Moradores de bairros na região Sul de Botucatu estão revoltados com a mortalidade de animais selvagens atropelados na rodovia Gastão Dal Farra. Nos últimos dias, pelo menos 3 Tamanduás foram atropelados, sendo que uma fêmea estava prenha. Um abaixo assinado, em menos de 24 horas, reuniu mais de 2 mil assinaturas no site Avaaz. O documento é endereçado à Prefeitura, Sabesp e Rodovias do Tietê.
As mortes mais recentes, segundo o documento que está na Internet aconteceram nos dias 18 de agosto e 4 de setembro. Nesta quinta-feira, dia 10, novamente um Tamanduá foi atropelado. Moradores do entorno retiraram o animal morto da pista e o depositaram em frente a Prefeitura de Botucatu, como forma de protestar e chamar a atenção para o problema.
Os moradores do condomínio Laguna, Green Valley, Demétria e Escolas Aitiara e Rosa do Campo entendem que as mortes estão ocorrendo por alguns motivos: a construção da represa do Véu de Noiva, falta de manejo dos animais e a falta de sinalização indicando existência de animais da fauna regional atravessando a pista.
Na tarde de quinta-feira, 10, a concessionária instalou uma placa no local aonde os ambientalistas desenharam um tamanduá na pista como alerta para evitar acidentes.O abaixo assinado, segundo os organizadores pretende chegar aos 3 mil moradores daqueles bairros na zona rural de Botucatu.

OCUPAÇÕES

Os moradores dos bairros da região da Demétria e Laguna relatam que após o inicio das obras de construção da Represa do Véu de Noiva (que dará segurança hídrica por mais de 50 anos para Botucatu), começaram a surgir animais ocupando propriedades e sendo atropelados, especialmente Tamanduás.
“Conforme o diálogo que tivemos com biólogos especializados, os quais avaliaram as características comportamentais dessa espécie de animal assim como o impacto que tais obras acarretam, para nós se mostrou evidente que esses atropelamentos têm relação direta a obra da represa”, argumenta o texto do abaixo assinado.
Os moradores dos bairros que margeiam a rodovia Gastão Dal Farra entendem que a Prefeitura deve cobrar a Sabesp (concessionária de abastecimento gestora da obra) para que cumpra os termos estabelecidos na Licença Ambiental Prévia nº 2614, seja “de fato cumprido e que possamos, como cidadãos de direitos, acompanhar tal implementação e dialogar com os técnicos responsáveis. Não foram feitas até o agora nenhuma ação nesse sentido, principalmente no quesito sobre atropelamentos de animais, nem mesmo uma avaliação sobre as necessidades atuais de sinalização da rodovia, que já são bastante precárias em situações normais”, cita o documento.

SABESP

Lembram os signatários no abaixo assinado, que o “não cumprimento dos termos ambientais previstos no contrato de autorização para a construção da represa, poderá levar o grupo a recorrer ao Ministério Publico por conta da gravidade do caso, que caracteriza crime ambiental”.
A reportagem encaminhou à Sabesp em São Paulo pedido de informações sobre as providencias que estão sendo tomadas em relação aos termos ambientais compromissados na obra e que não estariam sendo cumpridos e provocando a morte dos animais que vivem nas florestas nas proximidades da represa do Veu de Noiva. Até o fechamento desta matéria a empresa concessionária de abastecimento e responsável pela obra não havia encaminhado um posicionamento.