhas da Amazônia.
Humaitá me abriu os olhos pra um Brasil desconhecido.
Experiência intensa e muito importante na minha formação de cidadã.
Nem pelo projeto.
Pelo conhecimento de uma realidade paralela.

Em 1982 me demiti do jornal de Botucatu e fui pro Ceará de férias.
Deixei o Diego com a minha mãe.
Eu e Adriana seguimos de ônibus pra Campinas e embarcamos num trem pra Brasília.
13 vagões. Muitas pessoas interessantes.
Viajamos 18 horas. Na parada, em Uberaba, meus avós levaram pão de queijo pra nós. Lindos!
Nos juntamos a uma trupe que ia pra Alto Paraíso de Goiás, esotéricos.
Em Brasília ficamos um dia todo com essa galera, hospedadas no apartamento funcional de alguém.
Minha primeira Brasília foi de girassóis nas praças, almoço coletivo, MPB e alto astral.
Pegamos um ônibus pra Belém, mais 24 horas. E desembarcamos exatamente na hora que o jornal da tv noticiava a trágica morte da Elis Regina.
Belém foi muito bom.
Pegamos outro trem, pra Teresina. O trem quebrou no meio do nada. Areia, babaçu e canabis. Carona de caminhão.
De Teresina pra São Luiz fomos de ônibus e o Félix se juntou a nós.
Num casarão, no centro,alugamos uns ganchos de rede.
Pra Alcântara fomos de gaiola, barco lotado, medo das ondas mas valeu. O lugar é mágico.
Nos separamos do Félix e seguimos pra Fortaleza, de ônibus.
E lá ficamos até o carnaval.
Foram 40 dias, que me afastaram da Adriana mas que valeram como uma experiência forte, única, de amadurescimento.

Daí casei.
Fui a primeira vez pra Santos na lua de mel.
A melhor parte da família do primeiro marido era a sede de viajar.
E quantas foram!
Serra Negra, acampamento em Cananéia e Ubatuba, férias em Caraguá e no Guarujá…sem contar os passeios por aqui.

Moramos em Vilhena, na Rondônia, e entre idas e vindas, em férias, fomos conhecendo melhor Campo Grande, onde tenho familia, Cuiabá e Rondonópolis.
No interior da Rondônia, muitas cidades. Especialmente Pimenta Bueno, no sitio do Bahia

Me separei.
Trabalhando na hípica, muitas viagens pra leilões, comecei a ir pra São Paulo regularmente. Tenho amigos que ainda moram lá e Sampa está no meu roteiro sempre, seja como conexão mas, principalmente, pra curtir cultura e gastronomia. Adoro!

Comecei a trabalhar na Unesp e minhas primeiras férias foram, também, minha primeira vez em Floripa.
Morro da Lagoa, Praia Mole, Deborah Terra, Beco da Lua.
Pra onde voltei inúmeras vezes, de ônibus e de avião.
Fui recebida pelo André Heloy na primeira e na segunda vez, quando fui com meu filho Lucas.
Campeche.

Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, foi opção de férias algumas vezes.
Cidade linda, familia amada, parques e piscinas, cultura e música da família Espíndola.
Aí Reni e Rosinha e a linda Aquidauana, que me vieram através da amiga Silvia Dionísio.

Ubatuba com amigos.
Águas de São Pedro quando meu filho estudava lá.

E, depois, Lucas foi trabalhar em Brasília.
Foi bom dimaaaaiiiissss.
Fui com Fabinho e fizemos todos os roteiros, visitamos tudo e foi bem bacana.
Fomos pra Pirenópolis e foi encantador.
Visitei a amiga Angela que morava lá.
Voltei outras vezes sozinha pra Bsb e fui descobrindo cada vez mais beleza naquela cidade que parece tão ordenada.
O parque das Águas minerais, ahhhhhh, luxo.
Voltei a Pirenópolis, caminhei na “estrada do ouro”, mais que centenária, em busca de uma cachoeira em altitude incrível.

A vida foi mudando.
Dificuldades várias.
Compramos a casa.
Me separei novamente.

Pé na estrada, ebaaaaa.

Voltei pra Floripa com Gardin e Amilton.
Ficamos na Roseli, Campeche novamente e sempre bom.

Já em 2015 eu sabia que iria me aposentar em um ano.

Comecei o ano em grande estilo, na companhia da Todi, na Cachoeira do Bom Jesus, norte da ilha.
Na casa de Mônica Grumiche conheci Cris Clementino, queridas!

Decidi realizar o sonho das cidades históricas de Minas Gerais.
Fui de excursão. E foi ótimo.
Ficamos baseados em BH, reencontrei meu primo Carlos Ronan por telefone, passeei muito pela cidade, que tem um mercado lindo e delicioso.
A cada dia uma cidade.
A cada dia uma viagem na história do Brasil.
Congonhas era meu sonho e foi de beleza e emoções.
Os sinos tocavam quando eu estava vendo os apóstolos do Aleijadinho. Inesquecível.

Outro sonho, as cataratas do Iguaçu.
10 dias em Foz, meu primeiro Hostel.
E dias lindos, me programei, me organizei e fiz tudo a que me propus.
Estar ali, perante a tanta beleza, me fez chorar.

Voltei pra Floripa em janeiro de 2016 com Diego e minha neta Maria Clara.
Pantano do Sul, airb&b, casa linda, pé de areia.
Nossa primeira viagem os três juntos.

O Guarujá entrou novamente na minha vida pela generosidade do amigo Jorge Signoretti.
A enseada é minha paixão.
E tenho voltado regularmente, agora no Morro das Tartarugas no paraíso da querida Kelly Bartoli, graças ao amigo Nilson.

Hoje escrevi muuuuiiiitoooo.
Falei rapidamente de aventuras que merecem suas particularidades.

Meu objetivo foi homenagear o Brasil no seu dia.

Homenagear e agradecer a honra de ser brasileira, de morar nesse país continente de belezas únicas e do qual ainda conheço tão pouco.

Agradecer também aos amigos envolvidos pela recepção e companhia.

O nosso país merece muito mais do que hoje tem.
Merecem respeito, país e população.

Vivaaaaassss pro Brasil!
Vivas pro povo brasileiro.

Garra e fé.
Vai passar, todo o mal vai acabar, seja homem, seja vírus

Seguimos.